Bancada evangélica da Câmara deve presidir Comissão de Direitos Humanos
A lista do Partido Social Cristão para chefiar a Comissão é encabeçada pelo deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Feliciano é homofóbico declarado:
o amor entre pessoas do mesmo sexo leva ao ódio, ao crime e à rejeição
descendentes de africanos são amaldiçoados
Feliciano afirma que a comissão hoje se tornou um espaço de defesa de privilégios de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais e defende o maior equilíbrio. Ele diz ter feito um cálculo: 90% do tempo da última gestão da comissão foi dedicado a assuntos relacionados à comunidade LGBT, deixando em segundo plano outras minorias, como índios, quilombolas e crianças. Imagino que ele deva pensar que índios devam ser capturados para trabalhar na lavoura dos brancos e quilombolas devam ir para o tronco.
Num Brasil tão tomado de absurdos políticos, é difícil ficarmos surpresos com mais um. No fundo parece ser mais um. A deputada Erika Kokay (PT/DF), ex vice presidente da comissão, ao mesmo tempo que diz que a escolha iniciará uma fase obscura da comissão, já que a conduta de Feliciano atenta contra os princípios básicos dos direitos humanos, afirma que a culpa deste fato cabe ao povo que o elegeu:
Tem que se responsabilizar quem o colocou lá (na Câmara)
Tem que se responsabilizar quem o colocou lá (na Câmara)
Esta afirmação vem do fato do PT estar sendo acusado de mais um conchavo, que deixou aberta a porta da Comissão de Direitos Humanos. Ora, o que é a política sem conchavos? Seriedade, ética, dignidade, interesse popular, necessidade popular, só vêm à tona em discursos inflamados às vésperas de eleição. De resto, o que vale é o fisiologismo, o conchavo, o tráfico de influências, o corporativismo. O povo? Só tem de valor o voto.
O que a nobre deputada Erika Kokay não levou em conta é que o povo que colocou um Feliciano lá, é o mesmo povo que colocou o PT lá, para defendê-lo de absurdos como este.
Dê-nos escolas, senhores políticos, escolas boas, e aprenderemos a votar.
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