sábado, 11 de dezembro de 2010

NATAL DE 2010


Algumas pessoas falam em acreditar em Jesus. Acho estranho. É como dizer: você acredita no José? No João? Na Lucia? É estranho pensar em acreditar em Deus ou em Jesus. Um é criador, outro criatura, ambos existem, claros e óbvios como o outro dia virá. Seus atributos, ou poderes que atribuímos a eles, podem variar de acordo com as nossas necessidades. Ações de cada um são realmente discutíveis mas, ambos, não se acredita ou deixa de acreditar e sim se entende. Também não se aceita. Aceitar é compatível com fé cega, não raciocinada.
Eu tinha 10 anos quando ele disse, com lágrimas nos olhos:
- Agora seremos só nos dois... só nos dois... você tem que me ajudar - depois se ajoelhou na minha frente e por muito tempo fiquei sentindo seu corpo chacoalhar com os soluços que ele tentava conter. Coloquei minha mão nos seus cabelos e fiz um carinho, depois respondi:
- Eu vou te ajudar... vou estar sempre com você.
Eu tinha 10 anos e meu pai 34. Nem tinha como saber que estava mentindo. Precisei, ou julguei precisar, viver minha vida quase o tempo todo longe dele.
Uma semana antes do Natal minha mãe perguntou o que eu queria ganhar. Fiz uma lista. Dinheiro não faltava. Embora eu não soubesse a diferença entre ter mais ou menos dinheiro. Vídeo game, mochilas, tênis, bicicleta nova, celular. Você é muito novo pra isso! Patinete a motor. Ei! Já tá abusando! Pedi muita coisa. No dia do natal ganhei tudo, na verdade, um pouco mais.
Todo ano ela gostava de acender uma vela coruscante no alto do pinheiro enfeitado. Daquelas que vai queimando e soltando faíscas coloridas. Apagava a luz e deixava que as faíscas iluminassem a sala de ilusão de alegria. Todo ano ela fazia isso e eu gostava daquela pequena explosão de cores, até mais do que os presentes. Presentes eu podia ganhar qualquer dia, natal ou não. Tinha sido assim nos outros anos. Havia uma curta oração decorada pra desencargo de consciência e depois eles davam os presentes. Durante o dia davam presentes também para os empregados do condomínio, para a faxineira. Davam presentes maravilhosos para amigos e parentes. Davam dinheiro para amigos que tinham atividades sociais em abrigos, asilos, hospitais. Dinheiro! Como fica fácil fazer caridade! Nunca vi as crianças que eram ajudadas, nem os velhinhos, nem os doentes. Nunca soube que a vida toma rumos inesperados. Nunca vi a tristeza, ou alegria, ou revolta, ou esperança dos seus olhos. Eu estava aprendendo a acreditar em Jesus, em Deus, assim como meus pais, mas sem entendê-los.
O jantar de natal foi regado a vinhos, risos e desperdícios. A vida era uma esteira colorida que rolava por paisagens límpidas e sem dor. Eles eram bons, deram o que sabiam dar.
- Agora seremos só nos dois... só nos dois...
O semáforo fechou. A manhã do dia de natal estava calma e crianças brincavam com seus novos presentes. A rua estava quase sem nenhum movimento. Os dois conversavam sobre a viagem de janeiro. Eu vi aquele menino passar pelo lado do carro e parar na janela dele. Não podia ter mais de 15 anos. O vidro estava aberto. Achei que era uma brincadeira. Que a arma era um presente de natal que o menino havia ganhado na noite anterior. A carteira... a carteira, porra! Meu pai arrancou. Ouvi o barulho e vi ele se encolher, depois olhou para trás. Eu também olhei. O menino já não estava mais lá. Ele gritou. Foi um susto. Depois ele gritou de novo quando olhou para minha mãe e correu para o hospital gritando o nome dela, mas o tiro havia entrado pelo pescoço. Foi instantâneo. Eu tinha 10 anos e não sabia o que era dor.
- Agora seremos só nos dois.
Muitos dias depois entrei no meu quarto e os presentes estavam todos lá. Acharam que eu tinha enlouquecido. Coitadinho... mas é criança ainda, vai superar! Joguei tudo pela janela.
Tive muito ódio daquele Deus, daquele Jesus que diziam ter renascido no dia que minha mãe morrera. Por quê? A dor inesperada, de surpresa, quebrando todas as barreiras de vidro onde haviam me trancado, demorou muito a ensinar. No começo, apenas gerou revolta. Era o que eles haviam aprendido também e pensavam que agiam certo. Tenho a impressão que meu pai nunca se recuperou de fato. Vendeu a casa, perdeu o emprego. Tentou outro, e outro. A riqueza se foi. A dor veio de repente e ficou por muito tempo. Por muito tempo. Por todo o tempo em que odiei Deus e Jesus. Perdurou quando tentei acreditar neles novamente. Dizia a mim mesmo que acreditava, mas a dor permanecia. Então tentei provar que era tudo besteira. Que eles eram o ópio necessário dos infelizes. A dor continuava.
- Só nos dois.
Ele tinha razão. Todas as pessoas que se beneficiaram do seu dinheiro solto, na verdade, nem sabiam quem ele era. Todos os amigos que agiam no mesmo módulo de segurança existencial que ele, fizeram de conta que tentaram ajudar, para ter respaldo em se afastar sem culpa. Em muita gente a caridade é uma vaidade. Muita gente ajuda em troca de reconhecimento, bajulação, respaldo para fugas, sem que a consciência ligue os alarmes. Que grande engano! Um dia sempre a consciência dispara os alarmes, um por um.
Terminei a faculdade e fiz todas as pós graduações possíveis. Ele esteve sempre junto. Eu não estive sempre junto com ele. Havia mentido. O ódio era um escudo para minhas vaidades. A dor era um cobertor macio onde eu escondia meu egoísmo. No fundo eu o achava um fracassado, porque todas as minhas perdas passaram por ele.
Um dia meu filho me pediu uma bicicleta e minha esposa correu para a internet fazer uma busca de melhores preços. Dinheiro não sobrava como antes. Então, de repente percebi. A compreensão caiu sobre mim como uma tempestade súbita. Ele tinha 10 anos. Faltava uma semana para o natal e ele, mesmo que não tivesse todo o dinheiro que eu aos 10 anos, vivia cercado por muros de vidro fino, assim como acontecera comigo.
Eu estava de férias aquela semana. Pegamos sua bicicleta velha e reformamos, juntos. Depois fizemos uma devassa no seu quarto e reunimos uma grande caixa de brinquedos e roupas, dele, minhas, da mãe. Chamei meu pai e fomos juntos levar a bicicleta reformada num abrigo, assim como as roupas usadas e boas dele. Eu havia entrado em contato e sabia dos horários de visitas. Meu filho ficou lá, um bom tempo brincando com outros meninos, enquanto eu, meu pai e minha esposa conversávamos com a diretora sobre uma maneira de ajudarmos mais corriqueiramente. Fizemos o mesmo no asilo e levamos alguns presentes para crianças internadas no hospital, depois brincamos com elas.
Aprender é o caminho. Todos os fatos da vida acontecem numa sucessão ideal para o nosso aprendizado. Basta olhar para dentro e veremos o espelho onde se refletem as nossas principais dificuldades do lado de fora. Basta olhar para fora e nas dificuldades repetidas vamos encontrar nossos principais medos e defeitos. Aprender é o caminho, crescer a conseqüência. Como não entender que Deus fez assim? Que força maravilhosa é essa chamada Deus, que ordenou tudo com tamanha perfeição. Causa e efeito, consciência, ação e reação, destino. Como não perceber que Jesus tentou nos ensinar isso? Acreditar, somente? Não, entender.
Na noite de natal ele ganhou a bicicleta que havia pedido. É difícil mesmo dizer não para um filho. Porém, o maior presente quem ganhou fui eu. Ele me abraçou demoradamente, depois abraçou a mãe e o avô. Foi a primeira vez que fez isso. Eu ganhava abraços e abraços dos meus pais, mas não lembro de ter dado um sem que me pedissem. Havíamos começado a quebrar as barreiras de vidro. A bicicleta não era mais importante que a nossa presença.
Meu pai diminui a luz e pediu para que fizéssemos uma oração. Fiquei envergonhado. Nem sabia mais o que era isso. O ódio havia passado e eu começava a entendê-los, mas ainda não pensava em me comunicar com eles. Não foi nem a dor, nem o que aconteceu no final da oração que completou o entendimento. Não. Aquilo foi só mais um presente, uma visita. A vela acendeu no alto da árvore e, com suas luzes coruscantes, encheu de risos e lágrimas nossa noite de natal. Acendeu sozinha. Meu pai cobriu o rosto com as mãos e chorou. Meu filho e minha esposa ficaram me olhando, tentando entender que truque eu havia feito. Eu poderia ter dito a eles que o truque foi de Deus, quando criou todas as condições necessárias dentro da vida para que entendêssemos a vida, e Ele. Que aquela era sua obra. Eu poderia ter dito que o truque foi de Jesus, nosso irmão mais velho e que há tanto tempo vem nos mostrando caminhos para entendermos o Pai. Mas não disse nada. Agora eu havia entendido que haveria tempo para ele aprender e crescer, sabendo que os presentes materiais são alegrias passageiras, mas um abraço tomado de amor é eterno. Sabendo que ele aprenderia que a dor nos visita quando resistimos em aprender, ou modificar o que ainda temos de errado. Sabendo que assim, ele realmente jamais estaria sozinho.
Meu pai me abraçou com o rosto molhado de lágrimas, e falou no meu ouvido:
- Não seremos mais só nos dois, meu filho, não seremos mais...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ASPARTAME


faz tempo que corre pela internet matérias escabrosas sobre muita coisa, uma delas, o aspartame, que está em nossa vida infinitamente mais do que imaginamos. De tanto ouvir falar mal, resolvi fazer-me de voluntário. Pode ser apenas coincidência, porém, embora eu esteja 100% sem aspartame há apenas 10 dias, estou me sentindo muito bem. E posso enumerar rápidas e importantes modificações:
1- diminuição da vontade de comer açucar;
2- diminuição das dores articulares (até uma dort no ombro está bem melhor);
3- o sono melhorou (quase não acordando durante a noite);
4- a sensação de cansaço está diminuindo a cada dia.

existem até outras mudanças, mas vou deixar passar mais um tempo pra constatar. O aspartame entra na vida da gente com aquela proposta de comer menos açúcar, depois até incorpora por comodidade. Aí se compra mais alimentos diets e lights, carregados de aspartame. É claro que seria melhor ainda conseguir ter mais alimentos orgânicos na dieta, mas, pra quem tem que se alimentar na rua quase todo dia, fica mais complicado, embora em casa eu esteja tentando deixar de lado conservantes e afins.

Passando mais um tempo vou postar mais algumas observações. Por enquanto espero comentários e experiências pessoais, além, é claro, fico curioso para saber o que diz o Dr. Romacof.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

vinho branco com macarrão

como fazia tempo que eu não postava alguma receita...

é costume geral pensar em massa com vinho tinto. Mas o vastíssimo universo dos vinhos pode estar sempre pronto a nos apresentar alguma deliciosa surpresa. A foto não ficou boa, ainda mais porque o vinho não apareceu, mas eu juro que ele estava ali. Talvez já tívessemos "experimentado" demais o sauvigon blanc, Lo Matta, chileno, que guardava em si as melhores potencialidades dessa uva blanc de blanc, originária de Bordeaux e a principal representante do Vale do Loire, mas que no Chile também se comporta muito bem, com aroma e sabor de pêssego maduro. Um sauvignon blanc costuma ser dotado de elevada acidez e combina com pratos semelhantes, como um queijo de cabra, ou um peixe com limão, por exemplo. Porém, essa sauvignon blanc chilena tinha algo de amanteigado e, depois de pouco tempo na taça, expandia para um sabor mais estruturado. Aí vem a delícia da gastronomia: deixar a mente viajar e, por estar em casa, experimentar. Então vai aí a receita que combinou muito bem com esse vinho, mas que também pode combinar bem com um rose, ou um tinto jovem (bem jovem).



Espagueti com shitaki seco.



- coloca o shitaki pra hidratar uma hora antes, depois espreme pra remover o excesso de água e corta-o em tiras (o caule é melhor cortar em fatias bem finas, por ser mais fibroso);

- Numa frigideira coloca uma colher de manteiga sem sal e 5 colheres de sopa de óleo de oliva;

- tritura num gral (se possível) um pouco de pimenta rosa, pimenta preta e sal grosso;

- frita o shitaki temperando com o tempero triturado até ficar levemente queimado nas bordas;

- antes de dar o ponto da fritura, acrescenta fatias de alho (não antes, para não ficar queimado e transferir mais aroma que sabor ao prato);

- macarrão cozido ao dente, usando a água onde foi hidratado o shitaki e temperada com uma parte dos temperos triturados. Antes de escorrer, separa um pouco da água e reserva;

- Escorre bem o macarrão, tirando todo o excesso de água e frita-o na frigideira do shitaki;

- Usa um pouco da água que cozinhou e está reservada, para dar ponto no macarrão (se ficar muito seco).



Pronto. Uma experiência diferente, se pensarmos nos pratos que costumam acompanhar esse vinho. Mas aí é que está a graça. Experimentar. Apreciar os sabores. Ser honesto pra dizer se não deu certo, mas, quando sente que deu... Ah! Saúde!!!
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

VIAGEM SANTIAGO - MENDOZA



Tem um voo da Gol que chega em Santiago perto da 01:00h. Se não houver atraso, é possível chegar no Hotel Tur Express antes das 02:00h e ter um bom sono até as 08:00h. O hotel é literalmente em cima da Estação Alameda. A entrada de elevador é na plataforma de embarque e, pela escada, é sobre a estação de metrô. Mas engana-se quem pensar que é um hotel fulero, muito pelo contrário. É simples, mas eficiente. Tudo muito novo, com janelas com isolamento acústico, um ótimo quarto e delicioso chuveiro, além de wifi, tv, frigobar. Estamos até pensando em ficar nele quando voltarmos a Santiago para ficar. As 09:00 sai um excelente busão da CATA (Royal suíte) em direção a Mendoza. Reserve as passagens com antecipação e é possível pegar as poltronas da frente no andar superior (e ainda vai ter lanchinho, café ou chá, água, sucos). A viagem é linda. Não tivemos problemas na aduana, lá no alto na ida, passamos em meia hora (na volta levou mais de 2 horas, e com nevasca).
Chegamos em Mendoza as 16:00 horas. É árvore para todo lado. No Brasil costumamos ter florestas ao redor da cidade. Na região de Mendoza, pela aridez, os arredores são desérticos (ao menos onde não há parreirais) e as florestas são dentro das cidades, alimentadas pelas infinitas canaletas que trazem água do degelo da cordilheira. Onde se vê uma floresta por lá, saiba que embaixo tem uma cidade. A área central de Mendoza é linda e organizada, com pessoas naturalmente educadas e atenciosas, daquelas que param e perguntam se precisamos de ajuda quando estamos com um mapa aberto e ar de perdidão. Cafés, bodegas de vinho com degustação, lojas, praças, parques e restaurantes. Ah! Os restaurantes! São muitos para citar, por isso vou deixar a dica do El Pátio de Jesus Maria, junto ao parque San Martin. Nem preciso falar dos vinhos. Mendoza é uma das maiores regiões produtoras de vinho do mundo (uma frase bem Argentina: el mayor del mundo). Mas é interessante estar atento às visitas nas vinícolas. A maioria precisa marcar horário e fazer a visita completa, com direito à degustação no final. Ainda não pensaram em quem já conhece vinhos e vinícolas e está mais disposto a provar os rótulos de cada uma, sem muitos conhecimentos históricos da casa e como se faz um vinho. Por felicidade conseguimos almoçar sem marcar na vinícola Melipal (www.bodegamelipal.com), por indicação de uma sommelier da Alpataco, bodega de vinhos no centro da cidade, onde fizemos uma ótima degustação guiada. Não foi um almoço, mas sim uma aventura gastronômica. Sentamos as 13:00 horas e saímos de lá, felizes, as 16:00h. Cinco pratos e cinco vinhos, com um visual das cercanias de tirar o fôlego. Ainda visitamos a Norton e a Lopez. As outras milhares (exagero, é claro, mas a quantidade é grande) fica para a próxima visita. Na hora de voltar talvez seja mais interessante um vôo da Lan, que está por U$ 70,00. A volta pela cordilheira foi complicada porque os guardas da fronteira pareciam estar com o humor alterado. Levamos mais de 2 horas para conseguir passar e estava caindo uma chuva com neve. A aduana é muito mal instalada e confusa. Ainda bem que os motorista do ônibus ficam te guiando com atenção. Mesmo assim, uma viagem para repetir.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

OS INVÁLIDOS - Números do TSE - Eleições 2010

Faço parte de um número expressivo de brasileiros INVÁLIDOS que têm outra opinião. Que não estão satisfeitos nem com um, nem com outro. E não somos poucos. Fazemos parte de um número expressivo de brasileiros que discordam, mesmo que inválidos. Somos um número que preocupa. Um número que vai ser examinado, avaliado, ponderado, nas internas. Não vai ser exaltado na mídia, mas que tem o poder de eleger um candidato, se for tocado e convencido. Só nas internas, a mídia não vai demonstrar interesse por nós. A mídia é alimentada pelo sistema. O "sistema" (podem pensar no sistema explorado com excelência no Tropa de Elite 2), precisa de votos. O sitema precisa alimentar uma máquina monstruosa, uma vaca de divinas tetas, que suga nossas riquezas e pinga benesses a uma classe poderosa de pessoas, de bocas habituadas a mamar. O voto é a moeda corrente da corrupção. Não me venham falar de democracia. Haja paciência para tanta ignorância! Democracia é a máscara que precisa cair. Não a temos. Somos obrigados a votar e não temos poder de mudar praticamente nada, a não ser que estejamos dispostos a esforços inumanos e deixarmos de lado família, trabalho e renda (que bela maneira de manter os inválidos ineficientes!). Os políticos eleitos fazem parte do sistema, querem o seu próprio bem, fazendo o bem às coorporações que os embasam. De democracia só temos discursos populistas e planos sociais destinados a alimentar um profícuo gado eleitoral.
Fiquei feliz com a eleição. Fiquei feliz por saber que aumenta o número de pessoas que entendem realmente o que está acontecendo.
Números do TSE em 01/11/2010. 14:00h.

Eleitorado: 135.804.433
Apurado: 135.803.007 (99,99%)
Abstenção: 29.196.930 (21,50%)
Comparecimento: 106.606.077 (78,50%)
Brancos: 2.452.596 (2,30%)
Nulos: 4.689.417 (4,40%)
Válidos: 99.463.792 (93,30%)
Vejam bem. 36.338.943 de votos inválidos.
Que canditado, partido, ou marketeiro não gostaria de contar conosco?
Temos força. Agora precisamos aprender a usá-la, mesmo inválidos como somos.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

outubro

fim de outubro
quase novembro
e ainda faz frio

uma canção voa no vento
procurando uma voz
um amor canta no tempo
seu tempo que já foi
mas uma porta bate no fundo da casa
não sei
foi o vento que se desfez da canção?
ou foi o amor que cansou de esperar
um tempo que nunca vem?

fim de outubro
quase novembro
e ainda faz frio
assunto demais para quem não o tem

e eu aqui pensando em portas
despedidas
e solidão

terça-feira, 19 de outubro de 2010

UMA PEÇA DE TEATRO


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Aconteceu uma peça de teatro. Paris, setembro de 1793. Aconteceu no dia 15 de outubro, sexta-feira. Não! Não aconteceu! Ainda está acontecendo. Não há como ficar indiferente ao trabalho realizado pelo Grupo Nova Geração, dirigido intelectual e psicologicamente pela Silvana Cirino. Depois de acontecer no palco, ele continua acontecendo por dentro, no pensamento, na memória. É tamanha a fibra deste grupo que eles poderiam trabalhar com qualquer tema, que trariam ao palco o encantamento do seu empenho. Porém, trabalhando com tanto afinco no enredo do romance Paris, setembro de 1793, e materializando em cenas assuntos como reencarnação, consciência, amor que transcende ao tempo e, principalmente, perdão, eles aliaram ao encantamento uma lição de vida. Um brilhante trabalho, que só merece os nossos elogios.
Parabéns a todos os membros do grupo, que abriram espaço em suas vidas para que o trabalho virasse arte e ensinamento.
Parabéns à USE de São João da Boa Vista, pela iniciativa de levar ao palco um tema espírita e espalhar ainda mais sementes desta Doutrina, consoladora por excelência.

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texto e fotos publicados também no site da editora: http://www.lachatre.com.br/
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domingo, 17 de outubro de 2010

SEGUNDO TURNO

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essa é rapidinha.

sabem por que os candidatos preferem somente ataques e um fica mostrando o que o outro fez errado ou deixou de fazer certo, sem apresentar nenhum projeto, nenhuma proposta de governo?

Porque o brasileiro acostumou que palavra de político não tem valor. Porque aprendeu que político adapta suas promessas aos conluios necessários para se manter no poder. Porque aprendeu que político mente. Então o político aprendeu também que não faz diferença alguma apresentar projetos, propostas para melhorar o Brasil que não dá certo.

o brasileiro aprendeu a entender o político, mas ainda não aprendeu o que fazer para mudar isso.
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domingo, 10 de outubro de 2010

GIBA... a lenda!


no mundial de 2006, ele foi o melhor do mundo. Ganhou tantas vezes esse título que facilmente pode ser considerado um dos melhores da história.

Já foi bastante falado sobre o dia que o Murilo, titular da posição, não estava bem e o Giba, seu reserva, foi lá e abraçou o cara, falou no seu ouvido e depois ele se soltou e jogou muito.

Ontem, na semi final contra a Itália, depois de toda a pressão que rolou nesse mundial, entre um set e outro, aparece a imagem do Giba empurrando o carrinho de roupas da equipe.

Fantástico! Grande exemplo de humildade. Grande exemplo de humanidade. Os holofotes quase não saem de cima dele. A torcida pede por ele o tempo todo. Em nenhum momento uma palavra que pudesse denunciar alguma insatisfação, por mais que seja normal que estivesse insatisfeito por não jogar.

Grande Giba! Que alegria você ser brasileiro, ainda mais nessas épocas que tantos brasileiros dão exemplos tão degradantes. Dá vontade de dizer: Giba neles! Se tivessem um mínimo da tua capacidade humana, eu até voltava a votar.

Esse cara vai ser daqueles que vou contar pros meus netos com orgulho.

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

ANATEL...dica de utilidade pública.

to eu aqui nos moldes do Crônica Urbanas, da Mônica, dando dicas. As dela são ótimas, espero que essa possa ser útil. Ao menos no meu caso foi. Porém, não tenho a objetividade que ela tem, por isso vou contar os causos, timtim por timtim...
Faz um tempo a operadora TIM (eheh...) quis me cobrar uma conta de 2004, que eu não tinha a menor idéia que devia. Se eles me mandam minha conta mensalmente no lugar certo, por que essa passou batido? O valor era tão pequeno que nem lembro mais. Fui informado disso quando fui mudar de plano, o que não era possível devido a conta, embora eu já tivesse comprado vários telefones de 2004 até agora, e trocado de plano algumas vezes. Fui informado também que era necessário pagar e, depois de 30 dias, voltar lá pra ver o que daria de juros, o que não era possível ser calculado no momento. Ainda perguntei à atendente se era mesmo "depois" de 30 dias, ou quando completasse 30 dias, e ouvi uma leve ironia sobre a minha capacidade de entendimento. Paguei o boleto gerado, mas não tive tempo de voltar lá logo que completou os 30 dias. Havia entendido que nao precisava ser exato. Voltei depois de 45 dias e fui informado que era preciso voltar, novamente, dali uma semana, porque teriam que calcular os juros de novo, já que eu não voltara quando completou os 30 dias. Era um grupo de jovens antendentes, descolados, sorridentes e irônicos. É claro que fiquei puto, mas, quando percebi, estava cercado por três jovens e grandes atendentes que me convidavam a sair da loja, com ameaças de chamarem os seguranças do Shopping. Faz tempo que aprendi que o caminho das letras é mais seguro em contendas, mas juro que tive que me controlar pra não fazer besteira.
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Entrei em contato com a ANATEL. www.anatel.gov.br Tem um ótimo canal de auxílio ao cidadão. É preciso fazer um cadastro e é chato fazer esse cadastro. Até escrever a sua queixa, tem que ter paciência, porque tem muita coisa para optar, mas é possível chegar lá. Fiz a queixa explicando tudo, como fiz acima. No dia seguinte, isso mesmo, no dia seguinte, a TIM entrou em contato comigo, pedindo milhões de desculpas pelo acontecido. Que era um absurdo a cobrança de uma conta tão antiga, ainda mais que eu era cliente da operadora há 16 anos (desde que surgiu o celular). E ainda falou que seria revisado o treinamento dado aos funcionários da região, para que acidentes como esse não acontecesse mais (é claro que não acreditei nisso).
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Nota 10 para o canal cidadão da Anatel.
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No final de julho liguei para sky e perguntei se havia algum plano que tivesse os canais do meu interesse, de uma forma que eu não tivesse que pagar por canais inúteis. Estava pagando R$ 120,90. Na verdade eu queria pagar menos, porque na Via Embratel quase o mesmo pacote, mas com mais canais de interesse, custava R$ 89,90. Fui nformado que não havia essa possibilidade. Entrei em contato com a Via Embratel e fiz uma assinatura. No dia que vieram instalar o novo sistema, 06 de agosto, entrei em contato com a sky e pedi o cancelamento da assinatura. Tudo mudou. Ofereceram o mesmo plano por R$ 69,90 por 6 meses, e depois passaria a R$ 91,90. Perderam a passada, eu já não queria mais. Então fui informado que, como eu já tinha sido lançada a cobrança referente a agosto, eu teria o sinal até o dia 31, sendo que, após isso, um técnico viria recolher o pagamento. Não questionei o pagamento do mês de agosto, porque achei justo. No final de agosto a sky ligou pra minha casa e informou que não recolheriam ainda o equipamento e que eu estava ganhando dois meses grátis, de brinde. Não pedi isso. Dia 25 de setembro fui pagar o cartão e lá estava a sky, me cobrando os mesmos R$ 120 de sempre. Fiz contato e me informaram que meu pedido de cancelamento tinha sido feito em 01 de setembro, por isso a fatura do mês já tinha sido gerada. Depois que reclamei, me deixaram muito tempo aguardando até que a conexão caiu e era necessário começar tudo de novo.
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Da-lhe Anatel. Fiz a reclamação numa terça feira, as 19 horas.
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No outro dia, as 10 horas, a sky entrou em contato comigo pedindo a confirmação de alguns dados para que pudessem recolher os equipamentos e estornar o valor cobrado indevidamente. Novamente com solenes pedidos de desculpas.
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Anatel, nota 10
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quem nunca se incomodou com essas operadoras?
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

... a peça...

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Sei que vão me acusar de fisiologismo, mas...
O André Gonçalves Santos me mandou um link de divulgaçao da peça no you tube...

http://www.youtube.com/watch?v=iwGgBCDwH3Q

a moçada de São João da Boa Vista tá trabalhando muito, e rápido... afinal, dia 15 tá aí.

A Lachatre também tá com uma matéria legal no seu novo site, embora no mesmo endereço:

http://www.lachatre.com.br/

tem uma entrevista com a diretora, Silvana Cirino.

Fico feliz de ver a história voando por aí, tentando cumprir seu papel de mexer com as pessoas.'
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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

OLHA O CIRCO AÍ...




Houve um tempo em que o circo chegava na cidade e acontecia um desfile com as atrações. Até hoje o pessoal do Beto Carrero faz isso em um lugar ou outro. Eram palhaços, leões, elefantes, pernas de pau, mulher barbada, entre outros grandes vendedores de ilusão... dizem que a televisão tirou espaço dos circos (e de tantas outras coisas!!). Na verdade o circo foi absorvido pela tv e o gancho fica fácil pra se falar das campanhas dos políticos, estes modernos vendedores de ilusão. Tá um grande circo! Não só na tv, nas esquinas e nos insuportáveis carros de som, com seus miseráveis gritos de guerra (que outra coisa não é). Ocupam o espaço dos nossos pensamentos com sons mnemônicos irritantes; poluem nossa visão com bandeiras e cartazes; sujam a cidade com panfletos; tiram tempo do entretenimento e não mostram nada de novo, não fazem propostas que se possa ter um mínimo de credibilidade. Insistem no "agora é pra valer", "sua vida vai mudar". A política virou um espetáculo circense só de palhaços (e alguns de profissão podem até ser eleitos). Tá certo, não só palhaços, tem mágicos também, que escondem tantas coisas, bem diante dos nossos olhos.



Não tenho dúvida que a política é um grande instrumento de modificação social, porém, onde está a política? Alguém pode me dizer quem está fazendo política voltada para a cidadania no Brasil? Quem está fazendo política idealista, com propostas, desvinculada das corporações (vide ótimas postagens no cágado xadrez: http://romacof.wordpress.com/)?



A política no Brasil tem que ser repensada. Os partidos precisam ser moralizados e os ideais precisam encontrar um rumo, sem postulados de soluções imediatistas. O problema político é de solução a longo prazo. Algumas gerações.



Eu disse que não votava enquanto não ouvisse uma proposta de cidadania vinculada à melhora da escolaridade. Escolaridade, não construção de salas de aula. Uma campanha inteira e não ouvi nada decente. Então...

foto de: http://pirosfera.wordpress.com/2009/11/19/viva-o-circo/

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

O PARIS NO PALCO

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me mandaram lá de São João da Boa Vista o cartaz de divulgação da peça adaptada do Paris, setembro de 1793. A imagem de fundo é da Catedral de Saint-Sulpice, cenário impotante no enredo do livro, e aquele raio de sol atravessando a janela é real (a foto eu bati).

como escrevi abaixo sobre a necessidade e importância de sonhar, essa postagem agora é uma prova que os sonhos se realizam.

O Paris tá rodando. Parabéns ao grupo Nova Geração, pelo trabalho que estão fazendo.
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UTOPIA

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"... então eu acredito que nada é mais importante que a utopia, acima, inclusive, da simples racionalidade, porque o racionalismo puro estereliza. É necessário esse voo do sonho para que se possa criar coisas novas, sempre, e redimir o que temos de arcaico..."


de Rodrigo de Haro, nascido em Paris em 1939, artista plástico e membro da Academia Catarinense de Letras, em participação no documentário da RBS, AS BORBOLETAS DO IMPERADOR, sobre o Falanstério do Saí.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CORONELISMO DEMOCRÁTICO

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por muito tempo... muito tempo? Talvez nem tanto. Se compararmos a idade política dos nossos ancestrais do velho mundo, ainda temos cheiro de talco. Então, no tempo que foi possível se fazer política por aqui, o principal pensamento que norteou a manutenção do poder foi a não educação. Os currais eleitorais eram mantidos através de compadrismos, fidelidade e farinha de mandioca. Numa visão mais moderna e mais comum aqui pro sul, vamos encontrar esse gado votante vendendo o pouco que têm (leiam, a pouca escola que têm) por uma carradinha de barro, uma carona de ambulância pro hospital da cidade vizinha, uma caixinha de amoxacilina. Coisas assim que viram votos. E isso aqui no sul, que alguns dizem ser o primeiro mundo no Brasil. Piada. A baixa escolaridade, ou mesmo a má qualidade da escolaridade, que até hoje não foi suficiente para formar cidadãos, motivada pelo desinteresse do poder em gerar educação e cidadania, virou feitiço que enfeitiçou o feiticeiro.

Em hipótese alguma estou tentando profanar a imagem do Lula como governante, longe disso. Tampouco acusar seu governo de qualquer falha pelo fato dele ter ficado pouco nos bancos escolares. Creio mesmo que esse perfil mostra a grandeza do brasileiro. Ainda abusando daquele velho mantra do “não desiste nunca”, vamos ver que o Lula nunca desistiu. Mas o que está acontecendo hoje como fator preponderante para a manutenção do poder é um coronelismo mais democrático, baseado na identificação (e alimentado pelo bolsa família, é claro). A massa popular brasileira se identifica com o corintiano Lula, que fala atrapalhado, comete erros de concordância e solta algumas besteiras. Ele é dos nossos! E carrega uma votação espantosa com isso. Essa igualdade, essa identificação, sepultou com facilidade e velocidade uma avalanche de tropeços e escândalos. Alguns podem até dizer que isso se deve aos números positivos da economia da era Lula. Nada disso. O voto é pouco influenciado por números e estatísticas, infelizmente. Ao menos por números do governo, porque os números das pesquisas eleitorais ainda continuam influenciando bem mais do que deveria.

Quem manteve o povo sem educação está pagando o preço de ver esse povo identificado com um governante carismático (alguém ousa dizer que ele não é?) e que também não teve acesso à educação. Que faz parte do seu meio cultural. Antes que os petistas com cacoetes xiitas venham jogar pedras intelectuais, quero lembrar que estou falando em massa popular votante. Leiam bem, quantidade de votos. Entendido?

A discussão num nível mais elevado antes de uma votação só vai acontecer quando tivermos acesso fácil à educação de qualidade. Educação de qualidade vai levar a melhoria da cidadania (leia-se aplicação dos impostos em saúde, transporte, segurança... escola) e, obviamente, uma outra identificação cultural, sem coronelismo democrático, ou coronelismo puro das antigas mesmo. Sem ver o povo votando como se fosse um big brother, ou esperando o resultado da eleição como quem espera os números da mega sena.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E JESUS? PRA QUE TIME TORCE?

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Depois da Ponte Preta ganhar seu jogo por 2 x 0, um jogador foi entrevistado (coisa sempre perigosa), e rolou uma pérola. Quando o repórter elegiou o desempenho do atleta (de Cristo), ele respondeu:


- Graças ao Senhor Jesus que tem nos iluminado e nos dado a alegria das vitórias...

Ele devia ter completado:

- ... e dado a tristeza das derrotas para os irmãos do outro time.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

kIKITOS

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O filme O ÚLTIMO ROMANCE DE BALZAC, que comentei abaixo, levou 2 kikitos:

- prêmio especial o juri;
- melhor direção de arte.

é pena que vai ser difícil ver no circuíto, ou mesmo impossível. Pra quem gosta de afiar o intelecto, é uma ótima pedida.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

notícia urgente

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Urgente e importante. Informação imprescindível, divulgada na página incial da Editora Lachatre. Convido os visitantes a acessarem a página:

http://www.lachatre.com.br/

antes que modifiquem a página e não possam mais ler.

obrigado

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lachatre no cinema e no palco.


A Lachatre, editora que publicou o Paris, setembro de 1793, tá mandando muito bem. Vejam a notícia que copiei e colei do site:

No dia 8 de agosto proximo, o Festival de Cinema de Gramado, o mais importante do país, exibira o filme O ultimo romance de Balzac, dirigido por Geraldo Sarno e baseado na obra O avesso de um Balzac contemporaneo, de Osmar Ramos Filho. O filme foi um dos oito longas-metragens selecionados para exibição no Festival. Detalhes sobre o

Melhor ainda que eu vou estar por lá para conferir.
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Na mesma balada cênica, embora por outro veículo, o Paris tá indo para o teatro. Hoje recebi o texto adaptado para o palco pela Silvana Cirino, do grupo de teatro Nova Geração de São João da Boa Vista/SP. Já estou em contato há algum tempo, tanto com a Silvana como com outros membros do grupo, e to botando fé no que eles vão fazer, pelo que vi até agora. Já vou tomando a liberdade e mostrando aqui o primeiro cartaz da peça, embora tenham me dito que ainda vai ser modificado.


Muito, mas muito emocionante mesmo, ver a cria da gente bater asas em universos paralelos. Logo publico mais notícias sobre o andamento da peça.

domingo, 25 de julho de 2010




O tempo passa
A vida passa
O som do tempo é um dedilhar de cordas de violão
Numa manhã distante
Uma canção que não ouvimos
Mas sentimos
Um verso que não falamos
Nem calamos
A vida passa
E parece que envelhecemos
Tentando descobrir o som do tempo
E seus avisos
Uma lembrança de chuva no telhado
O riso de alguém que já foi
O sol colorindo as gotas de orvalho
Como se as lembranças fossem alertas
Sirenes disparadas
Para nos avisar
Que o tempo passa
A vida passa
E apenas envelhecemos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

despertar



a brisa mansa da manhã acariciou meu rosto
nascia o sol atrás da montanha delicada do teu seio
e teus cabelos
como uma relva debruçada pelo vento
se espalhavam no meu peito
e deixavam no ar de orvalho
o cheiro manso do teu desejo
quis parar o tempo
um segundo que fosse
para eternizar a luz
que acendia pequenas chamas em teus pêlos
e queimava em mim o tempo de tristeza
passado longe do teu beijo
mas a manhã veio, finalmente
dobrar o orgulho da noite
e nela encerrar nosso sonho eterno de alegria
teu corpo nu movimentou-se leve e a brisa parou
como se fosse uma reverência
e permitiu, gentilmente
que teu cheiro não se espalhasse
além das minhas mãos
toquei-o no ar com carícias delicadas
rocei teu lábio no meu
e me vi perdido no deserto da paixão
encontrando alguma umidade
na areia fina e seca da saudade
ah! não te acordei
não foi apenas um acordar
ressuscitei-a do passado
que viesse o dia
e te levasse caminhar longe dos meus passos
sempre incertos
todas as madrugadas orvalhadas te ressuscitariam
em meu peito
nos sonhos das manhãs inacabadas


quarta-feira, 23 de junho de 2010

A BUROCRACIA DAS COMPETÊNCIAS - a carne podre do BIG

no dia 29/05 comprei uma bandeja de filé mignon (adaptações linguísticas à parte), lacrada com filme plástico, e um pacote com 700 g de linguado congelado, no supermecado BIG aqui perto. Coloquei no freezer quando cheguei em casa e, no dia 03/06 descongelei o mignon, incialmente (tirei 2 horas antes do freezer). Surpresa! Embora a cor vermelha por fora, podre por dentro, cheirando muito mal. Já desconfiado, descongelei (na água corrente da torneira) os filés de linguado. 700 g viraram 300 g. Comprei 400 g de gelo pelo preço de linguado. Já sem surpresa descobri que as bordas dos filés estavam se deteriorando.
Tudo bem, talvez o mais correto fosse voltar no big e exigir meus direitos, mas já era perto das 22 horas. Não fui. Mas procurei, via internet, um canal para contactar a vigilância sanitária. Descobri que não conseguiria fazer nenhuma denúncia diretamente na minha cidade, porém, encontrei a Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde, onde fiz minha reclamação, relatando o ocorrido como fiz acima.
Tenho que reconhecer que o assunto foi adiante. A SES encaminhou devidamente a denúncia. Hoje recebi a resposta da SES, como segue:
Em atenção à sua solicitação ao Serviço de Ouvidoria desta Secretaria de Estado, realizada no dia 10/06/2010, registrada sob o nº 31082/10, encaminhamos a resposta no formulário abaixo.
Agradecemos a sua participação neste processo que visa a melhoria dos serviços públicos da saúde e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer outros esclarecimentos, através da linha gratuita 0800 482 800, em dias úteis, das 07:00 às 19:00 horas.
Atenciosamente,
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE/SC
Coordenador do Serviço de Ouvidoria
DESCRIÇÃO
Recebemos da Ouvidoria Geral do Estado a seguinte manifestação: O cidadão relata que no dia 29 de maio de 2010 comprou uma bandeja de filé mingnom - que estava embalada com filme plástico - e um pacote com 700g de filé de linguado no Supermercado BIG de Balneário Camboriú. Ao chegar em sua residência colocou-os no freezer. No dia 03 de junho de 2010 descongelou a bandeja de filé mignon, de forma habitual, tirando do freezer duas horas antes de consumir. Quando foi abrir a bandeja, o cheiro da carne estava insuportável, e após verificá-la, observou que seu miolo estava deteriorado. Logo, descongelou o filé de linguada. Sua primeira surpresa foi que, das 700g que adquiriu, sobraram apenas 300g, pois o resto era gelo que se diluiu na água. A segunda surpresa é que as beiradas dos filés também estavam deterioradas, em decomposição. Solicita que uma fiscalização seja feita no local e que providências sejam tomadas.
RESPOSTA
Transcrevemos resposta do repsonsável: "Em 17 do corrente mês às 10h:30min, a equipe de fiscalização de alimentos esteve in loco no supracitado estabelecimento para realizar inspeção sanitária relativa à descrição do reclamante. Na ocasião da inspeção, contactamos com o gerente de plantão e a nutricionista do local e atestamos que o estabelecimento possui registro de reinspeção da CIDASC, inscrito sob SIE n° 680. Portanto, não foi possível inspecionar as instalações onde há a manipulação das carnes, para não encorrermos em duplicidade de fiscalização, pois o local é periodicamente inspecionado pelos profissionais da CIDASC. Assim sendo, vistoriamos somente a área de venda dos produtos cárneos, e atestamos que os produtos expostos estavam adequadamente rotulados e em temperatura apropriadam, em torno de 5°C. Vale ressaltar que a temperatura dos balcões é frequentemente aferida e anotada pelos funcionários (três vezes ao dia). Além disso, fomos informados que todas as carnes destinadas ao fracionamento e que se tornam suspeitas pelos funcionários de qualquer alteração, são devidamente analisadas sensorialmente pela médica veterinária responsável. Em seguida, a mesma emite um laudo sobre o ocorrido e, no caso de qualquer alteração e/ou condenação, a empresa fornecedora é informada e o produto substituído. Portanto, não foi possível constatar com exatidão a procedência da denúncia, pois a área de manipulação das carnes (entreposto) está sob competência de fiscalização da CIDASC. Com relação ao armazenamento e exposição das carnes, não foram averiguadas irregularidades na rotulagens e tampouco no armazenamento das mesmas. No caso do filé de linguado, também cabe à CIDASC a inspeção e verificação da veracidade do peso relacionado no produto. Atenciosamente,"
As conclusões são por conta dos leitores. Mas que é ruim passar por mentiroso, é.

sábado, 29 de maio de 2010

Espiritismo, e loucos de hospício



A organização do espiritismo como doutrina, foi motivada por três perguntas: de onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Para onde vamos? Para explicar essas três perguntas, precisamos nos apoiar em três fundamentos: a ciência, que nos explica racionalmente as relações de causa e efeito dos nossos atos; a filosofia, que nos propõe uma análise de perspectivas sobre estes atos; e a religião, que nos insere num contexto universal, como criaturas, e não criadores.

Algumas pessoas podem pensar que a doutrina espírita é baseada na mediunidade, na crença na reencarnação e na vida após a morte. Esses assuntos fazem parte da doutrina, sem nenhuma dúvida, e desempenham um papel importante no cabedal de conhecimentos necessários para entender a vida através do seu ponto de vista. Porém, a importância maior sempre será oferecer instrumentos ao ser humano para conquistar melhorias éticas e morais na sociedade em que se insere.

Os céticos costumam achar absurdo acreditar em espíritos, ou teorias que não podem ser provadas na prática, através dos instrumentos da ciência acadêmica. Os céticos não acreditam em Deus, normalmente, e, se fosse pelos obstáculos que colocaram até hoje no desenvolvimento humano, talvez ainda estivéssemos curando doenças com sangrias, afinal, as sanguessugas podiam ser vistas com nossos próprios olhos. (sei que é um exagero, mas a linha de pensamento é coerente).

Não tenho a intenção de levantar bandeiras proselitistas, muito pelo contrário, sou totalmente favorável ao pensamento de Paulo de Tarso: tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Por isso, essa postagem não tem interesse de abrir uma nova linha de discussão com os céticos, ou contrários a esse pensamento, como aconteceu na postagem e comentários do blog pensar não dói (linkado ao lado). No entanto, de alguma maneira me senti na obrigação de revelar aqui minhas “crenças”. Falo crença, na falta de uma palavra melhor, assim como não há instrumentos melhores, ou eficientes, segundo os céticos, para provar alguns fenômenos psíquicos, ou paranormais. O instrumento que temos são as pessoas. São as pessoas sérias, que trabalham sem interesse maior que não o próprio desenvolvimento como ser humano, e daqueles a quem possam influenciar. Pessoas que não vão se interessar em ganhar um milhão de dólares pra provar que mediunidade é fato, por que já aprenderam que a moeda humana não é um bom indexador evolutivo. Pessoas que não fazem sensacionalismo, nem transformam o espiritismo em meio de vida, nem se aproveitam das pessoas sugestionáveis. Que trabalham quase no anonimato pelo bem. Pessoas que têm algo mais a fazer do que se preocuparem em provar alguma coisa para os que têm a tendência a enxergarem apenas o que lhes convém. Ou de provar fenômenos para os que se colocam acima. Acima do quê? Acima, basta.

É claro que sempre vai existir os que fazem tudo ao contrário e, desta forma, fornecem lenha aos eternos inquisidores em seus pedestais de sabedoria. Faz parte da evolução coletiva. É bom deixar bem claro que não devemos apoiar nossas convicções apenas no que presenciamos ou ouvimos, bem como é preciso saber o que se lê. Há uma imensa literatura séria e de qualidade, e muitos bons exemplos de trabalho no campo espírita, desde que essa doutrina foi organizada, tanto aqui, como fora, embora, às vezes, usando outros rótulos, e talvez até outros métodos. Mas também há muita gente se aproveitando para ganhar dinheiro com isso, infelizmente. Com certeza, esses não são espíritas, ou são espíritas superficiais.

Eu trabalho com mediunidade. Trabalho com um grupo mediúnico há 23 anos, que se reúne toda semana e não é aberto ao público, embora não seja fechado a novos participantes. Não vem ao caso citar as quase inumeráveis provas da reencarnação, mediunidade, e, óbvio, vida após a morte física, que tive neste tempo. Tampouco listar a quantidade de pessoas que foram ajudadas através do trabalho anímico/mediúnico que desempenhamos, sendo que, na imensa maioria dos casos, sem saberem que estavam sendo ajudadas (para que não venham dizer que o efeito foi movido pela sugestão do pensamento). Os participantes do nosso grupo não são loucos, nem são aproveitadores da fé alheia. Somos poucos em atividade sempre, porque nossa estrutura não comporta uma quantidade maior de pessoas, mas, nesse tempo, muitas pessoas passaram pelo grupo. Pessoas normais, de todos os graus de instrução e situação social. Humanos em evolução, aprendendo a transformar suas vidas para melhor, através, principalmente, do conhecimento de si mesmos que a doutrina espírita propicia.

Quando assisti, recentemente, o filme do Chico Xavier, fiquei bastante emocionado, não por rever os fatos marcantes da sua vida, mas por ver vir a público, com bastante seriedade, o que fazemos no anonimato por todos esses anos, guardadas as devidas proporções evolutivas.

Eu tenho 4 romances publicados (ao lado). Um policial, um infanto juvenil e dois embasados diretamente no conhecimento espírita. O último deles, Paris, setembro de 1793, foi publicado pela Editora Lachâtre, uma editora bastante respeitada no meio espírita, que conta com autores como Hermínio Miranda, Luciano dos Anjos, Lígia Barbiere Amaral, Paulo Henrique de Figueiredo, entre tantos (e são muitos), autores sérios, e normais. A Editora Lachâtre tem uma característica interessante, a de ser contestadora no próprio meio espírita, principalmente diante dessa corrente literária exploradora e monetarista que assomou o público nos últimos anos, com tanta auto ajuda camuflada de obra mediúnica, ou mesmo espírita, mas que só visa interesses financeiros. Se alguém tiver interesse em constatar isso, basta acessar: http://www.lachatre.com.br/editora.php.

Atualmente estou escrevendo mais um, com enfoque em determinados aspectos do século XIX, como as profundas transformações sociais, principalmente originadas dos movimentos socialistas, assim como os efeitos de novas ciências médicas que começaram a ser aplicadas na época, como o Mesmerismo e a Homeopatia, tão ricamente atacadas pelos céticos de todos os tempos.

Quando penso muito nos céticos da ciência e da relação de soberba que alguns têm diante do espiritismo, não consigo deixar de lembrar de uma piada antiga, sobre a conversa de dois loucos num hospício:
- Cara, descobri quem eu sou...
- E quem você é?
- Sou Jesus Cristo!!
- O quê? É louco mesmo... de onde tirou essa idéia. Quem foi que falou isso?
- Foi Deus...
- O quê? EU não falei nada disso....

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Benoît Mure e os tropeços da pesquisa

Algumas pessoas estranham que estou postando pouco no blog. Essas mesmas que a gente se surpreende quando sabe que nos lêem e não deixam comentários, por que não gostam, ou são tímidas para comentar. Então explico que não é apenas preguiça, embora também seja.
Estou escrevendo mais um romance para a editora Lachatre, passando períodos alternados do tempo, entre o agora e o século XIX, em Althen des Paludes, sul da França, Bruxelas, Calais e Curitiba, e estou esbarrando em entravos curiosos nas minhas pesquisas. O século XIX foi de transição de tecnologia. Por exemplo: por séculos a navegação foi com veleiros e remos. Mesmo que os desenhos das naves mudassem, a propulsão era essa. No século XIX aparece o motor a vapor e, como nos nossos tempos alguns já viam filmes em dvd enquanto outros ainda viam em vhs, naquele tempo muitos viajavam em barcos a vapor, outros em barcos mistos, outros em veleiros antigos. Mas o que dificulta isso no processo de pesquisa? Muito. Se eu disser que um personagem cruzou o atlântico em 1840, que tipo de barco ele usou? Parece simples mas não é.
Faz mais de um mês que estou procurando referências sobre o Eole, um barco francês que trouxe Benoît Mure para o Brasil, e encontro quase nada. Agora recebi um artigo do Arquivo Histórico Nacional contendo um estudo sobre os movimentos migratórios franceses para o Brasil, na esperança de encontrar alguma referência, e nada. Alguém pode dizer: passa por cima disso e conta tua história, afinal, você é um ficcionista. Tudo bem, até posso fazer isso, mas, vai perder muito do encanto e uma das partes fascinantes da ficção é essa aproximação com a realidade. Para poder se aproximar de alguma coisa, esta coisa tem que ter existido de fato. Do contrário fica vazio. Se alguém tiver alguma pista sobre o assunto, ficarei muito agradecido.
Benoît Mure era um médico homeopata e utopista, seguidor de Fourier.* François Marie Charles Fourier (Besançon, 7 de Abril de 1772Paris, 10 de Outubro de 1837) foi um socialista francês da primeira parte do século XIX, um dos pais do cooperativismo. Foi também um crítico ferino do economicismo e do capitalismo de sua época, e adversário da industrialização, da civilização urbana, do liberalismo e da família baseada no matrimônio e na monogamia.
O caráter jovial com que Fourier realizou algumas de suas críticas fez dele um dos grandes
satíricos de todos os tempos. Propôs a criação de unidades de produção e consumo - as falanges ou falanstérios - baseadas em uma forma de cooperativismo integral e auto-suficiente, assim como na livre perseguição do que chamava paixões individuais e seu desenvolvimento, o que constituiria um estado que chamava harmonia.

(wikipedia, mantive os sublinhados)

Veio para o Brasil com a intenção de criar um falanstério e o criou. O falanstério do Saí, em Santa Catarina, próximo a São Francisco do Sul. Por vários motivos não deu certo. Depois de fracassada a tentativa, Benoît voltou para o Rio de Janeiro e fundou o Instituto Homeopático do Brasil, já que era discípulo direto de Hahnemann.

Outra curiosidade na pesquisa: para dar um tiro em 1840 passei alguns dias pesquisando. Até aquela época as armas de fogo eram carregadas pelo cano, mas, neste período apareceram as armas com retrocarga (alimentadas pela culatra), e logo surgiu a espoleta de percussão. Num perído de aproximadamente 30 anos, muitos séculos foram engolidos.

Então é por isso que tenho postado menos. E se alguém tiver algum material sobre essa época, de qualquer natureza e que ache interessante, fico grato por me mandar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

................a chuva e a eleição....................




O livro Paris, setembro de 1793 foi lançado em 2008, duas semanas após os cataclismas que abalaram o Estado, principalmente com a enchente de quase toda Itajaí e os deslizamentos de terra em Blumenau e cidades vizinhas. Aqui no blog mesmo tem explicações do motivo do lançamento não ter sido adiato, em postagens da época. Naquela noite (é de praxe o autor da obra lançada usar da palavra) falei ao público presente, pequeno, devido às circunstâncias, sobre o que podia ser feito para minimizar as situações catastróficas como as que havíamos passado. Obviamente direcionei a solução para o âmbito do poder público e, como também é quase óbvio, o assunto foi parar em eleição. Porque não tem como encontrar soluções para problemas de tamanha magnitude sem um esforço muito, mas muito grande, das pessoas que são como nós, mas que por nós são transformadas em autoridades através do voto. Na época eu pedi para que cada um presente, e por estar tão vívida a tragédia, não esquecesse de avaliar qual era a proposta de seu provável canditado em futuras eleições, em relação à solução dos problemas causados pelas intempéries, tão recorrentes nos últimos anos. Tem eleição se aproximando. Ontem caiu o maior toró quase no Estado todo. A BR 101 está interditada em Palhoça. Tem casa embaixo dágua e morro se derretendo. Tudo continua na mesma em termos de prevenção, mas, não podemos condenar, esses políticos que estão no poder, já estavam no poder antes disso começar. Como poderiam propor projetos para solucionar coisas que ainda não haviam acontecido? Talvez alguns só nasceram depois de 1982 mesmo. Mas tem eleição chegando e eu sei que a minha proposta particular de não votar (e não vou votar mesmo. Explicações em postagens anteriores e no "cágado xadrez", em postagens e comentários) não vai vingar e os candidatos como nós serão eleitos e empossados como autoridades populares, mas, qual deles trará em sua bagagem de projetos salvadores da humanidade brasileira, uma proposta para minimizar os efeitos dos cataclismas que estão nos assolando? Ainda mais que agora não é só sul que sofre, a cidade olímpica e a paulicéia estão no mesmo patamar de consideração midiática. E olha que o nosso maior problema é água e vento. Vulcões, terremotos, tsunamis e tornados (que têm medidas minimzadoras de efeitos por governos menos demagogos) ainda não são comuns por aqui.
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foto do clicrbs, BR 101(19/05/2010)
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

......e se fosse com os seus filhos?..................

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O problema que esse é um caso que realmente está acontecendo em sua casa. Tendo você crianças em casa ou não, porque os adultos também sofrem o impacto.

Hoje, quinta feira, no intervalo entre um paciente e outro, tive tempo de ver o jornal da globo que foi ao ar as 09:45h, meio da manhã. Em poucos minutos as notícias foram as seguintes, com todos os detalhes que não cabe aqui repetir:


- Recife - operação da polícia prende quadrilha que desviava medicamentos do governo para hospitais públicos;


- Londrina - operação da polícia prende quadrilha que traficava armas;


- Sorocaba - motorista bêbado sobe acostamente e atropela mãe e filha de 5 anos;


- São Paulo - Homem é preso com uma sacola de dinamites;


- Rio de Janeiro - as chuvas deixaram várias áreas da cidade inundadas;


- São Paulo - Policiais Militares são presos após espancarem até a morte um motoboy;


Eu que quase não sou mais criança fiquei assustado. Nada de bom, mas nem uma noticiazinha boa! Mas eu tenho a referência de um outro tempo bem mais ingênuo. E as crianças de agora, que referência têm? Não sou psicólogo, sociólogo ou outro ólogo qualquer, nem sei a exata medida da relação informação/horário livre na tv, mas, até a violência (de todos os gêneros) está sendo banalizada. Se existe uma restrição de horários para determinados programas, malmente seguida, diga-se de passagem, como é que notícias desse tipo entram na nossa casa livremente, no meio da manhã, pra ouvidinho qualquer ouvir?

Abaixo a sensura! Viva a liberdade de expressão!

Mas tudo tem hora.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

dá medo


hoje, na estrada, br 470, que o governo federal está avaliando a viabilidade de duplicar desde 2007 (PAC 1) e ainda não teminou o estudo pra ver se precisa mesmo, provavelmente deixando para anunciar que precisa perto da eleição... bem, na br 470, tinha um caminhão na minha frente, uma carreta de muitas toneladas, com um motorista aparentemente bastante consencioso, pela maneira que conduzia, e escrito na traseira:

TEM HORA QUE DÁ MEDO!!!


profundo.


tem hora que dá medo da estrada. a morte fica rente, passa raspando. tem hora que dá medo, e em muitas horas, de quem fica fazendo avaliação de viabilidade, tratando a vida humana como apenas mais um voto.

segunda-feira, 29 de março de 2010

janelas de silêncio




agora prefiro o silêncio
o amor tem janelas de silêncio
que se abrem para o nada
e abri-las
é ficar calado
é olhar para o que não existe
é saber que o vazio consumiu a vontade
de alguma coisa
que não vai mais acontecer

o amor tem janelas de silêncio
que se abrem para o nada
e eu vou me debruçar no peitoral
e ficar quieto
olhando para o abismo

domingo, 21 de março de 2010

a mesma tecla


Escola!
Tá, tudo bem, vou falar de novo sobre isso. É que já to imaginando a campanha eleitoral chegando e a enxurrada de promessas desvinculadas de projetos realmente sérios ou, no mínimo, aplicáveis, sobre o assunto.
Se fizermos uma estatística vocacional, qual a porcentagem de crianças, ou adolescentes, que indicariam o desejo: quero ser professor?
A vocação, à medida que se afunila o tempo de uma decisão real quanto à profissão, cada vez mais se aproxima de áreas com melhores retornos econômicos. Que retorno econômico pode-se esperar como professor?
Teríamos uma listagem grande de "desmotivos" para mostrar, mas podemos escolher dois que estão nos extremos da cadeia.
1- quanto ganha um professor do ensino básico?
2- quanto ganha um professor com doutorado?

Opa! Aí podem me dizer que o doutor tem um bom salário. Primeiro digo que não, considerando-se o longo e penoso caminho para chegar ao título o salário não é alto, mesmo se for concursado de uma escola federal, onde, na maioria das vezes, terá que sofrer com uma estrutura precária. Segundo que o próprio título vira uma armadilha, que o coloca constantemente em risco de perder o emprego e ser substituído por um professor com menos titulação e salário menor, se estiver numa escola particular, que poderia lhe proporcionar uma estrutura de trabalho mais digna.

Em relação aos salários dos professores do ensino básico, nem é preciso gastar a retórica.

É claro que a solução do imenso problema não é apenas aumentar o salário dos professores, assim como melhorar a escolaridade não é apenas construir mais salas de aula. Por sinal, construir mais salas de aula, dentro do sistema que estamos mergulhados, é apenas uma demagogia, uma ração barata para engordar o gado eleitoral.

Melhorar a escolaridade significa um projeto sério a longo prazo, que envolve construir escolas com estrutura e aumentar o salário dos professores, permitindo (ou exigindo) que tenham uma formação cada vez mais aprimorada, entre tantas outras coisas.

Esses seriam os elementos fundamentais. Qual candidato apresentará projetos sérios nesse sentido? Qual candidato enfrentará o risco de qualificar o voto do cidadão brasileiro no futuro, colocando-o num patamar compatível com a nova posição do Brasil no cenário econômico mundial?

to pagando (com a minha paciência de ouvir) pra ver.

segunda-feira, 8 de março de 2010

sempre


Algumas rugas a mais no espelho
Contam verdades que eu calo
E é engraçado perceber
Que alguns dos nossos retratos nos mostram
Lugares que parecemos não conhecer

Mas mesmo que lembrar
Ainda venha a ser um conjugar descompassado
Não é preciso remexer em gavetas
Atrás de cartas de amor
Pra saber que o amor existiu

Amor pra sempre
Não tem por onde esquecer

E quando esse sempre me levar
Eu e minhas verdades grisalhas
Vou acenar bem distante
Sem saber se você me vê
E acho que não estarei levando mais nada
Além da lembrança
Que uma saudade de mim
Mora sempre em você

Ou talvez ainda leve

Essa estranha sensação
Que todas as poesias que fiz
Foram sempre pra você

terça-feira, 2 de março de 2010

SHOW DA GIANA CERVI

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quem é daqui da região de Itajaí e arredores e gosta de música já a conhece. Quem não conhece guarde bem esse nome: Giana Cervi. Para nós, Gi. Acabei de voltar do show de gravação do seu DVD (e CD), cantando com convidados e, além desses, com ninguém menos que Leila Pinheiro, que, por reconhecer esse talento está dando apoio e abrindo portas...
o show foi maravilhoso, todos mandaram muito bem, e ver a Gi cantanto com essa diva na canção brasileira foi de arrancar lágrimas.
Da minha parte só posso agradecer a Gi por esse presente que está nos dando, trazendo ao público seu talendo, sua voz, sau arte. Arte, da qual andamos tão carentes.

Repito, guardem esse nome. E quem não conhece e quiser conferir, tem um clip dela no you tube:
http://www.youtube.com/watch?v=cilA-nXufsI

curtam, enquanto o dvd e o cd estão no forno.
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segunda-feira, 1 de março de 2010

ESCRITORES DESCONHECIDOS

postagem de extrema urgência para a literatura...
convido os visitantes a lerem no blog do escritor Hélio Jorge Cordeiro,

http://cubacheiro.blogspot.com/

a postagem sobre escritores desconhecidos(Laura Bacellar), bem como a postagem subsequente sobre o PNLL (Neida Rocha) e, além disso, divulgarem a idéia.

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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Político... o grande câncer social

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vejam a manchete na página inicial do Gazeta do Povo on line de hoje, domingo, 28/02:

Mensalões do PT, PSDB e DEM devem enfraquecer debate
Partidos vão evitar discussões sobre corrupção. Faltando oito meses para as eleições, partidos governistas e oposição dão sinais que vão manter a ética bem distante dos principais temas de campanha
...

eu fiquei pensando no que vai rolar. O que nenhum político fez, ou não pretende fazer no futuro, para poder acusar seu oponente?

se ele acusar de corromper; se ele acusar de superfaturar; se ele acusar de procrastinar; se ele acusar de nepotismo; se ele acusar, simplesmente.

se ao menos esse fosse um caminho para o político não ficar acusando concorrentes e sim mostrar projetos, propor idéias. Mas não, o caminho vai ser o da proteção dos conluios e buscar, nos desvãos da ignorância popular, a repetição de fórmulas mágicas, que vão resolver todos os problemas brasileiros.

então vamos lá, com muito chá de boldo, pra mais um ano de eleições, enquanto não se descobre um remédio realmente eficiente para este grande câncer nacional.

*
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Lápide






o mar aqui bem perto
que molha os pés descalços da saudade
saudade de lua inchada de amar
também molha teu sonho
de me navegar...
mas constroem um prédio na frente do mar
pela fresta que me era permito sonhar
e amontoam ferro e concreto
no túmulo da ilusão dos fins de tarde
gigante lápide de tantos andares
fincado na beira do amar
bem aqui perto
entre eu e o mar...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cadê os programas de música?

Tudo bem que não tem como resgatar “o fino da bossa”, e já vai longe o tempo de “Chico & Caetano", muito mais longe vão os grandes festivais. Porém, estamos vivendo uma era tão anti musical da tv ibope, aquela que a maioria assiste, que até Globo de Ouro dá saudade. Afora os programas pouco vistos de tvs educativas ou tv senado, a música que se ouve e vê na tv é do mais baixo nível, genericamente falando, e o assunto permite derivações interessantes.
A ditadura no Brasil forjou, dolorosamente, uma geração que ouvia qualidade musical num volume infinitamente maior do que o presente, cheio de mornas liberdades democráticas. É claro que viva a liberdade democrática, mesmo que se vá ficando “atoladinha” com ela e cada um vivendo só no seu quadrado. Música de mau gosto havia também naquela época, mas era quase trucidada por uma tsunami de grandes cantores e compositores, festivais e programas de música variados, ocupando grandes espaços na mídia. Hoje é exatamente o inverso e a cultura em geral segue o mesmo caminho ladeira abaixo.

Sim, mas antes da ditadura também se produzia qualidade musical. Não tenho competência histórica para relacionar motivos, mas é bom pensar que na época da boa boemia o crime era de navalha e andava-se pelas madrugadas acompanhado de violão, risos e poemas, sem se olhar muito para os lados.
O advento da liberdade democrática nos deixou mornos. A falta cruel de investimento em educação dos governos que se sucedem, levou a tv, sedenta por vender vender vender, a criar fazendas e big brothers, ratinhos e outros roedores que vão destruindo rapidamente a inegável capacidade artística do brasileiro. Por que, sem dúvida, tem muito brasileiro bom compondo boa música, boa arte (felizmente conheço vários na minha região e imagino o que não tem pelo Brasil todo), mas, mostrar pra quem? Vender pra quem? O que vende é a mediocridade.

Uma época até andou rolando um ou outro reality show musical, que se pagava uma boa grana ao vencedor, ou direitos a produção de cds e contato com a mídia. Roberta Sá vem desse balaio tão pouco usado pra carregar cultura da telinha para as pessoas. Hoje vemos quase que tão somente apenas a cultura da mediocridade e nem preciso repetir o nome de determinados programas. Um milhão e meio pra quem for mais medíocre. Pode? Caramba, por que não fazem prêmios assim para cientistas que desenvolvam projetos para melhorar qualidade de vida? Imaginem um reality científico. Imaginem um reality cultural.

Tudo bem, não daria audiência. A escolaridade é baixa, a cultura geral também.

***

Em tempo: Aproveitando o andamento do enredo acima, o que vi no carnaval desse ano, embora tenha tido pouquíssima paciência para ver, foi um retrato dessa tendência de mesmice cultural decadente. Sempre fui ligado nos sambas de enredo, mas faz um tempão que não se ouve um que fique na memória. Com pouquíssimas excessões, são quase todos iguais, sem encantamento. Não quero advogar aquelas idéias que no meu tempo era melhor. Acho mesmo que tudo tem que ter seu andamento contemporâneo, mas, um bum bum paticumbum procurundum pra quem lembra dessa, cheia de encanto (lembrando que a melodia seguia a qualidade da letra):

Sonhar não custa nada
O meu sonho é tão real
Mergulhei nessa magia
Era tudo que eu queria
Para esse carnaval
Deixe a sua mente vagar
Não custa nada sonhar
Viajar nos braços do infinito
Onde tudo é mais bonito
Nesse mundo de ilusão
Transformar o sonho em realidade
É sonhar com a mocidade
É sonhar com o pé no chão
Estrela de luz
Que me conduz
Estrela que me faz sonhar
Amor, sonhe com os anjos (não se paga)
Não se paga pra sonhar
Eu sou a noite mais bela
Que encanta o teu sonho
Te alucina por te amar (amar, amar)
Vem nas estrelas do Céu
Vem na lua de mel
Vem me querer
Delírio sensual
Arco-íris de prazer
Amor, eu vou te anoitecer
Eu vejo a lua no céu
A mocidade a sorrir
De verde-e-branco na Sapucaí

Composição: Paulinho Mocidade, Dico da Viola e Moleque Silveira

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A mão de quatro dedos e os Illuminatis

A propaganda mundial é sempre contra as teorias da conspiração, pelo simples fato que são os conspiradores, se existirem, que controlam a propaganda mundial. Mesmo assim sempre haverá uma carrada de gente falando no assunto. Dias atrás, tentando entender sem quase nada entender de fato, sobre altas e baixas do preço do petróleo, cheguei na página de um site anti Illuminatis.
Bem, primeiro, se alguém quer saber o que são os illuminatis, tem uma boa matéria na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Illuminati) sobre o assunto. Desde os tempos que assisti um filme chamado As Pedras do Dominó (faz muito tempo), com o Gene Heckmann, que esse assunto ficou bailando entre meu mundo real e o imaginário e conspiratório, sem nunca saber qual, de fato, é o real e qual é o conspiratório. O filme tratava da ação dos tais Illumatis, embora não lembro ter ouvido esse nome quando o assisti.

A página do site anti Illuminatis (http://www.espada.eti.br/n1925.asp) em que pese todas as suas tendências de proselitismo religioso, acabou dando-me uma visão interessante sobre o assunto que eu buscava inicialmente, e vários outros que eu já havia bisbilhotado, mas com compreensão do tipo colcha de retalhos. É interessante ler, por isso não vou resumir aqui, até porque, o assunto da minha postagem, originalmente, é o motivo de estarmos pagando tão caro por um produto que caiu assustadoramente de preço no ano passado...


(O GLOBO, 02/01/2009)

LONDRES - O mercado futuro do barril do petróleo iniciou o ano agitado com uma queda de cerca de 8%, numa reação à alta da última quarta-feira. O barril tipo light, negociado em Nova York, tem perdas de US$ 2,84, a US$ 41,76, reduzindo parte dos ganhos de US$ 5,57 do último pregão do ano. Já em Londres, o barril, que teve valorização de 14% na última negociação de 2008, apresenta queda de US$ 3,06, para US$ 42,52 o barril.


Vejam que em janeiro de 2009 o barril estava US$ 42,52. Em 2008 chegou a US$ 135,00 (arredondado) e as previsões dos analistas para 2010 é que fique em torno de US$ 72,00.

É claro que temos made in Brazil a justificativa da alta do álcool que é misturado na nossa gasolina, mas, mesmo assim, temos visto uma escalada do preço de dar medo, rasgando nossos bolsos para se apoiar e subir.

Filosofando sobre o assunto com minha esposa e expondo as idéias acima, fiquei até um pouco perplexo como ela desvendou com tanta facilidade o motivo. Eu achava até que era uma especulação natural e sazonal (férias de verão), quando ela veio com um motivo bem mais realista, até mais realista do que eu postei anteriormente sobre a preparação eleitoreira do preço do álcool combustível. Ela disse:


- Ora, o preço tá subindo pra compensar os meses de baixa do ipi... vendeu um monte de carros que hoje precisam abastecer... faz de conta que vão dar alguma coisa de graça sem ganhar um monte com isso...


Confesso que fiquei em silêncio e apenas sorri. Ficou tão claro como a minha burrice em entender. Mais uma vez o governo dando com 4 dedos, e tirando com 19...
***
Em tempo: não sou de nenhum partido político.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O HACKER E O HAITI

Recebi um mail da cruz vermelha bastante melodramático, pedindo contribuição para o Haiti. No final do breve e emocionante texto, um link onde clicar para poder fazer a doação. Obviamente era um arquivo executável mandado por algum hacker. Vou deixar de lado o totalmente batido tema da exploração de todos os tipos de canais virtuais, ou não, para explorar o próximo. Achei tão engraçada, embora trágica, a situação, que cheguei a responder o mail ao hacker, dizendo:
"diante dos 375 milhões que o lula mandou ao Haiti, seria melhor você mudar a motivação do seu engodo para: vamos recuperar o dinheiro mandado pelo Lula ao Haiti"

Ninguém tenha dúvidas quanto a minha humanidade. Mesmo tendo vivienciado as catástrofes climáticas de 2008 aqui de Santa Catarina e visto o consultório de Itajaí com 1 metro de água, não consigo, nem de perto, imaginar o drama de um terremoto (e espero que nunca consiga). É claro que precisamos ser solidários, mas, se realmente foi mandado R$ 375.000.000,00 pelo governo brasileiro (G1, globo.com, 21/10/2010), já ajudamos monetariamente. Afinal, de onde vem o dinheiro do governo brasileiro? Dos impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos... que pagamos todos os dias. Então eu já ajudei. O povo brasileiro já ajudou.

E acho justo ajudar dessa forma. Mas acharia justíssimo se o governo fizesse uma destinação específica sobre determinados impostos para estes fins. E que soubéssemos quais são, para que quando eu colocasse uma colher de feijão no meu prato, pensasse que um pouco do que paguei por ele estivesse ajudando alguém a também ter um pouco de feijão no prato. De maneira clara.

Assim como seria interessante saber qual imposto específico está me dando estradas bem conservadas para viajar; boas escolas para nossos filhos estudarem; bons hospitais... bem, se for por esse rumo fico a noite toda escrevendo.

O Haiti precisa de ajuda. Nós também. Mas precisa mesmo de ajuda consistente e futurista. Depois de passado o caos, de matada a fome com ajudas internacionais, deixar esse povo viver, ajudando-o através de aberturas comerciais e culturais. Não seria melhor que mandar tropas do exército?

Estou tocado pelo povo Haitiano, ainda mais lendo a crônica da Urda, logo abaixo. Mas também estou tocado pelos paulistanos ilhados pela chuva num dos maiores amontoados urbanos do mundo. Pelos blumenauenses que ainda moram em abrigos subumanos. Por todos os brasileiros que estão também sofrendo com as intempéries deste caótico clima, que muitos cientistas estão tentando me convencer que não tem nada a ver com o que fazemos com ele.

Estou tocado pela imensa ajuda que damos a todos estes desabrigados, cada dia, a cada colher de feijão.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O REI E O MENINO – HAITI


Crônica escrita por Urda Alice Klueger, que gentilmente concordou que eu a postasse.


(Para Didier Dominique e o povo do Haiti)
(e para meu pai, Roland Klueger, que faria 88 anos hoje.)
Era uma vez um rei e um menino. Fico pensando se há alguma palavra que signifique, ao mesmo tempo, exaustão, terror, desespero e desesperança, tudo isto somado e elevado a décima potência, mas não encontro tal palavra. Só que era bem assim que estava o menino: tinha dois anos, encolhia-se de olhos catatônicos no vazio de uma calçada logo depois do terremoto do Haiti, e apareceu na televisão. Eram tantos em desespero em torno dele, eram tantos... Eram tantos os mortos em torno dele, eram tantos... Quem conseguiria prestar atenção em mais aquele menino dentro de tanta desgraça, a não ser aquele olho malicioso de uma televisão, que pegou o menino e o jogou no meu colo, sem que eu soubesse o que fazer com ele?
Era uma vez um rei e um menino. O rei era pura saúde, garbo e fidalguia: vestido com trajes tribais, tinha no rosto e no corpo os mesmo desenhos em branco, preto e vermelho que também estavam no escudo de couro que segurava na mão esquerda, pois na direita segurava a lança segura e certeira que o tornara rei tamanha a sua perícia ao caçar o leão. Ele era grande e espadaúdo, mas maior ainda era a sua fama, pois não só ao leão enfrentava: quando seu povo tinha fome, ele afrontava até os grandes elefantes, e todos viviam felizes no seu reino, bem alimentados e saudáveis, e o rei era feliz também.
Certo do poder da sua felicidade e da sua lança, o rei nunca entendeu como lhe caíra em cima aquela rede que o despojara do seu escudo, da sua lança, da sua força e da sua liberdade – como tantos outros da sua terra, teve que se curvar à chibata do traficante, aceitar a gargantilha e as algemas de ferro, resistir à longa caminhada da coleante corrente feita de gente e de ferros, viver a aviltância do navio negreiro.
A saúde antiga deu-lhe forças para chegar vivo àquela terra de degredo, de escravidão, e cruéis homens brancos de outra fala, à força de chicote, subjugaram-no e ele teve que se curvar, sem lança, sem pintura, sem escudo, e cultivar a cana que produzia o açúcar, o rum e a riqueza daqueles usurpadores da sua liberdade. Nunca mais ele foi feliz; nunca mais soube do seu povo e seu povo nunca mais soube dele, e só o que havia de belo era o mar daquela terra, todo verde, azul e transparente. Houve, também, uma mulher que reconheceu nele a fidalguia conspurcada, e antes de morrer prematuramente, o rei teve um filho, negro e lindo como ele, e que na verdade era um príncipe – mas foi um príncipe que nunca teve uma lança e que não conheceu os desenhos e as cores tribais – ao invés de leões, só houve para ele o látego do algoz.
Outros príncipes foram gerados na descendência do rei, naquela terra que parecia incrustada num mar de turmalinas, e todos tiveram a vida miserável de escravo, enquanto seus senhores tinham as vidas nababescas dos poderosos.
Um dia, já não dava mais de suportar. Eles eram mais de 500.000 negros, e os senhores eram 32.000, certos que a força do látego manteria aquela situação indefinidamente. E junto com os demais escravos os descendentes do rei lutaram e lutaram e venceram – desde 1791 a 1803 – nesse último ano venceram até o exército que Napoleão Bonaparte mandara da França. E conquistaram a liberdade!
O Haiti foi o primeiro país da América dita Latina a ser livre, a fazer a independência, isto lá em 1804, antes de todos os demais. É de se imaginar o frio que correu na espinha de tantos outros colonizadores brancos: uma república, e de negros? E se a coisa pega? Olha que escravo está tudo cheio por esta América de meu Deus! Que se faz, ai ai ai?
De modo geral, o que se podia fazer eram independências rápidas, feitas por brancos (e elas aconteceram uma depois da outra) e muita matança de negros, para evitar que a coisa trágica se repetisse e sujasse o bom nome da dita civilização européia! Sei bem como foi tal matança no Brasil: foi na guerra do Paraguai, foi na revolução Farroupilha... – não estou inteirada de como foi nos outros países, mas que a matança foi grande, lá isso foi. E a “civilização” branca quase pode respirar, aliviada – só que havia aquele pequeno país, aquele maldito pequeno país lá incrustado naquele mar de ametista, o tal do Haiti, que era um país de negros – e nunca que a tal “civilização” branca poderia deixar aquilo lá florescer de verdade – era afronta demasiada.
E nos dois últimos séculos o Haiti sofreu tudo o que é possível sofrer-se para que sua crista se quebrasse: invasões, ditaduras, golpes de Estado, o bedelho dos brancos sempre indo lá e tentando botar tudo a perder, mas a valentia daquele povo parecia indomável, e o Haiti, mesmo não conseguindo florescer como deveria, era exportador de café, de arroz, era o maior produtor de açúcar do mundo, era um país que tinha seus filhos bem alimentados a arroz, a banana, os porcos abundavam e produziam pratos deliciosos, acompanhados de banana frita, iguaria tão caribenha...
Foi agora, agorinha, no tempo da violência do neoliberalismo, o que nos leva a 1980, que o complô dos brancos resolveu que já não dava mais, que era muito absurdo em plena América ver um país de negros sobrevivendo e sobrevivendo impunemente... Então foi programada a tomada definitiva do Haiti. Foi daquelas coisas mais malévolas que as mentes doentias podem programar visando lucro: aos poucos, introduziram-se as pragas necessárias na ilha incrustada num mar de safira, e morreram todos os porcos, e depois todo o arroz, e depois toda a banana, e depois veio a praga do café.. . Aqueles negros corajosos não sobreviveriam, ah! La isso não poderia acontecer! Viveriam apenas para voltar à condição de escravos, e igualzinho como os europeus, em 1885, no Tratado de Berlim, dividiram o mapa da África à régua, causando as milhares de desgraças que estão acontecendo até hoje, os brancos do neoliberalismo pegaram o território do Haiti e o dividiram em 18 futuras zonas francas onde não haveria lei, onde o Capital imperaria, e onde, as pessoas tão famintas que estavam assando biscoitos de argila para poderem ter algo no estômago trabalhariam, de novo, em regime de escravidão. Pode parecer que tal coisa é distante de nós, mas não é. O próprio vice-presidente do Brasil, José Alencar, é alguém tão interessado no assunto que até mandou seu filho para lá para cuidar dos seus futuros interesses imperialistas. E o execrável outro dia ainda saiu do hospital, depois de mais algumas cirurgias, sorrindo para as câmaras das televisões e declarando que poderia perder tudo na vida, menos a honra. Que honra pode ter um homem assim?
(Não consigo me furtar de contar de que forma a nefanda honra do vice-presidente atingiu diretamente minha família, recentemente. Numa só tarde, uma das empresas dele, aqui na minha cidade de Blumenau/SC/Brasil, a Coteminas, demitiu 600 empregados, assim sem mais nem menos. Três primos meus, lutadores pais de famílias, perderam o emprego sem entenderem muito bem por quê – o porquê é fácil: nas novas fábricas que o “honrado” vice-presidente anda montando lá nas zonas francas do Haiti, os novos empregados trabalharão pela décima parte do salário que os meus primos ganhavam – e o salário dos meus primos já não era grande coisa.)
Bem, então tínhamos um Haiti em petição de miséria, e daí veio o terremoto. Que poderia ter acontecido de melhor para o Capitalismo e o Imperialismo dos EUA? Até o palácio presidencial do governo títere ruiu – daqui para a frente é apenas tomar posse – já não há barreiras. Ao invés de ajuda humanitária (que eles não deram nem aos flagelados do furacão Katrina, em seu próprio território) os Estados Unidos estão, descaradamente, diante de todo o mundo, fazendo a ocupação militar do Haiti com o seu exército, e tudo parece bonitinho, com a Hilary indo lá para ver como é que estão ajudando... ajudando uma ova! Alguém já viu os Estados Unidos ajudar alguém de verdade?
Não deixo de louvar as tantas e tantas equipes de tantos e tantos países que lá estão, realmente levando ajuda humanitária para aquele povo quase que nas vascas da agonia – mas a semvergonhice do Capital está lá, também, sorrindo de felicidade com sua cara de caveira.
E então o olho de uma televisão espia lá aquele menino de dois anos arrasado pela exaustão, pelo terror e pelo desespero, encolhido num vazio de uma calçada, e o joga brutalmente no meu colo – e quando tento acalmá-lo acolhendo-o junto do meu coração, ele me conta do rei, seu antepassado – aquele menino moído pelo Capital e pelo terremoto é nada mais nada menos que um príncipe, e seu antepassado que foi rei e livre caçava leões e elefantes e alimentava um povo – o menino sabia, a família sempre contara adiante o seu segredo.
Céus, céus, o que fizeram com as gentes livres da África, que quiseram apenas continuar vivendo com dignidade naquela ilha de onde já não podiam sair? Quem vai cuidar daquele menino antes que ele retorne à condição de escravo de onde seus antepassados tanto tentaram sair?
Eu choro, Haiti, choro por ti, e por teu menino, e por aquele rei. Não sei fazer outra coisa além de chorar.

Blumenau, 17 de janeiro de 2010.