terça-feira, 24 de janeiro de 2012

depois de um tempo

Não veio ninguém
Passou o dia
Solto a fita da janela
Corro os dedos na cortina
Fecho os olhos
e o ouvido vai buscar algum som
Uma esperança de pedra rolada
Na estrada
Por onde não veio ninguém
Recolho os pratos
Dobro a toalha
Espero
Respiro
O silêncio nos permite lembrar que respiramos
Guardo os doces
Amanhã?
Apago a luz da sala
e chego a pensar em apalpar o silêncio
de tão denso
parece um corpo estendido na escuridão
derramado sobre o tempo
sobre as imagens que se desvanecem
em retratos que vão perdendo a cor
memórias débeis
corro
fecho rapidamente a porta do quarto atrás de mim
é preciso
para que mais nenhuma solidão venha junto
já basta a dos outros retratos
colados na retina
que teimam em não perder a cor
.




2 comentários:

Pepe disse...

Parabéns,você fez lembrar de alguém que espero a muito tempo...

mauro camargo disse...

obrigado Pepe... de alguma maneira, sempre esperamos alguém...