quinta-feira, 19 de março de 2020




Paris, setembro de 1793 é um romance que se passa em duas épocas e no mesmo local. Mauro Camargo, ao usar como pano de fundo de seu intrigante romance o que foi chamado de Período do Terror da Revolução Francesa, com grande fidelidade histórica, aproveita para explorar um assunto pouco abordado pela história oficial, que foi a influência do magnetismo animal, de Mesmer, sobre vários líderes revolucionários do princípio do movimento.
O mesmerismo, como era chamado, foi o resultado dos estudos feitos pelo médico Franz Anton Mesmer sobre o magnetismo animal. Ele revelou a ligação íntima que há entre todos os seres vivos por meio da energia vital, sem distinção, o que ia contra os alicerces que sustentavam a nobreza e o clero, ao mesmo tempo em que dava nova dimensão ao ideal de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
A ciência do magnetismo animal, décadas depois, abriria caminho para o surgimento do espiritismo, a ponto de Kardec a considera-la como ciência irmã. A imposição das mãos, além de promover a cura do organismo, levava alguns pacientes ao estado sonambúlico e estes relatavam uma nova realidade além da matéria, efetivando pela ciência, e não pelo misticismo, a evidência da vida além da morte. A rígida disciplina de Allan Kardec, aliada à sua elevada estatura moral, explorou com sapiência essa interação entre os dois lados da vida para trazer ao mundo o espiritismo.
O romance, perfeitamente fiel aos princípios espíritas, tenta mostrar a importância de estarmos atentos às nossas aflições, pois elas nada mais são do que palavras escritas pelo passado nas páginas do destino. De maneira pouco usual, o romance procura mostrar o presente e o passado dos personagens ao mesmo tempo, para que leitores e leitoras possam compreender com maior clareza como os mecanismos de ação e reação agem em nossa vida, o que nos dá uma dinâmica inusitada, atraente e inovadora

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