segunda-feira, 31 de março de 2008

Senhores do Crime... um comentário

Domingo fomos no ótimo cinemark do Floripa Shopping, assistir Senhores do Crime. Compramos as poltronas 17 e 18 da fila L e entramos num cinema quase vazio, não mais de 15 pessoas e, nas poltronas 17 e 18 da fila L, um casal sentado. Como havia bastante lugar sobrando, sentamos na mesma fila um pouco à frente e não incomodamos o singelo casal, que também em nada se incomodou com a nossa presença, mesmo sabendo que estavam sentados nos nossos lugares. Mania de brasileiro? Sintomas de terceiro mundismo, como furar fila, ser mal educado no trânsito e tantos outros vícios de anticidadania enraizados na má educação coletiva? Por sinal, o casal não viu o filme (poderiam ter usado o dinheiro das entradas num motel, seria mais pratico, exceto que o cinema seja uma tara).

Então eu fiquei pensando (não por muito tempo porque o filme era ótimo): neste círculo vicioso, que pode começar em qualquer ponto que vai da propina a um guarda de trânsito à pungente falta de vontade política de melhorar a escolaridade, passando pelos políticos abjetos, funcionários corruptíveis e empresários corruptores, qual a minha melhor contribuição para frear este moto-continuo: Pedir educadamente, ou nem tanto, pra que desocupem os nossos lugares, ou manter o equilíbrio ético do meu pequeno universo particular, onde transitam as pessoas do meu convívio e influencia? Lutar contra a anticidadania estabelecida de maneira mais objetiva, ou continuar olhando-a e tentando impedir que ela faça parte do meu pequeno mundo? Qual a ação, já que as duas situações são bastante ativas, é mais interessante para o coletivo?

Não, não esperem conclusões de minha parte. Ainda não, até porque, como disse antes, o filme começou e era ótimo. Um pouco cru ao mostrar a violência explicita (comum do diretor, David Cronemberg), embora realista, no entanto excelente ao nos surpreender com uma trama inteligente, envolvendo bondades, vilanias e fraquezas humanas, numa medida tão correta que ficamos torcendo para o filme demorar um pouco mais. Alem disso, se passa em Londres, e parece que por isso entendemos porque o diretor não se preocupa em explicar tanto, revelar, esmiuçar, tão necessário ao modelo intelectual americano. Quem assistir não pode deixar de conferir como a fotografia do filme trabalha com a pouca luz da cidade, levando-nos subliminarmente ao mundo pesado e escuro do enredo. Também sobressaem as atuações do novaiorquino Viggo Mortensen e da inglesa Naomi Watts. Sem dúvida, vale a pena conferir. Enquanto isso eu fico aqui pensando na melhor conduta para as outras vezes que sentarem no meu lugar no cinema. Aceito sugestões.

3 comentários:

LdS disse...

Regressado de uma terra das Astúrias onde trabalhei há 50 anos, deixei cumprimentos pelo seu blogue e um comentário no "Mariana". Acrescento um abraço amigo e a compreensão pelo problema que formula nesta postagem e que tanto pode ser lido aí como aqui, pois que é exactamente o mesmo. Um abraço amigo. LdS

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Uma decisão difícil de dar. Entretanto, os casos devem ser analisados um pouco perticularmente. O que não podemos, nunca, é perder a noção disso, deixar-nos alienados e cegos para estas situações.
Se falamos numa hora dessas, o casal que estava lá sentado em "seus" lugares( o pronome aqui deixa margem a dúvida)pode se sentir constrangido...já que o cinema estava cheio. Pode ser que eles nem haviam visto que eram numeradas as cadeiras, ou sentaram-se propositadamente mesmo para que surgisse esse post no teu blog.