meus dedos deslizam leves
na pele imaginada
e sinto a delicadeza do arrepio contido dentro da alma
meus lábios tocam os lábios
o sonho se reparte em espera e vontade
desejo e solidão
e penso haver alguma loucura calculada
nos olhos desta mulher
silenciosos como a madrugada
beijo seus seios
seu peito se apressa, descompassa
corro meu sonho no seu corpo
e sua vontade pensa fugir
correr para alguma distante primavera
não a prendo
tampouco aprendo
tampouco aprendo
não se pode prender um anjo do silêncio
e a vejo debater-se
como se meus braços fossem a prisão
de todas seus desejos não revelados
então, aflita
entende que tenho já as mãos amarradas
presas na cabeceira da ilusão
não mais a toco
e o que a prende
a sufoca
é a saudade
das noites de amor