quinta-feira, 25 de junho de 2009

CPI DNIT

vem aí a CPI no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte)... sabem por que? O órgão gasta mais de 5 bilhões por ano e... e? Bem, basta ver como estão nossas estradas... pra onde vai esse dinheiro todo? Pra tapar buraco?

Pra quem não sabe, o DNIT substituiu o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem)

Por que estou postando isso?

é só ler a postagem abaixo...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

cidadania européia



É aquela história da primeira vez que a gente nunca esquece. Confesso que essa primeira vez não vai dar pra esquecer mesmo. Nestes primeiros dias, depois que voltamos de Paris, última cidade da viagem, me cobrei muito devido à sensação que me acompanhava. Algo meio parecido com uma falta não sei bem do quê, ou uma vaga espécie de depressão. Depressão pós viagem? Eu? Eu que sempre me achei assim tão brasileiro e me orgulhava da pátria amada? Eu que desprezava a arrogância européia, e ainda mais os brasileiros que se derretiam diante dos fascínios do primeiro mundo? Como eu poderia estar sentindo a falta de alguma coisa que ficou por lá? Mas estava. E não era só o fato de ficar 17 dias sem celular, longe dos problemas, das contas (que cresceram muito, é óbvio). Era alguma coisa a mais. Hoje descobri, e foi numa coisa tola. Eu estava parado na 470, indo para Rio do Sul trabalhar, num dos pontos em obras, quando uma camionete saiu da fila, se enfiou no meio dos carros, saiu lá na frente, e “se deu bem”. Logo liberou o trânsito e me vi numa fila interminável de carros em trânsito lento, pista simples, mal conservada. Caiu a ficha. (deputados e senadores não andam de carro em estradas assim, e nem mesmo de classe econômica nos vôos). Eu não estava sentido a falta só das coisas, das paisagens, dos bonjours, bonjornos, e dos vinhos. A falta maior era da cidadania.

É claro que 15 dias é pouco tempo pra considerações profundas, mas o que mais salta aos olhos na região que visitamos (Veneza, Florença, Siena, Menton, Aix en Provence, Avignon, Marselha e Paris, além das pequenas cidades onde passamos e não dormimos) é a notória consciência que o cidadão e o estado europeus têm de seus direitos e deveres. Em hipótese alguma são seres humanos melhores que nós. O europeu não costuma ser gentil, mas é educado. E é a educação, como sempre, o grande alicerce da cidadania. A criança de lá cresce habituada a não ter que dar um jeito fora do contexto pra se dar bem na vida. A cidadania segue uma regra, que passa por pagamentos de impostos e a óbvia retribuição do governo com escola de qualidade, saúde de qualidade, estradas e transporte de qualidade (as estradas pedagiadas sempre têm vicinais como opção para o mesmo percurso). Emprego e renda acaba sendo uma conseqüência de empenho e talento individual, mas ninguém pode reclamar da falta de oportunidade de desenvolver esse talento. Por lá o malandro que se dá bem é a exceção, o exemplo a não ser seguido, e chama a atenção. Por lá, se o malandro for apanhado, vai ser punido.

Na Itália estava tendo campanha política. Eleição não é mega-sena, corrida de cavalo ou partida de futebol, que se aposta pra ver quem vai ganhar. O cidadão educado vota com consciência. Seu voto está diretamente ligado ao seu grau de instrução, por que lhe é dado a possibilidade natural de ter um bom grau de instrução. O voto lá não é dependente de uma carrada de barro, uma sesta básica ou de uma bolsa família, imensa sementeira de votos e perpetuação “inteligente” no poder. Eu soube que somente 30% dos eleitores foram às urnas. Pode não ser bom para a democracia esse baixo índice de comparecimento, porém, ainda é muito melhor o voto não ser obrigatório. Existe democracia verdadeira com voto "obrigatório"?

Nós alugamos um carro em Florença e entregamos uma semana depois em Marselha. Fizemos mais de 1900 km. Nenhuma fechada, buzinada, reclamação, mesmo com o nosso andar ás vezes lento pra entender o caminho. Paramos em estacionamentos com parquímetro e sem guarda ou cancela. Quem quisesse pagar pagava, e todos pagavam. Pequenos exemplos.

Por aqui há tanta beleza também, ou mais. Mas não há cidadania. Não há escolas (minha maior decepção com o governo Lula). Não há acesso à escola. Não há estradas, transporte (perdemos milhões transportando de caminhão as safras por estradas sofríveis). Não há assistência eficiente á saúde. Não há segurança, nem justiça eficiente que se aplique aos delinqüentes de todos os níveis, eleitos ou não. Não há retorno aos mais de 5 meses por ano que trabalhamos para pagar impostos. Não há cidadania.
Programas sociais eleitoreiros mantam a fome, não incutem dignidade. Construir salas de aula não é política de escolaridade. Tapa buraco nas estradas não é reforma nos transportes. E o que falar da saúde? De onde vem o dinheiro para o europeu ter estrutura de vida proporcionada pelo estado? Com certeza não vem da corrupção. E eles pagam menos impostos que nós. Você acha que não? Então pense em proporcionalidade... quanto do imposto que pagamos reverte em benefícios sociais reais? Então? Quem paga mais imposto?

A lista de diferenças pode ser infindável e, se eu continuar a citá-las, vou ficar igual aos brazucas europatizados que eu sempre desprezei, e hoje chego a compreendê-los.

Muitos podem alegar que a riqueza deles começou com as caravelas de ouro e esmeraldas levadas do Brasil, ou que o protecionismo do governo ao produtor rural de lá aniquila o comércio de exportação dos emergentes. Que eles são arrogantes, insensíveis, prepotentes. Que são racistas, não tomam banho (e tomam pouco mesmo). Como eu disse, eles não são seres humanos melhores que nós, muito pelo contrário, mas são melhores educados, desde o começo. São cidadãos, nós não somos. Quem sabe um dia!

Ah! A foto lá do começo é de Iles Sur la Sorgue, conhecida como pequena Veneza francesa. Uma cidadezinha entrecortada por canais de águas limpíssimas e cheias de trutas, que são servidas em todos os muitos restaurantes. Um dia volto pra lá, e levo um caniço.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

tristeza


tem uma tristeza
de lágrima que ninguém vê
distraída
sem razão
que parece ter a ver com o coração
mas que é melhor não saber
melhor deixar ir ficando esquecida
uma vontade de ser tudo o que já se foi
e não ter o tempo que ainda vai ser

tem uma tristeza
assim meio sazonal
meio de ciclo, meio lua
mas que pula fases sem vir
e depois assusta
visceral, anônima, crua
sem aviso de chegada
sem hora pra partir

tem uma tristeza silenciosa
que corta minhas palavras ao meio
uma neblina de madrugada
escondendo o fim da rua
e as esquinas onde eu creio
deveria virar

tem uma tristeza escondida
em algum lugar
onde não quero encontrar

domingo, 3 de maio de 2009

Resposta Brilhante

Millôr Fernandes lançou um desafio através de uma pergunta:
- Qual a diferença entre Político e Ladrão ?
Chamou muita atenção a resposta enviada por um leitor :- Caro Millôr, após longa pesquisa cheguei a esta conclusão : a diferença entre o político e o ladrão é que um eu escolho, o outro me escolhe. Estou certo ? Fábio Viltrakis, Santos-SP.Eis a réplica do Millôr :- Puxa, Viltrakis, você é um gênio... Foi o único que conseguiu achar uma diferença !

terça-feira, 14 de abril de 2009

notícias sobre o Paris, setembro de 1793

o livro tá indo bem por aí... tem até comunidade no orkut. Uma amiga que estava em Cuiabá, foi comprar um livro pra dar de presente para a sobrinha e deu de cara com ele numa livraria de shopping. Tenho recebido e-mails de Fortaleza, Salvador... o ego literário anda meio inchado, confesso... Esses dias recebi uma planilha de vendas da editora, já passamos de 15 mil exemplares vendidos... Está indo bem, mas se você ainda não leu, leia... ajude um escritor ainda quase anônimo.

domingo, 5 de abril de 2009

segunda-feira, 16 de março de 2009

do livro Paris...


méritos

a noite passou e eu a vi inteira
a pior solidão é ver o tempo
sentei-me ao pé da porta de casa
já era dia
o tempo sentou-se ao meu lado
no jardim as flores eram flores
a chuva era chuva
tudo era o que tinha de ser
apenas eu era
o que merecia

terça-feira, 3 de março de 2009

ILHA DO MEL


aos poucos, bem aos poucos, a ilha vai se transformando... é claro que não me refiro ao tempo dos geradores e barquinhos de pescadores levando o pessoal. São novas pousadas sofisticadas (quem sabe um dia as mais antigas aprendam a diferença entre rústico e enjanbrado), novas construções, pulseirinha de turista e entrada mais cara, alguns blindex... tudo bem, é necessário, e essas modificações ainda não conseguiram ferir em nada sua magia, sua quietude, sua paz. A ilha continua linda e, mais que linda, com seu encanto sutil de drenar da nossa alma as tensões e cansaços... quem ainda não foi, vá, mas com profundo respeito.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

CIRURGIÃO DENTISTA AMEAÇA A SEGURANÇA NACIONAL





Esta minha vida dividida entre literatura e odontologia me posiciona, muitas vezes, num meio termo entre o avoamento e os horários marcados. E neste espaço insólito me ocorrem situações tantas vezes recriminadas pelos perfeccionistas do tempo (que felizmente existem na luta contra o caos). Hoje pela manhã, 02 de fevereiro de 2009, segunda-feira, voltei do apartamento da praia da família da minha esposa, com ela e no carro dela, e esqueci a chave do meu carro lá (em Canasvieiras). Sei que muitos me olhariam de canto de olho e sobrancelha arqueada, mas...
Felizmente minha sogra ainda não tinha saído da praia e combinamos que eu esperaria na frente do prédio, onde ela obrigatoriamente passaria e, rapidamente, eu pegaria a chave. Horário: 10:45h. Local: Rua Bocaiúva. Temperatura: na casa dos 30°. De um lado da rua estreita, sol, do outro, sombra. Posso ser esquecido, mas não burro (ao menos acho que não), então esperei do outro lado, onde, por sinal, poderia ver melhor o carro dela chegando, para evitar o menor transtorno ao trânsito possível, se isso é realmente possível na rua Bocaiúva. Não me ocorreu nenhuma preocupação o fato de o “outro lado da rua” ser a calçada e o muro da Brigado do Supremo Exército Brasileiro, muito pelo contrário, senti-me amplamente protegido pelo respeito das fardas verdes que por ali transitam. Porém, para minha surpresa, cerca de 5 minutos depois de eu estar ali parado, na sombra, fui abordado por um soldado plenamente armado, do outro lado do muro, e aconteceu o seguinte brusco diálogo:
- Posso saber o que o senhor faz aí parado?
- Estou esperando minha sogra passar de carro para me entregar uma chave – respondi, achando naturalmente razoável minha explicação.
- O senhor não pode permanecer aí parado.
- Mas eu estou numa rua pública...
- O senhor está numa área militar... e aí o senhor não pode ficar parado.
- Mas, meu amigo, eu moro aqui na frente, sou dentista (creio que fiz bem em esconder minha faceta de escritor, uma vaga reminiscência passou arrepiando a pele da memória), pago meus impostos em dia e não vou permanecer parado aqui por mais de cinco minutos... do outro lado tem sol (entenda-se que do outro lado não é mais que 5 metros).
- Senhor, meu pai também é dentista, e eu estou apenas cumprindo ordens superiores. Aí onde o senhor está só é permitido passar caminhando. O senhor não pode ficar aí parado.
Achei curioso ele me informar que o pai dele também era dentista, mas só diante do inusitado da informação, pois dentista quase toda família tem um, ou alguns, hoje em dia. Também achei interessante ele se referir tanto ao fato de eu ficar parado, por isso perguntei:
- Ah! Então se eu estiver caminhando eu posso esperar minha sogra?
- Sim senhor. Caminhando pode.
- Não vou ser baleado por uma atitude insubmissa?
- Não, senhor.
Os próximos 5 minutos, ou um pouco mais (minha sogra é bastante cuidadosa no trânsito), passei caminhando lentamente, muito lentamente, na frente da brigada e tentando controlar aqueles ímpetos anárquicos que somente piorariam a situação. É claro que divaguei livremente, ao menos divagar se pode fazer andando ou parado, sobre um fato que eu não sabia sobre a nossa soberana democracia, tão bem protegida pelo exército brasileiro:
“temos liberdade constitucional de ir e vir... mas talvez não de ficar”
Na verdade, não quero discutir se eu tinha ou não direito de ficar ali parado (afinal, poderia ser um terrorista disfarçado de dentista bonzinho). Estou querendo é continuar refletindo, como naqueles tensos minutos em que eu andava lentamente, ao abrigo fresco das árvores que crescem além dos muros da brigada da rua Bocaiúva.
O episódio tem seu lado cômico, porém, muito mais profundo e perturbador é o seu lado trágico, e que me leva a perguntar: pra que serve o exército brasileiro? Não, esperem, não me venham com respostas prontas, pois as respostas prontas sempre só servem por um determinado período de tempo, depois caem, por que tudo muda o tempo todo. As sociedades mudam. O que eu quero saber é: pra que o exército brasileiro está servindo hoje, neste ano da graça de 2009, durante um regime democrático que tem manifestações que impressionam o mundo, e cacoetes da ditadura que chafurdam no atoleiro dos direitos humanos desprezados?
Se nem o grande patrimônio brasileiro, cobiçado por todos os países que eternamente invejam o nosso berço esplêndido, que é a Amazônia, não temos nem contingência, nem inteligência, suficiente para manter a salvaguardo dos interesses internacionais, em prol da nossa soberania, eu pergunto: pra que serve?
Fronteiras vazadas por drogas e armamentos. Centenas de ONGs internacionais surrupiando nossas riquezas e patenteando as heranças de Cabral. Então?
Daí eu vejo o índice de criminalidade, a marginalidade intumescida das grandes cidades, a baixa escolaridade, adolescentes com uma vida inútil de até 22 anos. Culpa de quem? É claro que a culpa é dos políticos, mas não é deles que estou refletindo aqui, até porque, se eu apresentasse esse problema ao famoso gênio da lâmpada, rapidamente ele falaria - o que é mesmo que você gostaria de fazer com o exército?
Então a culpa é do exército (e da marinha, e da aeronáutica, é óbvio).
Eu não tenho a menor dúvida que a única primeira medida de solução para os grandes problemas sociais brasileiros, é construir escolas e possibilitar o acesso à escola a toda população. Vejam bem: primeira medida. É claro que isso não dá voto, mas estamos falando em solução e não em tapeação.
Se o exército está vivendo de inércia e de abordar cirurgiões dentistas parados na frente de suas brigadas, por que não se investir em escolas militares gratuitas, que comecem a instrução desde a infância e ofereçam possibilidade de carreira?
Loucura? Loucura é o caminho que estamos indo, tentando nos desviar de balas perdidas, rios que transbordam e morros que caem. Podem argumentar que não seria possível devido aos custos. Mas quanto custa um detento aos cofres públicos? E um baleado num hospital público (coitado!)? E tantas outras despesas que pagamos para sustentar o caos, que só interessa a quem quer manter o povo alienado e sem tempo para refletir. Por sinal, vocês já perceberam que, normalmente, quem mais trabalha é quem mais teria condições de mudar a sociedade. É mais uma coisa pra se pensar.
Também podem falar que não é tradição, nem obrigação do exército essa medida. E daí? Quais as tradições brasileiras que têm trazido algum benefício social consistente? Imaginem o grande contingente humano encontrando, na defesa da pátria (e não estou falando em guerras), uma nova oportunidade social, desde as fronteiras até os profundos sertões do país, onde ainda se troca um voto por uma cesta básica ou algum medicamento de emergência. Desde o CINDACTA até a prevenção de enchentes e deslizamentos.

Você não ficaria feliz por saber que o seu dinheiro de impostos está tirando o bandido da rua antes que ele se torne bandido? Que o seu dinheiro está transformando um futuro marginal num cidadão com qualidade de vida e que vai lutar para melhorar a nossa qualidade de vida?
Por que não?
Como? Não é o exército que pode decidir sobre isso? Precisaria mudar a constituição? Ah! Precisaria dos políticos... Huumm, entendo... o gênio da lâmpada não vai topar essa. Pôxa, e pensar que eles se elegem com nossos votos...