terça-feira, 10 de janeiro de 2012

silêncio




às vezes a alegria me visita
tardo em percebê-la
ainda mais em entendê-la
fora os desatinos do riso
não estou habituado a ela
mora em mim mais facilmente a tristeza
habita as horas longas do pensamento
segura e silenciosa
não gosta de palavras
corre nas minhas veias blindando brechas
por onde se infiltrar outras insanidades
às vezes a alegria me passeia
quase mais na pele, por fora
me estremece, arrepia
e se entra
é como um vento que passa e vai embora
pode até bater janelas
me fazer falar besteiras
ou só falar
voar papéis
quebrar cristais
mas a tristeza é hábil com as trancas
a casa é sua
me limpa rápido da desordem
coloca tudo em seu lugar
depois senta no sofá do canto
e brinca de arranjar as palavras mudas
no grande álbum das coisas
que eu não devo mais falar

2 comentários:

Anônimo disse...

me encanta!
é curioso como a alegria consegue mesmo fazer todo esse estardalhaço e ainda ser sutil..


mauro, depois de três anos, publiquei novamente no ver o poema. hora de eu voltar a escrever!

mauro camargo disse...

bravo!!!

muito bom tê-la de volta...

vou lá ver.