domingo, 28 de julho de 2013

Você precisa mesmo deles? (ou: a teoria do quitandeiro)


Entrei em uma quitanda e fiquei tão impressionado com o preço das frutas, quanto com a pouca quantidade de pessoas comprando. Também me impressionei porque demorei a ser atendido, apesar de só ter uma pessoa comprando na minha frente. É claro, se dividirmos o salário com a infinidade de ônus necessário para viver, sobra bem pouco mesmo para frutas, principalmente se estiverem caras.

E por que as frutas são caras, se temos altas produtividades sazonais que deveriam abastecer o mercado com abundância? E por que o serviço foi ruim?

Bem, pelo que pude entender, o dono da quitanda trabalhava sozinho. Talvez com a família, mas poderia ser o horário da mulher estar na cozinha e o filho na escola. Não sobra pra contratar mais funcionários. Aí se responde o serviço ruim. E o preço alto?

Não vamos envolver o assunto nas carestias de produção, porque isso é apenas um círculo vicioso que pode ser respondido sem sair da quitanda, pensando assim: quanto o quitandeiro paga para abrir seu negócio? Quanto paga para a prefeitura com alvarás de funcionamento, alvará sanitário, entre outros? O quanto paga para o governo estadual? O quanto paga para o federal? Quanto ele pagaria de taxas se ele quisesse melhorar o serviço de atendimento aos fregueses e contratasse um funcionário?

Tire tudo isso de taxas e veja por quanto ficaria a maçã de R$ 2,00. Ah! Mas vocês vão me dizer que isso é impossível, porque precisamos a organização de um governo, gerenciando tudo? Só que daí vou perguntar: de todos esses valores pagos pelo quitandeiro, quanto é verdadeiramente necessário para se manter essa tal organização propiciada pelo governo?

E pergunto ainda, precisamos MESMO deste governo?

Bom, é inegável minha simpatia com o anarquismo. Mas, por favor, entendam o que é anarquismo antes de julgar. A Wikipédia traz uma boa ideia. O anarquismo foi demolido como movimento social pelas classes dominantes, tanto das elites, como dos operários sublevados que chegaram ao poder através do Marxismo (e se tornaram elite). Sabem aquela história de dizer que os comunistas comiam criancinhas pra assustar o povo menos informado? Sabe aquela história de colocar P2 carregando coquetéis molotovs no meio dos manifestantes pacíficos, pra denegrir o movimento? Pois é, foi o que fizeram com o anarquismo.

Então eu volto a perguntar: precisamos mesmo DESTE governo?

Vejam que eu fiz uma pequena modificação na forma visual da pergunta, porque sei que meus sonhos anarquistas ainda são utópicos. Mas não seria a hora de pensarmos realmente por que votamos nesta forma de governo. Por que aceitamos as coisas como estão: reeleição, fisiologismo, corporativismo escancarado, altos salários para os políticos, muitos políticos, muito, mas muito mais do que necessário, votos secretos, contas escondidas, reuniões fechadas... nossa são tantas coisas para não querermos mais, que o texto pode ficar infinito!

Não seria melhor pensarmos em realmente o que queremos. Não seria melhor pensar na prática que eu quero pagar menos imposto sobre o que compro e o que vendo; quero pagar menos imposto sobre o que contrato; quero saber exatamente onde este imposto menor está sendo empregado, em valores claros, explícitos; quero saber o quanto do que eu pago vai para a saúde, educação, segurança, infra-estrutura?????????????

Não seria melhor decidirmos quem gerencia a nossa cidadania sob um novo modelo? Afinal, democracia (baita falsidade!) não é o governo do povo, pelo povo e para o povo? Alguém já viu isso acontecer? Alguém pode conceber democracia com voto obrigatório? Democracia para manter uma infinidade de privilégios das castas dominantes que vão se revezando no poder? Alguém ainda realmente acredita que votar (como votamos no Brasil) é exercício de democracia, só porque a ditadura é pior?

Está na nossa mão, mas desde que nos perguntemos com seriedade: por que votamos neste modelo que nos foi imposto como certo?  

Por que votamos neste modelo que nos foi imposto como certo?  

Por que?


Não é hora de lutarmos para  que isso mude? Não é hora de fazermos o quitandeiro ganhar melhor, pagando menos pelas frutas?
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2 comentários:

Anônimo disse...

Um colega é oftalmologista na Dinamarca (uma monarquia). A carga tributária é de 52%. A saúde, a educação, a segurança e o transporte fazem parte dos serviços públicos gratuitos. E de qualidade! (Lá seria muito difícil explicar para uma criança o que é socialismo). Ele diz que a forma de governo é irrelevante. O que conta é a educação das pessoas que pagam o imposto e das que administram o imposto pago. Se o imposto diminuir todos vão achar estranho! Vão comentar: “Não pode diminuir! Alguma coisa vai faltar!”

mauro camargo disse...

gostei da frase: a forma de governo é irrelevante...
isso pq eles escolheram um forma.

por aqui é imposta, e devemos ter uma carga tributária parecida, se colocarmos na ponta do lápis e não temos nada gratuito de qualidade...

é bem por aí... o caminho pode ser a dinamarquisação.