domingo, 29 de janeiro de 2012

Mãos ao alto!!! O radar está ligado...


No início de dezembro do ano passado, numa das minhas idas rotineiras para Florianópolis pela BR 101, na descida antes da entrada principal de Itapema havia um carro da polícia rodoviária com um radar móvel. Ótimo! Com tantos malucos em excesso de velocidade, tem que monitorar mesmo! 

O excesso de velocidade é uma loucura sem conta. Já fiz isso e hoje me condeno. Há algum tempo atrás eu poderia achar impossível dirigir na velocidade permitida de 100 km/h da BR 101 aqui em Santa Catarina. Felizmente, descobri que conseguia. Nunca me meti em encrenca por dirigir dos 130 pra cima, mas tenho absoluta certeza que foi apenas por sorte. O único acidente grave que me envolvi estava no limite permitido quando um caminhão invadiu minha pista, logo depois que fiz uma curva (nesta mesma 101). O carro deu perda total, mas eu saí ileso. Considero que sempre tive sorte. Atualmente navego por aí na base dos 100 e descobri algo muito interessante: chego em qualquer destino muito menos cansado, muito menos estressado. Além de exigir um nível menor de atenção, tenho a sensação que fico dentro de um fluxo energético comum das estradas. Parece que excedendo a velocidade há um atrito com este fluxo energético que nos desgasta intensamente. Eu sei que não é fácil pra muita gente sentar num objeto de poder (que quase sempre não têm na vida social) e não se alucinar. Tantos cavalos malucos, loucos pra dispararem ao toque do pé direito... então vamos lá, direto para o corredor da(s) morte(s).

Por isso é ótimo vermos radares controlando os tresloucados. Mas seria ótimo mesmo se a intenção fosse somente educar o trânsito (e olha que considero que, pelo menos por enquanto, a melhor forma de educar é  pelo bolso). É totalmente contra a cidadania, imoral mesmo, usar os radares para melhorar os cofres do poder público. Um verdadeiro assalto. 

Nos quase 30 anos que trafego pela 101 aqui no estado, jamais vi algum acidente onde a polícia rodoviária colocou o radar na entrada de Itapema. Jamais vi uma situação de perigo. Acontece que ali é uma descida onde é preciso frear para manter o carro nos 100 km/h. Felizmente eu freio, por isso passei ileso, mas a maioria das pessoas que não correm, que se cuidam no trânsito, deixam o carro rolar um pouco numa situação como essa, e podem se ferrar. Por que não vão monitorar os locais com reincidência de acidentes? Qual a intenção de se colocar radares em locais assim, senão nos assaltar mais uma vez? Dirigir pelas nossas estradas já é uma afronta à cidadania, considerando a carga tributária que pagamos. As poucas estradas são de má qualidade e quando são boas, da-lhe pedágio! (quantas estradas novas estão sendo construídas no Brasil?)

Neste mesmo mês de dezembro de 2011 fomos até Blumenau num domingo e, perto das 11 horas, passando por Gaspar, vimos que a polícia tinha parado um carro com alguns jovens na pista contrária. Logo em seguida vimos um carro com radar. Fomos embora, dentro do limite permitido, pois consegui incorporar isso à rotina das estradas. Grande surpresa foi descobrir que fomos multados por excesso de velocidade neste trecho, naquele dia. Uma viagem de domingo tranquila, sem pressa nenhuma, sem nenhum risco, e os cofres do governo se abastecendo do pouco que temos de entretenimento. Que piada de mal gosto! 

Na semana passada a Grasiela foi levar a mãe na rodoviária em Florianópolis e parou o carro na área de embarque e desembarque. Deixou o pisca-alerta ligado e desceu com a mãe para ajudar levar a mala; viu o horário do ônibus e voltou para o carro, que já estava devidamente multado. Os policiais passam com frequência pelas inúmeras arapucas urbanas montadas na cidade com essa intenção (e haja arapuca assim em Florianópolis!). Enquanto ladrões explodem caixas eletrônicos, arrombam carros, invadem casas, os policiais circulam pelas arapucas da cidade, montadas para faturar em cima da nossa pressa e necessidade. 

Levantem as mãos, caros leitores, cada vez que saírem de casa, principalmente se estiverem com seus carros. O assalto vem de quem deveria nos proteger.

obs... (pós escrito) vale mais um tempinho e ler o comentário do Arthur nos comentários...
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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

depois de um tempo

Não veio ninguém
Passou o dia
Solto a fita da janela
Corro os dedos na cortina
Fecho os olhos
e o ouvido vai buscar algum som
Uma esperança de pedra rolada
Na estrada
Por onde não veio ninguém
Recolho os pratos
Dobro a toalha
Espero
Respiro
O silêncio nos permite lembrar que respiramos
Guardo os doces
Amanhã?
Apago a luz da sala
e chego a pensar em apalpar o silêncio
de tão denso
parece um corpo estendido na escuridão
derramado sobre o tempo
sobre as imagens que se desvanecem
em retratos que vão perdendo a cor
memórias débeis
corro
fecho rapidamente a porta do quarto atrás de mim
é preciso
para que mais nenhuma solidão venha junto
já basta a dos outros retratos
colados na retina
que teimam em não perder a cor
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

silêncio




às vezes a alegria me visita
tardo em percebê-la
ainda mais em entendê-la
fora os desatinos do riso
não estou habituado a ela
mora em mim mais facilmente a tristeza
habita as horas longas do pensamento
segura e silenciosa
não gosta de palavras
corre nas minhas veias blindando brechas
por onde se infiltrar outras insanidades
às vezes a alegria me passeia
quase mais na pele, por fora
me estremece, arrepia
e se entra
é como um vento que passa e vai embora
pode até bater janelas
me fazer falar besteiras
ou só falar
voar papéis
quebrar cristais
mas a tristeza é hábil com as trancas
a casa é sua
me limpa rápido da desordem
coloca tudo em seu lugar
depois senta no sofá do canto
e brinca de arranjar as palavras mudas
no grande álbum das coisas
que eu não devo mais falar

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CAOS NO TRÂNSITO


Queridos vereadores, prefeitos, deputados caseiros e nacionais, governadores, senadores, presidentes (é, no plural mesmo), gostaria de dizer que fiquei muito contente nestes dias de férias por vê-los em seus carros (normalmente humildes) parados nas filas dos infinitos congestionamentos da nossa IMENSA malha viária. Fiquei ainda mais feliz ao vê-los comportadamente nas filas, sem ultrapassar pelo acostamento, pagando os pedágios, cedendo passagem... que lindo!!! Senti minha cidadania recompensada a ponto de não me importar com as horas perdidas, afinal, não foram tão perdidas: os casais tiveram mais tempo para conversar; os filhos inventaram brincadeiras incríveis; novas amizades foram feitas por aqueles que não têm ar condicionado no carro e mantêm a janelas abertas... e muitos aprenderam que não há porque se estressar em cumprir horários, porque isso pode causar mal à saúde. Parabéns, queridos representantes públicos! Vou continuar votando em vocês com alegria no coração e certeza de que, se não podem contribuir para um Brasil melhor nas áreas básicas de transporte, educação, saúde e segurança, é porque o país é pobre, falta dinheiro para quase tudo. Temos que entender que somos apenas a sexta economia do mundo (passamos a Inglaterra... e olhem a quantidade de problemas semelhantes que a Inglaterra passa). Começo 2012 realmente emocionado com a galhardia dos nobres homens públicos, que dividiram conosco, de perto, no local, esta dificuldade.

imagem do blog http://www.mtaqui.com.br
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