sexta-feira, 27 de maio de 2011

em busca de um livro...

Essa postagem caberia melhor no blog da Mônica (http://cronicasurbanas.wordpress.com)...
Estou à procura do livro VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES. É fácil de encontrar na Estante Virtual, mas, como estava querendo ler neste final de semana, comecei a procurar aqui em Florianópolis. Para não ir de loja em loja (já que nos sebos daqui não tinha), liguei para uma das livrarias, das famosas, e rolou esse dialogo:
- Você pode ver se na loja tem o livro Vida e obra de Bezerra de Menezes?
- Como é mesmo o título?
- Vida e obra de Bezerra de Menezes...
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- O autor é Bezerra de Menezes?
(Raciocínio lógico: Vida e obra, de: Bezerra de Menezes... só que eu fiquei pensando no Bezerra de Menezes ter escrito um livro chamado Vida e Obra, somente. Vida e Obra, de quem? Fantástico!!!)
- Não, o autor é Sylvio Brito de Souza
- Ah...
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- É uma biografia?
(juro que tive vontade de dizer que era um livro sobre navegação, mas o atendente poderia confundir o Bezerra com o Amyr Klink e daí não teria mais volta)
- Sim... é uma biografia. A vida e a obra de Bezerra de Menezes... curioso, não é?
- O que é curioso?
- Ser uma biografia...
- O senhor acha?
- Um pouco...
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- Não temos na loja, senhor...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O magneto... um caso de amor, também com a homeopatia...



Trecho do livro:

(...)Mas Jolly estava me aguardando um pouco ansioso, com mais uma correspondência para entregar:
– Oh! Adrien... Que bom que voltou. Havia me esquecido de uma carta de Benoît. Há dias está comigo, mas, com tanta coisa para fazer, acabei esquecendo-me dela. Vá ao numero 1 da rua de Milan, por favor... Não é longe daqui...
Apanhei o envelope que Jolly me estendia e olhei o destinatário:
“Christian Friedrich Samuel Hahnemann”
– Hahnemann? O médico? Ele ainda vive? – perguntei a Jolly, espantado.
– Pois sim, vive e trabalha muito. Agora vá, não perca tempo. De preferência, entregue em mãos.
– Isso será um grande prazer.
Já era perto das seis horas quando cheguei ao numero 1 da rua de Milan e encontrei uma sala repleta de pessoas esperando para serem atendidas. Era uma casa grande e bonita, com um jardim bem cuidado e mobília rica, porém, os pacientes que esperavam eram, evidentemente, pobres. Como, no momento, não havia ninguém recebendo os pacientes que chegavam, sentei-me a uma cadeira num canto e fiquei esperando que alguém aparecesse. Esperava abordar o médico na hora que um paciente saísse da sala de atendimentos e isso aconteceu logo, porém, foi uma mulher que apareceu conduzindo um senhor bem vestido, de casaca nova e cartola, bem diferente dos pacientes que aguardavam. Quando ela se despediu, pude ouvir o nome: barão de Rotschild. O famoso banqueiro. Um contraste entre os pacientes que esperavam e o que acabara de sair.
Depois que o barão partiu, a mulher olhou para mim e falou:
– Você não estava aqui antes, não é?
Era uma mulher bonita e seus olhos pareciam faiscar. Não tinha mais que quarenta anos e vestia-se com elegância para ser apenas uma secretária.
– Vim trazer uma correspondência ao doutor.
– Vinda de quem?
– Benoît Jules Mure, do Brasil.
– Oh! Benoît! O doutor vai ficar feliz. E quem é você?
– Adrien de Rupetin, amigo de Benoît(...)

A Revolução Francesa marcou um período de esperanças libertárias único na humanidade. Depois de séculos atrelada ao poder religioso, a ciência estava livre. Cientistas e pensadores, sérios ou não, traziam inovações espetaculares para a sociedade, transformando conceitos de conforto doméstico, produção no trabalho, saúde e diversão. O pensamento social igualitário, mesmo que deturpado pelo poder no período pós-revolução, rompia definitivamente a barreira das castas humanas e, não fosse a força da indústria nascente, movida por um capitalismo selvagem desde o primórdio, poderia ter levado a civilização a um padrão de convivência equilibrado. Mesmo que isso não tenha acontecido, era irrefreável o impulso social e científico, literário e artístico, em todas as áreas da atividade humana. Charles Fourier, Saint-Simon, Volta, Faraday, Trevithick, Mesmer, Hahnemamm, Balzac, Victor Hugo, entre tantos, não permitiam retrocessos.
O livro O Magneto é uma viagem a este tempo. Personagens como Benoît Mure, Victor Hugo, Mesmer, Hahnemann, Lachatre, Kardec, participam de passagens fictícias, porém fiéis às suas memórias e engajadas com precisão dentro do contexto histórico, fruto de uma pesquisa séria e descompromissada.
No que diz respeito à homeopatia, esta precisão pode ser vista no texto acima extraído do livro, ou então neste outro, que vem na sequência do anterior:




(...)Quando fui recolhido à sala de consulta, quem me recebeu foi um senhor que não aparentava seus mais de oitenta anos, tamanha a energia que desprendia do seu olhar. Indicou-me uma confortável poltrona e sentou na sua, atrás de uma grande mesa de trabalho. Antes de falar comigo, acendeu seu cachimbo, depois perguntou:
– É mesmo amigo de Benoît?
– Sim.
– Tenho saudade dele... Nossas discussões afiavam meu pensamento. Na verdade, tenho inveja dele. Gostaria de ter idade para ir ao Brasil... Você vai?
– Creio que sim – respondi, sem convicção e mentido, por medo de que ele perdesse o pequeno interesse em mim.
– Crê? Ora, meu filho, não estou vendo segurança nisso! Mas não é de minha conta suas decisões. Vamos, me entregue essa correspondência.
Até havia me esquecido da carta. Ele a apanhou e leu-a com calma. Embora estivesse calor, vestia uma casaca grossa, o que achei natural para sua idade. Seus cabelos ralos e brancos eram um atestado para isso, embora a energia que emanava. Depois de ler por longo tempo, olhou-me e perguntou:
– Quando os colonos vão partir?
­– Está marcado para o dia 30 deste mês, no Havre.
– Pouco tempo, pouco tempo... Benoît está curioso para saber da próxima edição do Organon. A sexta edição. Será a melhor de todas. Ele quer uma cópia. Sempre curioso o meu amigo. Mas ainda não posso mandar... tem muitos detalhes... dia 30, é pouco tempo...(...)

Ou então esta outra passagem:




(...)Namur preparara muitos vidros de homeopatia, para cada um, individualmente, e pediu-nos para tomar, preventivamente.
– A ideia é manter o corpo forte – dizia ele.
– Como sabe qual medicamento devemos tomar? – perguntei.
– Hahnemann nos brindou com a ideia do gênio epidêmico para combater epidemias. Muitos outros homeopatas já têm testado diversos medicamentos contra essa doença.
– Gênio epidêmico? O que é isso?
– Invenção de Hahnemann. É a identificação de um conjunto de sintomas apresentados por um grupo de doentes de uma referida doença. Com a análise destes sintomas, o homeopata consegue identificar o medicamento que mais se assemelha a essa manifestação da doença. Os resultados costumam ser surpreendentes. Tão surpreendentes que, dependendo da região, um medicamento pode agir melhor que outro. Porém, mesmo assim, a peste bubônica costuma ser um terror e espero que não tenhamos mais nenhum caso. Felizmente, eu tenho alguns destes medicamentos já analisados(...)

O romance ainda traz como personagem o médico Benoît Mure, que veio ao Brasil movido pelo sonho Fourierista de criar uma sociedade harmônica na região do Saí, então pertencente a São Francisco, província de Santa Catarina. Mesmo que não tenha alcançado seus objetivos neste projeto, Benoît Mure é reconhecido por ser o introdutor da homeopatia em nossa pátria, onde criou, em 1843, o Instituto Homeopático do Brasil.






1.a edição, 2011, 432 páginas, Editora 3 de outubro.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

sobre o ALEXANDRE ROCHA


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eu quis fazer um agradecimento no livro para o Alexandre, meu editor e ele encontrou uma maneira de fugir disso, alegando que todo o trabalho que estava tendo era apenas sua obrigação, e que, por norma da editora, isso não poderia acontecer. Bem, como eu poderia contestar? Porém, aqui no blog...

o agradecimento que levo a público não se refere apenas ao excelente trabalho que ele fez com O Magneto, ou com o Paris, setembro de 1793. Vai além disso. Mesmo que eu tenha tido um relacionamento muito honesto com as editoras Hemisfério Sul e Momento Atual, dos meus outros livros, a bagagem que trago da vida literária é composta muito mais de frustrações que alegrias. Não estou me referindo às reações dos leitores dos meus livros, que sempre me estimularam muito. Este fato, por sinal, fazia aumentar o abismo da insatisfação, porque não havia como não me perguntar: se tanta gente gosta dos livros, porque tanta dificuldade?

Os muito bons escritores que andam por aí, lutando para serem bem publicados, sabem do que estou falando. Sabem o que é entrar numa livraria e ver pilhas e pilhas de Segredos e autoajudas, livros de celebridades midiáticas ou apenas apelativos, e o seu bom trabalho sem espaço. Sabem o que é a velha e estigmatizada resposta copiada e colada das editoras: embora a qualidade do seu texto, estamos com a linha editorial esgotada para os próximos 200 anos...

O agradecimento que levo a público é pelo fato de o Alexandre ter me publicado bem. Sabemos, nós escritores, o quanto isso é difícil. Desde o nosso primeiro contato, fui tratado com um respeito pouco comum e tenho certeza que não é pelo fato de termos nos tornado amigos, que ele fez o que fez pelo magneto. Ele fez este trabalho porque trata seus escritores com respeito. Não nos deixa sem respostas. Não faz concorrência intelectual. Faz críticas construtivas e não tem pudores em elogiar, nem bajula para conquistar vantagens.

Devido a tudo isso, acho até melhor não agradecer, tenho certeza que ele não precisa disso. Melhor é só afirmar que é um grande prazer, uma imensa alegria, ser escritor da editora dele.
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