quarta-feira, 25 de junho de 2008

solidão


vem solidão, me abraça com seu manto frio
a você que pertenço desde o começo
e em todos os fins
protege meus olhos da úmida dor do desencanto
me abraça
que seu abraço é meu derradeiro sonho
minha intocável vontade
apesar dos anos, que passam
e da verdade escorrida no anônimo pranto...
olha em minhas mãos
sua falta desenhada
e na minha pele as rugas
sulcadas no desespero
de sempre a encontrar antes da pessoa amada...
me abraça com calma
é seu meu tempo
e os caminhos que já foram andados
deixa o orvalho calar na janela a madrugada
e escorrer o dia e suas longas horas
tão longas horas
acalenta em mim o silêncio profundo
que tenho somente contigo
e diz baixinho em meu ouvido:
nunca mais...
e repete:
jamais...
pra que eu possa me alimentar de ilusão
tão somente
e pensar que você é só minha, imensamente
e esquecer de tantos outros corações

que se aconchegam no seu colo
e a querem como eu
e também se enganam pra viver
assim, tão inutilmente...