terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O HACKER E O HAITI

Recebi um mail da cruz vermelha bastante melodramático, pedindo contribuição para o Haiti. No final do breve e emocionante texto, um link onde clicar para poder fazer a doação. Obviamente era um arquivo executável mandado por algum hacker. Vou deixar de lado o totalmente batido tema da exploração de todos os tipos de canais virtuais, ou não, para explorar o próximo. Achei tão engraçada, embora trágica, a situação, que cheguei a responder o mail ao hacker, dizendo:
"diante dos 375 milhões que o lula mandou ao Haiti, seria melhor você mudar a motivação do seu engodo para: vamos recuperar o dinheiro mandado pelo Lula ao Haiti"

Ninguém tenha dúvidas quanto a minha humanidade. Mesmo tendo vivienciado as catástrofes climáticas de 2008 aqui de Santa Catarina e visto o consultório de Itajaí com 1 metro de água, não consigo, nem de perto, imaginar o drama de um terremoto (e espero que nunca consiga). É claro que precisamos ser solidários, mas, se realmente foi mandado R$ 375.000.000,00 pelo governo brasileiro (G1, globo.com, 21/10/2010), já ajudamos monetariamente. Afinal, de onde vem o dinheiro do governo brasileiro? Dos impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos... que pagamos todos os dias. Então eu já ajudei. O povo brasileiro já ajudou.

E acho justo ajudar dessa forma. Mas acharia justíssimo se o governo fizesse uma destinação específica sobre determinados impostos para estes fins. E que soubéssemos quais são, para que quando eu colocasse uma colher de feijão no meu prato, pensasse que um pouco do que paguei por ele estivesse ajudando alguém a também ter um pouco de feijão no prato. De maneira clara.

Assim como seria interessante saber qual imposto específico está me dando estradas bem conservadas para viajar; boas escolas para nossos filhos estudarem; bons hospitais... bem, se for por esse rumo fico a noite toda escrevendo.

O Haiti precisa de ajuda. Nós também. Mas precisa mesmo de ajuda consistente e futurista. Depois de passado o caos, de matada a fome com ajudas internacionais, deixar esse povo viver, ajudando-o através de aberturas comerciais e culturais. Não seria melhor que mandar tropas do exército?

Estou tocado pelo povo Haitiano, ainda mais lendo a crônica da Urda, logo abaixo. Mas também estou tocado pelos paulistanos ilhados pela chuva num dos maiores amontoados urbanos do mundo. Pelos blumenauenses que ainda moram em abrigos subumanos. Por todos os brasileiros que estão também sofrendo com as intempéries deste caótico clima, que muitos cientistas estão tentando me convencer que não tem nada a ver com o que fazemos com ele.

Estou tocado pela imensa ajuda que damos a todos estes desabrigados, cada dia, a cada colher de feijão.

8 comentários:

Eu disse...

Oi Mauro...é a primeira vez que venho ao seu blog.
E fico feliz e agradecida aos bons ventos por me trazerem aqui.
Em uma pesquisa na net eu buscava algo sobre um anjo negro... E acabei entrando em sua página ao ler seu poema... Eu me encantei!

Seu blog é fantastico.
Estarei acompanhando as novas postagens.

Um abraço carinhoso

mauro camargo disse...

olá Tatiana... obrigado pela visita e pelo elogio. Gostaria de ter mais tempo para me dedicar ao blog, mas é sempre curto...
já passei, rapidamente, pelo teu bonito blog.

venha sempre, depois vou te visitar com mais calma...

Eu disse...

Agora... para não ficar parecendo que não li a sua postagem vou deixar a minha opinião a respeito.

Eu assim como você sou a favor de ajudar o próximo e ser solidário nos momentos de calamidade como a do Haiti.
Mas quando vemos a realidade do Brasil e de nossa saúde pública a coisa chega a doer... Pois são milhares de pessoas sendo judiadas e morrendo.

Fico tentando entender... Mandamos soldados para ajudar outros paises, enviamos remédios e comida, encaminhamos dinheiro... e aqui vivemos um caos sem seguraça, milhares passando fome recebendo uma salário mínimo que não atende as necessidades básicas de um cidadão.

Desculpa o desabafo... Mas as vezes fico indignada com certas coisas...

mauro camargo disse...

mas é preciso desabafar mesmo. Vc já viu quantas pessoas pensam como a gente, mas, mesmo assim, parece que nunca conseguimos nos fazer ouvir?
é preciso desabafar sempre, e fazer o que se pode, ao nosso redor, para mudar ao menos o nosso universo particular.

Grasiela disse...

A triste impressão que tenho e que acredito, se tornará constatação, é de que as coisas continuarão as mesmas no Haiti e aqui. Infelizmente muito se fala agora, e sabemos, as coisas estão graves por lá, mas logo se abafa.E os Estados Unidos, se metendo cada vez mais e de forma mais infâme, como se muito daquela miséria não fosse por ação deles. E como fala um conhecido jornalista da Ilha: "e a vida segue"...

mauro camargo disse...

olha só quem passou por aqui pra comentar...

romacof disse...

Em "Heroes" um personagem (agora em "Fringe")era chamado casualmente como o Haitiano, por ser negro, como ser negro fosse uma caracteristica exclusiva dos nascidos no Haiti. Mais ou menos como ser politicamente correto dizer afro-brasileiro,ou moreno, ou de-cor. Há pessoas sem cor? Há! As que perderam a liberdade!

mauro camargo disse...

é... dá pra dizer que os haitianos perderam a cor, faz tempo...