segunda-feira, 10 de março de 2008

meio olhar

meio olhar

era um olhar meio olhar
não era inteiro
e tua mão vinha sem destino
teu coração sem paradeiro
tua boca dizia esperas
todas as esperas
e eu trazia chegadas
de bem longe
outras estradas
e roçava tua pele com outra alegria
que não era tua
deslizava meus dedos de brisa na tua alma nua
tua vontade nua
e escorregava teu suor na minha palma
rasgava incoerente tua infalível calma
e amparava em meu corpo
teu corpo
tua sutil agonia
tua contração de incredulidade
nos músculos retesados de saudade
daquilo que ainda buscamos
sonhos esquecidos
mundos perdidos
mas que não sabemos se existem
ou são meras ilusões dos sentidos

Um comentário:

Mel disse...

É a mesma sensação passada, de quando li poemas desse autor poeta.Sinto uma busca por um sentimento forte que extravaza diante de tantas palavras e me leva a crer na sua existência.É intenso,consistente e sensual.A marca registrada do autor.