sábado, 19 de março de 2011

O TEMPO E O VENTO, O VOTO E O EGITO.

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(...)Maria Valéria estava na cozinha a fazer um tacho de doce de coco. Da água-furtada vinham os acordes abafados da Heróica. De vez em quando Flora abria os olhos e via pela janela um pedaço do céu esbraseado do anoitecer. Sentia uma tristeza resignada e lânguida. Não. Aquela revolução não lhe dava medo... Sabia que Rodrigo estaria seguro dentro do trem do Presidente. A tristeza lhe vinha da compreensão a que chegara, da inutilidade de todos os gestos, da monotonia com que os fatos se repetiam. Os homens insistiam nos mesmos erros. Pronunciavam frases antigas com um entusiamo novo. Encontravam justificativas para matar e morrer, e estavam sempre dispostos a acreditar que "desta vez a coisa vai ser diferente" (...)
(...)São quase sete e meia da noite, as luzes da cidade já estão acesas, mas vêem-se ainda no firmamento vestígios do lento e rico crepúsculo que os dois amigos apreciaram através das janelas do Recreio Florentino, e que levou Tio Bicho a observar: "É uma sorte o pôr do sol não depender do governo e de nenhuma autarquia, porque, se dependesse, o trabalho cairia nas garras de funcionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra do material, acabariam usando tintas ordinárias... e nós não teríamos espetáculos como este."
Bravo Veríssimo! O pai. Trechos tirados de "O tempo e o vento, O arquípélago". O primeiro, quando acontece a revolução de 1930 e Getúlio assume o poder. O segundo em 1945, no fim do Estado Novo. Alguém tem dúvida da modernidade do assunto?
(...)— No Brasil há uma quantidade impressionante de crianças abandonadas. Os projetos do governo são tacanhos e a cidadania por lá ainda engatinha. Educação e saúde são argumentos de campanhas antes de qualquer eleição, mas, raramente saem do papel. É um país em crescimento, onde o povo ainda está habituado com uma forma meio medieval de governo, onde os grandes cobram e a população apenas paga, sem entender que poderiam, e deveriam, exigir retorno(...)
Trecho do meu próximo livro, que não deve demorar a sair. Ei! Parem! Não há nenhuma pretensão de me comparar ao mestre. Longe disso. Estou colocando os textos para embasar uma pergunta: Alguém tem alguma idéia do que se pode fazer para mudarmos a situação?
Quem (que trabalha a sério) não está cansado de pagar pagar pagar pagar pagar impostos? Impostos diretos, indiretos, embutidos, justos, imorais, indecentes, sacanas, abusados, abusivos... impostos com todos os adjetivos imagináveis, e finalidades inimagináveis. Não estamos na idade média, pagando pela suntuosidade da corte?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de pagar impostos justos?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter o retorno pelos impostos que paga?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver os senadores e deputados recebendo um ordenado que merecem?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver policiais, trabalhadores da saúde e professores recebendo salários adequados à importância que têm?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria que tivéssemos bem menos (muito menos) vereadores, deputados e senadores?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter estradas melhores, transporte coletivo eficiente, escolas públicas de boa qualidade, saúde... deu!!!!
Tem muito mais coisa que todos gostariam (mesmo quem não trabalha a sério). Mas, o que fazer para termos tudo isso, já que ninguém tem dúvida que merecemos? Uma revolução popular? Enfrentar o exército (ao menos eles teriam o que fazer)? Pintar a cara e sair às ruas? Mas, se formos para a rua, quem paga as nossas contas? Quem trabalha, e tem que trabalhar muito para dar conta de pagar os impostos e tudo que não recebemos pelos impostos pagos, não tem tempo para isso. Então vamos continuar trabalhando, mas paramos de pagar impostos. Não pagamos mais nada até tudo mudar. Ah! Não pagar impostos no Brasil é virar "ladrão de galinha" rapidamente. Ou paga, ou se dá muito mal. Mas não os grandes, obviamente, estes nunca viram "ladrão de galinha".
Então? Ah! Já sei... Alguém vai me dizer que precisamos votar bem. Escolher melhor o candidato. Exercer o nosso "direito" democrático e votar em quem pode nos representar.
Tá bem. Então me digam, vocês eleitores que votaram: Em quem vocês votaram mesmo? O que os candidatos que receberam seu voto estão fazendo para mudar o quadro acima citado? Vocês viram mais alguma vez os seus candidatos depois da eleição? Se você quiser falar com o seu candidato para reclamar da situação, é possível?
Nem vou me alongar aqui falando da ineficiência da vontade popular batendo de frente com o muro alto das grandes corporações, e seu domínio sobre os políticos das nações que têm interesse. Vou tentar ser objetivo.
Brasileiros e brasileiras, nós temos uma saída. Podemos promover uma revolução limpa, sem danos materiais e sem morte, através do VOTO.
Isso mesmo, do voto. Qual o maior interesse que qualquer político com a população? Sem dúvida, o voto. A mente do povo é bombardeada "com frases antigas com um entusiasmo novo, na certeza que desta vez vai ser diferente", com uma única intensão: o voto.
O voto é a única coisa que temos de valor para o político. Então, se o político não faz nada para melhorar a nossa vida, não nos dá nada do que precisamos, por que vamos dar a ele o nosso voto?
O caminho da revolução limpa, sem danos materiais e morte, é o voto que precisamos, urgentemente, parar de dar a essa canalha, até que a vontade e as necessidades do povo sejam respeitadas.
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Em tempo: parabéns ao Egito e à tecnologia, que une as pessoas, ideias e ideais.
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

IMPRENSA SEM CULHÃO

(foto: Tom Dib)

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mesmo que tenha sido por motivos políticos internos, chamou a atenção a ação dos torcedores do corinthians, invadindo CT e apedrejando o ônibus dos jogadores. Quanta disposição! Será que perderam um dia de trabalho pra isso?
O Marcão, goleiro do Palmeiras, após o jogo contra o corinthians, falou que gostaria de ver essa disposição usada contra políticos que desviam verbas públicas (e vamos emendar com os deputados e senadores que subiram os salários ao seu gosto). Certo. Todos gostaríamos e ele é um dos poucos do meio com culhão pra falar isso, e o motivo deste post é exatamente isso: O CULHÃO da imprensa.
A imprensa brasileira tem tido sua natural competência pra destacar por horas a atitude insanade uma ex-modelo bototizada. Horas de destaque à revolta popular no Egito (mas sem nunca vincular o exemplo deles à nossa alienação). Tanto tempo pra falar da Simone Richtofen (aja paciência!!). Porém, cadê o culhão pra atacar os problemas gravíssimos de infra estrutura que continuamos vivendo? O que há com a imprensa? Cansou de mostrar a podridão emergente do planalto central? Acha que não vale mais a pena, porque o povo continua achando que tá tudo certo e que compensa mais apedrejar ônibus de time que perde? Onde está a ação formativa decorrente da função informativa da imprensa? O aumento de salário de deputados e senadores mal coube em notas de rodapé da imprensa escrita, e rápidos comentários na falada. Mesmo quando a informação era dada com algum destaque, dava-se a impressão que o fato consumado do salário elevado era apenas mais um sapo a ser engolido pela população, e nada mais. Nada mais?
Historicamente, rios transbordam e morros deslizam. Caramba! Eu falei historicamente! Então não é novidade! E o que se faz pra evitar os danos? Na Austrália se faz e quase ninguém morre. Com dinheiro público, que aqui vai pra cueca. Aqui os políticos que deveriam ser responsáveis pela prevenção confirmam que os projetos nunca saíram do papel.
Estamos vivendo a era do congestionamento. O governo ganhou milhões com os impostos sobre a venda de carros. Veio a crise e o governo baixou o IPI. Fantástico! Todo mundo tem carro, mas não tem estrada, nem rua, nem viaduto, nem ponte, nem estacionamento. Daí veio o aumento do álcool. Um amigo meu me falou que o governo ganha pouco com os impostos sobre o álcool. Será possível que ninguém entende que é bem por isso que subiu? Assim os milhões de otários que entraram na onda do carro flex voltaram pra gasolina, por que é mais econômico para o bolso e, sobre a caríssima gasolina brasileira o governo ganha muito, muito! E NA IMPRENSA NINGUÉM FALA DISSO!!!! Como se fosse normal, coisas do capitalismo.
E nem me alongo entrando nos meandros do sistema de saúde, nem falo em educação e segurança.
Cadê o CULHÃO? Até a imprensa brasileira ficou alienada? Virou bigbrodista?
O problema toma proporções assustadoras quando pensamos na "solução de continuidade" do fato. Logo após uma eleição onde 30% do eleitorado não votou, essa negligência da imprensa é um atentado terrorista à formação política do povo brasileiro, produzindo cada vez mais alienados e banalizados. Ou melhor, deixando à rola esta formação, bem ao gosto de quem manda no topo da cadeia, e que sempre prefere os desmandos...
Que grande chance de fortalecimento da cidadania está se perdendo!
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

se bobear o ano acaba...

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já estamos no dia 20 de janeiro e minha última postagem foi antes do natal, 11 de dezembro, 40 dias... tudo bem que to afundado no final do romance, tentando terminar ele o mais rápido que a qualidade permite, mas tenho que postar alguma coisa pra que o sombra não se torne inválido... sem trocadilhos eleitorais.
o papo que mais rola na mídia é tragédia, como sempre. O Rio de Janeiro chora por perdas e danos. O ministro assume que o projeto preventivo nunca saiu do papel. Será que, se tudo funcionasse bem, a mídia mostria mais cultura?
2011 só é uma continuidade de 2010, é claro. Falando aqui de Santa Catarina, temos ainda mais certeza disso. O que está sendo feito pra evitar os cataclismas que tanto nos assolam por aqui? Que eu saiba, nada. Homens públicos vieram com suas bravatas eleitoreiras na época, mas, nas eleições, nem se tocou no assunto, obviamente. Estamos sujeitos a repetir dramas explosivos nas telinhas e primeiras páginas a qualquer momento, como foi na região serrana do Rio. Aumento salarial pra deputados e corjas da mesma laia saem com assustadora presteza. Milhões. Milhões. Milhões. Verbas para defesa civil, bombeiros, prefeituras... pare né, Mauro Camargo! Só mudamos o ano, ainda somos o Brasil herdado da falcatrua histórica. O que fazer então? Sentar e ficar olhando o tempo? Pra que lado o vento sopra?
Antes das eleições, no meu bairro, a Vila Real, em Balneário Camboriú, foi uma beleza de se ver. As ruas estavam com o asfalto igual farofa de cuca. Vieram lá e pavimentaram tudo rapidamente (depois do natural tempo de esquecimento pós eleição anterior e um pouco antes das novas eleições). Asfalto novo, pinturas, placas, faixas elevadas pra pedestres (bem pintadas e corretamente cosntruídas para cadeirantes). Realmente, uma beleza de se ver. Hoje, 20 de janeiro de 2011, tá tudo esburacado. A prefeitura cavocou tudo e está passando a nova rede de esgotos. Por onde passam, fica o asfalto remendado fazendo tumtum, tumtum, quando passamos de carro. Quanto desperdício! É evidente que os cavalos estão empurrando a carroça, mas, o que não se faz pelo voto?
Lula terminou o mandato com aprovação acima dos 80%. Andei fazendo umas pesquisas particulares de opinião e não chegou a 27%. Onde foi que pergutaram, e pra quem, nessas pesquisas?
Bem, juntando as três perguntas que terminei os páragrafos acima, podemos ter um panorama atualizado da situação brasileira. É só pensar.
pra começar o ano...
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sábado, 11 de dezembro de 2010

NATAL DE 2010


Algumas pessoas falam em acreditar em Jesus. Acho estranho. É como dizer: você acredita no José? No João? Na Lucia? É estranho pensar em acreditar em Deus ou em Jesus. Um é criador, outro criatura, ambos existem, claros e óbvios como o outro dia virá. Seus atributos, ou poderes que atribuímos a eles, podem variar de acordo com as nossas necessidades. Ações de cada um são realmente discutíveis mas, ambos, não se acredita ou deixa de acreditar e sim se entende. Também não se aceita. Aceitar é compatível com fé cega, não raciocinada.
Eu tinha 10 anos quando ele disse, com lágrimas nos olhos:
- Agora seremos só nos dois... só nos dois... você tem que me ajudar - depois se ajoelhou na minha frente e por muito tempo fiquei sentindo seu corpo chacoalhar com os soluços que ele tentava conter. Coloquei minha mão nos seus cabelos e fiz um carinho, depois respondi:
- Eu vou te ajudar... vou estar sempre com você.
Eu tinha 10 anos e meu pai 34. Nem tinha como saber que estava mentindo. Precisei, ou julguei precisar, viver minha vida quase o tempo todo longe dele.
Uma semana antes do Natal minha mãe perguntou o que eu queria ganhar. Fiz uma lista. Dinheiro não faltava. Embora eu não soubesse a diferença entre ter mais ou menos dinheiro. Vídeo game, mochilas, tênis, bicicleta nova, celular. Você é muito novo pra isso! Patinete a motor. Ei! Já tá abusando! Pedi muita coisa. No dia do natal ganhei tudo, na verdade, um pouco mais.
Todo ano ela gostava de acender uma vela coruscante no alto do pinheiro enfeitado. Daquelas que vai queimando e soltando faíscas coloridas. Apagava a luz e deixava que as faíscas iluminassem a sala de ilusão de alegria. Todo ano ela fazia isso e eu gostava daquela pequena explosão de cores, até mais do que os presentes. Presentes eu podia ganhar qualquer dia, natal ou não. Tinha sido assim nos outros anos. Havia uma curta oração decorada pra desencargo de consciência e depois eles davam os presentes. Durante o dia davam presentes também para os empregados do condomínio, para a faxineira. Davam presentes maravilhosos para amigos e parentes. Davam dinheiro para amigos que tinham atividades sociais em abrigos, asilos, hospitais. Dinheiro! Como fica fácil fazer caridade! Nunca vi as crianças que eram ajudadas, nem os velhinhos, nem os doentes. Nunca soube que a vida toma rumos inesperados. Nunca vi a tristeza, ou alegria, ou revolta, ou esperança dos seus olhos. Eu estava aprendendo a acreditar em Jesus, em Deus, assim como meus pais, mas sem entendê-los.
O jantar de natal foi regado a vinhos, risos e desperdícios. A vida era uma esteira colorida que rolava por paisagens límpidas e sem dor. Eles eram bons, deram o que sabiam dar.
- Agora seremos só nos dois... só nos dois...
O semáforo fechou. A manhã do dia de natal estava calma e crianças brincavam com seus novos presentes. A rua estava quase sem nenhum movimento. Os dois conversavam sobre a viagem de janeiro. Eu vi aquele menino passar pelo lado do carro e parar na janela dele. Não podia ter mais de 15 anos. O vidro estava aberto. Achei que era uma brincadeira. Que a arma era um presente de natal que o menino havia ganhado na noite anterior. A carteira... a carteira, porra! Meu pai arrancou. Ouvi o barulho e vi ele se encolher, depois olhou para trás. Eu também olhei. O menino já não estava mais lá. Ele gritou. Foi um susto. Depois ele gritou de novo quando olhou para minha mãe e correu para o hospital gritando o nome dela, mas o tiro havia entrado pelo pescoço. Foi instantâneo. Eu tinha 10 anos e não sabia o que era dor.
- Agora seremos só nos dois.
Muitos dias depois entrei no meu quarto e os presentes estavam todos lá. Acharam que eu tinha enlouquecido. Coitadinho... mas é criança ainda, vai superar! Joguei tudo pela janela.
Tive muito ódio daquele Deus, daquele Jesus que diziam ter renascido no dia que minha mãe morrera. Por quê? A dor inesperada, de surpresa, quebrando todas as barreiras de vidro onde haviam me trancado, demorou muito a ensinar. No começo, apenas gerou revolta. Era o que eles haviam aprendido também e pensavam que agiam certo. Tenho a impressão que meu pai nunca se recuperou de fato. Vendeu a casa, perdeu o emprego. Tentou outro, e outro. A riqueza se foi. A dor veio de repente e ficou por muito tempo. Por muito tempo. Por todo o tempo em que odiei Deus e Jesus. Perdurou quando tentei acreditar neles novamente. Dizia a mim mesmo que acreditava, mas a dor permanecia. Então tentei provar que era tudo besteira. Que eles eram o ópio necessário dos infelizes. A dor continuava.
- Só nos dois.
Ele tinha razão. Todas as pessoas que se beneficiaram do seu dinheiro solto, na verdade, nem sabiam quem ele era. Todos os amigos que agiam no mesmo módulo de segurança existencial que ele, fizeram de conta que tentaram ajudar, para ter respaldo em se afastar sem culpa. Em muita gente a caridade é uma vaidade. Muita gente ajuda em troca de reconhecimento, bajulação, respaldo para fugas, sem que a consciência ligue os alarmes. Que grande engano! Um dia sempre a consciência dispara os alarmes, um por um.
Terminei a faculdade e fiz todas as pós graduações possíveis. Ele esteve sempre junto. Eu não estive sempre junto com ele. Havia mentido. O ódio era um escudo para minhas vaidades. A dor era um cobertor macio onde eu escondia meu egoísmo. No fundo eu o achava um fracassado, porque todas as minhas perdas passaram por ele.
Um dia meu filho me pediu uma bicicleta e minha esposa correu para a internet fazer uma busca de melhores preços. Dinheiro não sobrava como antes. Então, de repente percebi. A compreensão caiu sobre mim como uma tempestade súbita. Ele tinha 10 anos. Faltava uma semana para o natal e ele, mesmo que não tivesse todo o dinheiro que eu aos 10 anos, vivia cercado por muros de vidro fino, assim como acontecera comigo.
Eu estava de férias aquela semana. Pegamos sua bicicleta velha e reformamos, juntos. Depois fizemos uma devassa no seu quarto e reunimos uma grande caixa de brinquedos e roupas, dele, minhas, da mãe. Chamei meu pai e fomos juntos levar a bicicleta reformada num abrigo, assim como as roupas usadas e boas dele. Eu havia entrado em contato e sabia dos horários de visitas. Meu filho ficou lá, um bom tempo brincando com outros meninos, enquanto eu, meu pai e minha esposa conversávamos com a diretora sobre uma maneira de ajudarmos mais corriqueiramente. Fizemos o mesmo no asilo e levamos alguns presentes para crianças internadas no hospital, depois brincamos com elas.
Aprender é o caminho. Todos os fatos da vida acontecem numa sucessão ideal para o nosso aprendizado. Basta olhar para dentro e veremos o espelho onde se refletem as nossas principais dificuldades do lado de fora. Basta olhar para fora e nas dificuldades repetidas vamos encontrar nossos principais medos e defeitos. Aprender é o caminho, crescer a conseqüência. Como não entender que Deus fez assim? Que força maravilhosa é essa chamada Deus, que ordenou tudo com tamanha perfeição. Causa e efeito, consciência, ação e reação, destino. Como não perceber que Jesus tentou nos ensinar isso? Acreditar, somente? Não, entender.
Na noite de natal ele ganhou a bicicleta que havia pedido. É difícil mesmo dizer não para um filho. Porém, o maior presente quem ganhou fui eu. Ele me abraçou demoradamente, depois abraçou a mãe e o avô. Foi a primeira vez que fez isso. Eu ganhava abraços e abraços dos meus pais, mas não lembro de ter dado um sem que me pedissem. Havíamos começado a quebrar as barreiras de vidro. A bicicleta não era mais importante que a nossa presença.
Meu pai diminui a luz e pediu para que fizéssemos uma oração. Fiquei envergonhado. Nem sabia mais o que era isso. O ódio havia passado e eu começava a entendê-los, mas ainda não pensava em me comunicar com eles. Não foi nem a dor, nem o que aconteceu no final da oração que completou o entendimento. Não. Aquilo foi só mais um presente, uma visita. A vela acendeu no alto da árvore e, com suas luzes coruscantes, encheu de risos e lágrimas nossa noite de natal. Acendeu sozinha. Meu pai cobriu o rosto com as mãos e chorou. Meu filho e minha esposa ficaram me olhando, tentando entender que truque eu havia feito. Eu poderia ter dito a eles que o truque foi de Deus, quando criou todas as condições necessárias dentro da vida para que entendêssemos a vida, e Ele. Que aquela era sua obra. Eu poderia ter dito que o truque foi de Jesus, nosso irmão mais velho e que há tanto tempo vem nos mostrando caminhos para entendermos o Pai. Mas não disse nada. Agora eu havia entendido que haveria tempo para ele aprender e crescer, sabendo que os presentes materiais são alegrias passageiras, mas um abraço tomado de amor é eterno. Sabendo que ele aprenderia que a dor nos visita quando resistimos em aprender, ou modificar o que ainda temos de errado. Sabendo que assim, ele realmente jamais estaria sozinho.
Meu pai me abraçou com o rosto molhado de lágrimas, e falou no meu ouvido:
- Não seremos mais só nos dois, meu filho, não seremos mais...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

ASPARTAME


faz tempo que corre pela internet matérias escabrosas sobre muita coisa, uma delas, o aspartame, que está em nossa vida infinitamente mais do que imaginamos. De tanto ouvir falar mal, resolvi fazer-me de voluntário. Pode ser apenas coincidência, porém, embora eu esteja 100% sem aspartame há apenas 10 dias, estou me sentindo muito bem. E posso enumerar rápidas e importantes modificações:
1- diminuição da vontade de comer açucar;
2- diminuição das dores articulares (até uma dort no ombro está bem melhor);
3- o sono melhorou (quase não acordando durante a noite);
4- a sensação de cansaço está diminuindo a cada dia.

existem até outras mudanças, mas vou deixar passar mais um tempo pra constatar. O aspartame entra na vida da gente com aquela proposta de comer menos açúcar, depois até incorpora por comodidade. Aí se compra mais alimentos diets e lights, carregados de aspartame. É claro que seria melhor ainda conseguir ter mais alimentos orgânicos na dieta, mas, pra quem tem que se alimentar na rua quase todo dia, fica mais complicado, embora em casa eu esteja tentando deixar de lado conservantes e afins.

Passando mais um tempo vou postar mais algumas observações. Por enquanto espero comentários e experiências pessoais, além, é claro, fico curioso para saber o que diz o Dr. Romacof.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

vinho branco com macarrão

como fazia tempo que eu não postava alguma receita...

é costume geral pensar em massa com vinho tinto. Mas o vastíssimo universo dos vinhos pode estar sempre pronto a nos apresentar alguma deliciosa surpresa. A foto não ficou boa, ainda mais porque o vinho não apareceu, mas eu juro que ele estava ali. Talvez já tívessemos "experimentado" demais o sauvigon blanc, Lo Matta, chileno, que guardava em si as melhores potencialidades dessa uva blanc de blanc, originária de Bordeaux e a principal representante do Vale do Loire, mas que no Chile também se comporta muito bem, com aroma e sabor de pêssego maduro. Um sauvignon blanc costuma ser dotado de elevada acidez e combina com pratos semelhantes, como um queijo de cabra, ou um peixe com limão, por exemplo. Porém, essa sauvignon blanc chilena tinha algo de amanteigado e, depois de pouco tempo na taça, expandia para um sabor mais estruturado. Aí vem a delícia da gastronomia: deixar a mente viajar e, por estar em casa, experimentar. Então vai aí a receita que combinou muito bem com esse vinho, mas que também pode combinar bem com um rose, ou um tinto jovem (bem jovem).



Espagueti com shitaki seco.



- coloca o shitaki pra hidratar uma hora antes, depois espreme pra remover o excesso de água e corta-o em tiras (o caule é melhor cortar em fatias bem finas, por ser mais fibroso);

- Numa frigideira coloca uma colher de manteiga sem sal e 5 colheres de sopa de óleo de oliva;

- tritura num gral (se possível) um pouco de pimenta rosa, pimenta preta e sal grosso;

- frita o shitaki temperando com o tempero triturado até ficar levemente queimado nas bordas;

- antes de dar o ponto da fritura, acrescenta fatias de alho (não antes, para não ficar queimado e transferir mais aroma que sabor ao prato);

- macarrão cozido ao dente, usando a água onde foi hidratado o shitaki e temperada com uma parte dos temperos triturados. Antes de escorrer, separa um pouco da água e reserva;

- Escorre bem o macarrão, tirando todo o excesso de água e frita-o na frigideira do shitaki;

- Usa um pouco da água que cozinhou e está reservada, para dar ponto no macarrão (se ficar muito seco).



Pronto. Uma experiência diferente, se pensarmos nos pratos que costumam acompanhar esse vinho. Mas aí é que está a graça. Experimentar. Apreciar os sabores. Ser honesto pra dizer se não deu certo, mas, quando sente que deu... Ah! Saúde!!!
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

VIAGEM SANTIAGO - MENDOZA



Tem um voo da Gol que chega em Santiago perto da 01:00h. Se não houver atraso, é possível chegar no Hotel Tur Express antes das 02:00h e ter um bom sono até as 08:00h. O hotel é literalmente em cima da Estação Alameda. A entrada de elevador é na plataforma de embarque e, pela escada, é sobre a estação de metrô. Mas engana-se quem pensar que é um hotel fulero, muito pelo contrário. É simples, mas eficiente. Tudo muito novo, com janelas com isolamento acústico, um ótimo quarto e delicioso chuveiro, além de wifi, tv, frigobar. Estamos até pensando em ficar nele quando voltarmos a Santiago para ficar. As 09:00 sai um excelente busão da CATA (Royal suíte) em direção a Mendoza. Reserve as passagens com antecipação e é possível pegar as poltronas da frente no andar superior (e ainda vai ter lanchinho, café ou chá, água, sucos). A viagem é linda. Não tivemos problemas na aduana, lá no alto na ida, passamos em meia hora (na volta levou mais de 2 horas, e com nevasca).
Chegamos em Mendoza as 16:00 horas. É árvore para todo lado. No Brasil costumamos ter florestas ao redor da cidade. Na região de Mendoza, pela aridez, os arredores são desérticos (ao menos onde não há parreirais) e as florestas são dentro das cidades, alimentadas pelas infinitas canaletas que trazem água do degelo da cordilheira. Onde se vê uma floresta por lá, saiba que embaixo tem uma cidade. A área central de Mendoza é linda e organizada, com pessoas naturalmente educadas e atenciosas, daquelas que param e perguntam se precisamos de ajuda quando estamos com um mapa aberto e ar de perdidão. Cafés, bodegas de vinho com degustação, lojas, praças, parques e restaurantes. Ah! Os restaurantes! São muitos para citar, por isso vou deixar a dica do El Pátio de Jesus Maria, junto ao parque San Martin. Nem preciso falar dos vinhos. Mendoza é uma das maiores regiões produtoras de vinho do mundo (uma frase bem Argentina: el mayor del mundo). Mas é interessante estar atento às visitas nas vinícolas. A maioria precisa marcar horário e fazer a visita completa, com direito à degustação no final. Ainda não pensaram em quem já conhece vinhos e vinícolas e está mais disposto a provar os rótulos de cada uma, sem muitos conhecimentos históricos da casa e como se faz um vinho. Por felicidade conseguimos almoçar sem marcar na vinícola Melipal (www.bodegamelipal.com), por indicação de uma sommelier da Alpataco, bodega de vinhos no centro da cidade, onde fizemos uma ótima degustação guiada. Não foi um almoço, mas sim uma aventura gastronômica. Sentamos as 13:00 horas e saímos de lá, felizes, as 16:00h. Cinco pratos e cinco vinhos, com um visual das cercanias de tirar o fôlego. Ainda visitamos a Norton e a Lopez. As outras milhares (exagero, é claro, mas a quantidade é grande) fica para a próxima visita. Na hora de voltar talvez seja mais interessante um vôo da Lan, que está por U$ 70,00. A volta pela cordilheira foi complicada porque os guardas da fronteira pareciam estar com o humor alterado. Levamos mais de 2 horas para conseguir passar e estava caindo uma chuva com neve. A aduana é muito mal instalada e confusa. Ainda bem que os motorista do ônibus ficam te guiando com atenção. Mesmo assim, uma viagem para repetir.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

OS INVÁLIDOS - Números do TSE - Eleições 2010

Faço parte de um número expressivo de brasileiros INVÁLIDOS que têm outra opinião. Que não estão satisfeitos nem com um, nem com outro. E não somos poucos. Fazemos parte de um número expressivo de brasileiros que discordam, mesmo que inválidos. Somos um número que preocupa. Um número que vai ser examinado, avaliado, ponderado, nas internas. Não vai ser exaltado na mídia, mas que tem o poder de eleger um candidato, se for tocado e convencido. Só nas internas, a mídia não vai demonstrar interesse por nós. A mídia é alimentada pelo sistema. O "sistema" (podem pensar no sistema explorado com excelência no Tropa de Elite 2), precisa de votos. O sitema precisa alimentar uma máquina monstruosa, uma vaca de divinas tetas, que suga nossas riquezas e pinga benesses a uma classe poderosa de pessoas, de bocas habituadas a mamar. O voto é a moeda corrente da corrupção. Não me venham falar de democracia. Haja paciência para tanta ignorância! Democracia é a máscara que precisa cair. Não a temos. Somos obrigados a votar e não temos poder de mudar praticamente nada, a não ser que estejamos dispostos a esforços inumanos e deixarmos de lado família, trabalho e renda (que bela maneira de manter os inválidos ineficientes!). Os políticos eleitos fazem parte do sistema, querem o seu próprio bem, fazendo o bem às coorporações que os embasam. De democracia só temos discursos populistas e planos sociais destinados a alimentar um profícuo gado eleitoral.
Fiquei feliz com a eleição. Fiquei feliz por saber que aumenta o número de pessoas que entendem realmente o que está acontecendo.
Números do TSE em 01/11/2010. 14:00h.

Eleitorado: 135.804.433
Apurado: 135.803.007 (99,99%)
Abstenção: 29.196.930 (21,50%)
Comparecimento: 106.606.077 (78,50%)
Brancos: 2.452.596 (2,30%)
Nulos: 4.689.417 (4,40%)
Válidos: 99.463.792 (93,30%)
Vejam bem. 36.338.943 de votos inválidos.
Que canditado, partido, ou marketeiro não gostaria de contar conosco?
Temos força. Agora precisamos aprender a usá-la, mesmo inválidos como somos.
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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

outubro

fim de outubro
quase novembro
e ainda faz frio

uma canção voa no vento
procurando uma voz
um amor canta no tempo
seu tempo que já foi
mas uma porta bate no fundo da casa
não sei
foi o vento que se desfez da canção?
ou foi o amor que cansou de esperar
um tempo que nunca vem?

fim de outubro
quase novembro
e ainda faz frio
assunto demais para quem não o tem

e eu aqui pensando em portas
despedidas
e solidão