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(...)Maria Valéria estava na cozinha a fazer um tacho de doce de coco. Da água-furtada vinham os acordes abafados da Heróica. De vez em quando Flora abria os olhos e via pela janela um pedaço do céu esbraseado do anoitecer. Sentia uma tristeza resignada e lânguida. Não. Aquela revolução não lhe dava medo... Sabia que Rodrigo estaria seguro dentro do trem do Presidente. A tristeza lhe vinha da compreensão a que chegara, da inutilidade de todos os gestos, da monotonia com que os fatos se repetiam. Os homens insistiam nos mesmos erros. Pronunciavam frases antigas com um entusiamo novo. Encontravam justificativas para matar e morrer, e estavam sempre dispostos a acreditar que "desta vez a coisa vai ser diferente" (...)
(...)São quase sete e meia da noite, as luzes da cidade já estão acesas, mas vêem-se ainda no firmamento vestígios do lento e rico crepúsculo que os dois amigos apreciaram através das janelas do Recreio Florentino, e que levou Tio Bicho a observar: "É uma sorte o pôr do sol não depender do governo e de nenhuma autarquia, porque, se dependesse, o trabalho cairia nas garras de funcionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra do material, acabariam usando tintas ordinárias... e nós não teríamos espetáculos como este."
Bravo Veríssimo! O pai. Trechos tirados de "O tempo e o vento, O arquípélago". O primeiro, quando acontece a revolução de 1930 e Getúlio assume o poder. O segundo em 1945, no fim do Estado Novo. Alguém tem dúvida da modernidade do assunto?
(...)— No Brasil há uma quantidade impressionante de crianças abandonadas. Os projetos do governo são tacanhos e a cidadania por lá ainda engatinha. Educação e saúde são argumentos de campanhas antes de qualquer eleição, mas, raramente saem do papel. É um país em crescimento, onde o povo ainda está habituado com uma forma meio medieval de governo, onde os grandes cobram e a população apenas paga, sem entender que poderiam, e deveriam, exigir retorno(...)
Trecho do meu próximo livro, que não deve demorar a sair. Ei! Parem! Não há nenhuma pretensão de me comparar ao mestre. Longe disso. Estou colocando os textos para embasar uma pergunta: Alguém tem alguma idéia do que se pode fazer para mudarmos a situação?
Quem (que trabalha a sério) não está cansado de pagar pagar pagar pagar pagar impostos? Impostos diretos, indiretos, embutidos, justos, imorais, indecentes, sacanas, abusados, abusivos... impostos com todos os adjetivos imagináveis, e finalidades inimagináveis. Não estamos na idade média, pagando pela suntuosidade da corte?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de pagar impostos justos?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter o retorno pelos impostos que paga?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver os senadores e deputados recebendo um ordenado que merecem?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver policiais, trabalhadores da saúde e professores recebendo salários adequados à importância que têm?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria que tivéssemos bem menos (muito menos) vereadores, deputados e senadores?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter estradas melhores, transporte coletivo eficiente, escolas públicas de boa qualidade, saúde... deu!!!!
Tem muito mais coisa que todos gostariam (mesmo quem não trabalha a sério). Mas, o que fazer para termos tudo isso, já que ninguém tem dúvida que merecemos? Uma revolução popular? Enfrentar o exército (ao menos eles teriam o que fazer)? Pintar a cara e sair às ruas? Mas, se formos para a rua, quem paga as nossas contas? Quem trabalha, e tem que trabalhar muito para dar conta de pagar os impostos e tudo que não recebemos pelos impostos pagos, não tem tempo para isso. Então vamos continuar trabalhando, mas paramos de pagar impostos. Não pagamos mais nada até tudo mudar. Ah! Não pagar impostos no Brasil é virar "ladrão de galinha" rapidamente. Ou paga, ou se dá muito mal. Mas não os grandes, obviamente, estes nunca viram "ladrão de galinha".
Então? Ah! Já sei... Alguém vai me dizer que precisamos votar bem. Escolher melhor o candidato. Exercer o nosso "direito" democrático e votar em quem pode nos representar.
Tá bem. Então me digam, vocês eleitores que votaram: Em quem vocês votaram mesmo? O que os candidatos que receberam seu voto estão fazendo para mudar o quadro acima citado? Vocês viram mais alguma vez os seus candidatos depois da eleição? Se você quiser falar com o seu candidato para reclamar da situação, é possível?
Nem vou me alongar aqui falando da ineficiência da vontade popular batendo de frente com o muro alto das grandes corporações, e seu domínio sobre os políticos das nações que têm interesse. Vou tentar ser objetivo.
Brasileiros e brasileiras, nós temos uma saída. Podemos promover uma revolução limpa, sem danos materiais e sem morte, através do VOTO.
Isso mesmo, do voto. Qual o maior interesse que qualquer político com a população? Sem dúvida, o voto. A mente do povo é bombardeada "com frases antigas com um entusiasmo novo, na certeza que desta vez vai ser diferente", com uma única intensão: o voto.
O voto é a única coisa que temos de valor para o político. Então, se o político não faz nada para melhorar a nossa vida, não nos dá nada do que precisamos, por que vamos dar a ele o nosso voto?
O caminho da revolução limpa, sem danos materiais e morte, é o voto que precisamos, urgentemente, parar de dar a essa canalha, até que a vontade e as necessidades do povo sejam respeitadas.
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Em tempo: parabéns ao Egito e à tecnologia, que une as pessoas, ideias e ideais.
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