Essa postagem caberia melhor no blog da Mônica (http://cronicasurbanas.wordpress.com)...
Estou à procura do livro VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES. É fácil de encontrar na Estante Virtual, mas, como estava querendo ler neste final de semana, comecei a procurar aqui em Florianópolis. Para não ir de loja em loja (já que nos sebos daqui não tinha), liguei para uma das livrarias, das famosas, e rolou esse dialogo:
- Você pode ver se na loja tem o livro Vida e obra de Bezerra de Menezes?
- Como é mesmo o título?
- Vida e obra de Bezerra de Menezes...
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- O autor é Bezerra de Menezes?
(Raciocínio lógico: Vida e obra, de: Bezerra de Menezes... só que eu fiquei pensando no Bezerra de Menezes ter escrito um livro chamado Vida e Obra, somente. Vida e Obra, de quem? Fantástico!!!)
- Não, o autor é Sylvio Brito de Souza
- Ah...
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- É uma biografia?
(juro que tive vontade de dizer que era um livro sobre navegação, mas o atendente poderia confundir o Bezerra com o Amyr Klink e daí não teria mais volta)
- Sim... é uma biografia. A vida e a obra de Bezerra de Menezes... curioso, não é?
- O que é curioso?
- Ser uma biografia...
- O senhor acha?
- Um pouco...
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- Não temos na loja, senhor...
sexta-feira, 27 de maio de 2011
quarta-feira, 25 de maio de 2011
O magneto... um caso de amor, também com a homeopatia...
Trecho do livro:
(...)Mas Jolly estava me aguardando um pouco ansioso, com mais uma correspondência para entregar:
– Oh! Adrien... Que bom que voltou. Havia me esquecido de uma carta de Benoît. Há dias está comigo, mas, com tanta coisa para fazer, acabei esquecendo-me dela. Vá ao numero 1 da rua de Milan, por favor... Não é longe daqui...
Apanhei o envelope que Jolly me estendia e olhei o destinatário:
“Christian Friedrich Samuel Hahnemann”
– Hahnemann? O médico? Ele ainda vive? – perguntei a Jolly, espantado.
– Pois sim, vive e trabalha muito. Agora vá, não perca tempo. De preferência, entregue em mãos.
– Isso será um grande prazer.
Já era perto das seis horas quando cheguei ao numero 1 da rua de Milan e encontrei uma sala repleta de pessoas esperando para serem atendidas. Era uma casa grande e bonita, com um jardim bem cuidado e mobília rica, porém, os pacientes que esperavam eram, evidentemente, pobres. Como, no momento, não havia ninguém recebendo os pacientes que chegavam, sentei-me a uma cadeira num canto e fiquei esperando que alguém aparecesse. Esperava abordar o médico na hora que um paciente saísse da sala de atendimentos e isso aconteceu logo, porém, foi uma mulher que apareceu conduzindo um senhor bem vestido, de casaca nova e cartola, bem diferente dos pacientes que aguardavam. Quando ela se despediu, pude ouvir o nome: barão de Rotschild. O famoso banqueiro. Um contraste entre os pacientes que esperavam e o que acabara de sair.
Depois que o barão partiu, a mulher olhou para mim e falou:
– Você não estava aqui antes, não é?
Era uma mulher bonita e seus olhos pareciam faiscar. Não tinha mais que quarenta anos e vestia-se com elegância para ser apenas uma secretária.
– Vim trazer uma correspondência ao doutor.
– Vinda de quem?
– Benoît Jules Mure, do Brasil.
– Oh! Benoît! O doutor vai ficar feliz. E quem é você?
– Adrien de Rupetin, amigo de Benoît(...)
A Revolução Francesa marcou um período de esperanças libertárias único na humanidade. Depois de séculos atrelada ao poder religioso, a ciência estava livre. Cientistas e pensadores, sérios ou não, traziam inovações espetaculares para a sociedade, transformando conceitos de conforto doméstico, produção no trabalho, saúde e diversão. O pensamento social igualitário, mesmo que deturpado pelo poder no período pós-revolução, rompia definitivamente a barreira das castas humanas e, não fosse a força da indústria nascente, movida por um capitalismo selvagem desde o primórdio, poderia ter levado a civilização a um padrão de convivência equilibrado. Mesmo que isso não tenha acontecido, era irrefreável o impulso social e científico, literário e artístico, em todas as áreas da atividade humana. Charles Fourier, Saint-Simon, Volta, Faraday, Trevithick, Mesmer, Hahnemamm, Balzac, Victor Hugo, entre tantos, não permitiam retrocessos.
O livro O Magneto é uma viagem a este tempo. Personagens como Benoît Mure, Victor Hugo, Mesmer, Hahnemann, Lachatre, Kardec, participam de passagens fictícias, porém fiéis às suas memórias e engajadas com precisão dentro do contexto histórico, fruto de uma pesquisa séria e descompromissada.
No que diz respeito à homeopatia, esta precisão pode ser vista no texto acima extraído do livro, ou então neste outro, que vem na sequência do anterior:
(...)Quando fui recolhido à sala de consulta, quem me recebeu foi um senhor que não aparentava seus mais de oitenta anos, tamanha a energia que desprendia do seu olhar. Indicou-me uma confortável poltrona e sentou na sua, atrás de uma grande mesa de trabalho. Antes de falar comigo, acendeu seu cachimbo, depois perguntou:
– É mesmo amigo de Benoît?
– Sim.
– Tenho saudade dele... Nossas discussões afiavam meu pensamento. Na verdade, tenho inveja dele. Gostaria de ter idade para ir ao Brasil... Você vai?
– Creio que sim – respondi, sem convicção e mentido, por medo de que ele perdesse o pequeno interesse em mim.
– Crê? Ora, meu filho, não estou vendo segurança nisso! Mas não é de minha conta suas decisões. Vamos, me entregue essa correspondência.
Até havia me esquecido da carta. Ele a apanhou e leu-a com calma. Embora estivesse calor, vestia uma casaca grossa, o que achei natural para sua idade. Seus cabelos ralos e brancos eram um atestado para isso, embora a energia que emanava. Depois de ler por longo tempo, olhou-me e perguntou:
– Quando os colonos vão partir?
– Está marcado para o dia 30 deste mês, no Havre.
– Pouco tempo, pouco tempo... Benoît está curioso para saber da próxima edição do Organon. A sexta edição. Será a melhor de todas. Ele quer uma cópia. Sempre curioso o meu amigo. Mas ainda não posso mandar... tem muitos detalhes... dia 30, é pouco tempo...(...)
Ou então esta outra passagem:
(...)Namur preparara muitos vidros de homeopatia, para cada um, individualmente, e pediu-nos para tomar, preventivamente.
– A ideia é manter o corpo forte – dizia ele.
– Como sabe qual medicamento devemos tomar? – perguntei.
– Hahnemann nos brindou com a ideia do gênio epidêmico para combater epidemias. Muitos outros homeopatas já têm testado diversos medicamentos contra essa doença.
– Gênio epidêmico? O que é isso?
– Invenção de Hahnemann. É a identificação de um conjunto de sintomas apresentados por um grupo de doentes de uma referida doença. Com a análise destes sintomas, o homeopata consegue identificar o medicamento que mais se assemelha a essa manifestação da doença. Os resultados costumam ser surpreendentes. Tão surpreendentes que, dependendo da região, um medicamento pode agir melhor que outro. Porém, mesmo assim, a peste bubônica costuma ser um terror e espero que não tenhamos mais nenhum caso. Felizmente, eu tenho alguns destes medicamentos já analisados(...)
O romance ainda traz como personagem o médico Benoît Mure, que veio ao Brasil movido pelo sonho Fourierista de criar uma sociedade harmônica na região do Saí, então pertencente a São Francisco, província de Santa Catarina. Mesmo que não tenha alcançado seus objetivos neste projeto, Benoît Mure é reconhecido por ser o introdutor da homeopatia em nossa pátria, onde criou, em 1843, o Instituto Homeopático do Brasil.
1.a edição, 2011, 432 páginas, Editora 3 de outubro.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
sobre o ALEXANDRE ROCHA
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eu quis fazer um agradecimento no livro para o Alexandre, meu editor e ele encontrou uma maneira de fugir disso, alegando que todo o trabalho que estava tendo era apenas sua obrigação, e que, por norma da editora, isso não poderia acontecer. Bem, como eu poderia contestar? Porém, aqui no blog...
o agradecimento que levo a público não se refere apenas ao excelente trabalho que ele fez com O Magneto, ou com o Paris, setembro de 1793. Vai além disso. Mesmo que eu tenha tido um relacionamento muito honesto com as editoras Hemisfério Sul e Momento Atual, dos meus outros livros, a bagagem que trago da vida literária é composta muito mais de frustrações que alegrias. Não estou me referindo às reações dos leitores dos meus livros, que sempre me estimularam muito. Este fato, por sinal, fazia aumentar o abismo da insatisfação, porque não havia como não me perguntar: se tanta gente gosta dos livros, porque tanta dificuldade?
Os muito bons escritores que andam por aí, lutando para serem bem publicados, sabem do que estou falando. Sabem o que é entrar numa livraria e ver pilhas e pilhas de Segredos e autoajudas, livros de celebridades midiáticas ou apenas apelativos, e o seu bom trabalho sem espaço. Sabem o que é a velha e estigmatizada resposta copiada e colada das editoras: embora a qualidade do seu texto, estamos com a linha editorial esgotada para os próximos 200 anos...
O agradecimento que levo a público é pelo fato de o Alexandre ter me publicado bem. Sabemos, nós escritores, o quanto isso é difícil. Desde o nosso primeiro contato, fui tratado com um respeito pouco comum e tenho certeza que não é pelo fato de termos nos tornado amigos, que ele fez o que fez pelo magneto. Ele fez este trabalho porque trata seus escritores com respeito. Não nos deixa sem respostas. Não faz concorrência intelectual. Faz críticas construtivas e não tem pudores em elogiar, nem bajula para conquistar vantagens.
Devido a tudo isso, acho até melhor não agradecer, tenho certeza que ele não precisa disso. Melhor é só afirmar que é um grande prazer, uma imensa alegria, ser escritor da editora dele.
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sexta-feira, 29 de abril de 2011
O MAGNETO À VENDA
Uma descoberta inesperada no porão de uma residência rural do interior da França é o ponto de partida para um romance eletrizante.
Benoît Mure, Hahnemann e Fourier, espíritos que Kardec chamou de “precursores do espiritismo”, são os personagens desta obra, surpreendente pela precisão histórica, pela qualidade do texto e pela trama instigante que não nos permite largar o livro antes do final.
Nesta obra, você terá oportunidade de conhecer um dos mais insólitos empreendimentos, que uniu para a sua realização o Brasil e a França, envolvendo o socialismo, a homeopatia e o magnetismo animal, ciências precursoras do espiritismo.
(do site da editora)
Benoît Mure, Hahnemann e Fourier, espíritos que Kardec chamou de “precursores do espiritismo”, são os personagens desta obra, surpreendente pela precisão histórica, pela qualidade do texto e pela trama instigante que não nos permite largar o livro antes do final.
Nesta obra, você terá oportunidade de conhecer um dos mais insólitos empreendimentos, que uniu para a sua realização o Brasil e a França, envolvendo o socialismo, a homeopatia e o magnetismo animal, ciências precursoras do espiritismo.
(do site da editora)
O livro foi entregue pela gráfica hoje (sexta-feira, 29/04). A editora está começando a mandar para as livrarias. Para comprar, por enquanto, só no site da editora:
e eu ainda não vi como ficou...
sexta-feira, 8 de abril de 2011
O MAGNETO
não posso dizer que estava ansioso pela espera... nem posso dizer que teve espera. A editora fez um trabalho fantástico desde que mandeio texto pra lá, no dia 26 de fevereiro (acho que foi isso), pra já estar com ele no forno. O que posso dizer, com toda certeza, é que estou profundamente emocionado.
aos amigos blogueiros que perceberam minha ausência nos últimos meses (e a muitos pacientes também), agora posso dar provas do motivo.
mais informações em
http://www.editora3deoutubro.com.br/livraria/index.php?option=com_content&view=article&id=118:lancamento-deste-mes&catid=44:destaque
sábado, 19 de março de 2011
O TEMPO E O VENTO, O VOTO E O EGITO.
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(...)Maria Valéria estava na cozinha a fazer um tacho de doce de coco. Da água-furtada vinham os acordes abafados da Heróica. De vez em quando Flora abria os olhos e via pela janela um pedaço do céu esbraseado do anoitecer. Sentia uma tristeza resignada e lânguida. Não. Aquela revolução não lhe dava medo... Sabia que Rodrigo estaria seguro dentro do trem do Presidente. A tristeza lhe vinha da compreensão a que chegara, da inutilidade de todos os gestos, da monotonia com que os fatos se repetiam. Os homens insistiam nos mesmos erros. Pronunciavam frases antigas com um entusiamo novo. Encontravam justificativas para matar e morrer, e estavam sempre dispostos a acreditar que "desta vez a coisa vai ser diferente" (...)
(...)São quase sete e meia da noite, as luzes da cidade já estão acesas, mas vêem-se ainda no firmamento vestígios do lento e rico crepúsculo que os dois amigos apreciaram através das janelas do Recreio Florentino, e que levou Tio Bicho a observar: "É uma sorte o pôr do sol não depender do governo e de nenhuma autarquia, porque, se dependesse, o trabalho cairia nas garras de funcionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra do material, acabariam usando tintas ordinárias... e nós não teríamos espetáculos como este."
Bravo Veríssimo! O pai. Trechos tirados de "O tempo e o vento, O arquípélago". O primeiro, quando acontece a revolução de 1930 e Getúlio assume o poder. O segundo em 1945, no fim do Estado Novo. Alguém tem dúvida da modernidade do assunto?
(...)— No Brasil há uma quantidade impressionante de crianças abandonadas. Os projetos do governo são tacanhos e a cidadania por lá ainda engatinha. Educação e saúde são argumentos de campanhas antes de qualquer eleição, mas, raramente saem do papel. É um país em crescimento, onde o povo ainda está habituado com uma forma meio medieval de governo, onde os grandes cobram e a população apenas paga, sem entender que poderiam, e deveriam, exigir retorno(...)
Trecho do meu próximo livro, que não deve demorar a sair. Ei! Parem! Não há nenhuma pretensão de me comparar ao mestre. Longe disso. Estou colocando os textos para embasar uma pergunta: Alguém tem alguma idéia do que se pode fazer para mudarmos a situação?
Quem (que trabalha a sério) não está cansado de pagar pagar pagar pagar pagar impostos? Impostos diretos, indiretos, embutidos, justos, imorais, indecentes, sacanas, abusados, abusivos... impostos com todos os adjetivos imagináveis, e finalidades inimagináveis. Não estamos na idade média, pagando pela suntuosidade da corte?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de pagar impostos justos?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter o retorno pelos impostos que paga?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver os senadores e deputados recebendo um ordenado que merecem?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver policiais, trabalhadores da saúde e professores recebendo salários adequados à importância que têm?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria que tivéssemos bem menos (muito menos) vereadores, deputados e senadores?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter estradas melhores, transporte coletivo eficiente, escolas públicas de boa qualidade, saúde... deu!!!!
Tem muito mais coisa que todos gostariam (mesmo quem não trabalha a sério). Mas, o que fazer para termos tudo isso, já que ninguém tem dúvida que merecemos? Uma revolução popular? Enfrentar o exército (ao menos eles teriam o que fazer)? Pintar a cara e sair às ruas? Mas, se formos para a rua, quem paga as nossas contas? Quem trabalha, e tem que trabalhar muito para dar conta de pagar os impostos e tudo que não recebemos pelos impostos pagos, não tem tempo para isso. Então vamos continuar trabalhando, mas paramos de pagar impostos. Não pagamos mais nada até tudo mudar. Ah! Não pagar impostos no Brasil é virar "ladrão de galinha" rapidamente. Ou paga, ou se dá muito mal. Mas não os grandes, obviamente, estes nunca viram "ladrão de galinha".
Então? Ah! Já sei... Alguém vai me dizer que precisamos votar bem. Escolher melhor o candidato. Exercer o nosso "direito" democrático e votar em quem pode nos representar.
Tá bem. Então me digam, vocês eleitores que votaram: Em quem vocês votaram mesmo? O que os candidatos que receberam seu voto estão fazendo para mudar o quadro acima citado? Vocês viram mais alguma vez os seus candidatos depois da eleição? Se você quiser falar com o seu candidato para reclamar da situação, é possível?
Nem vou me alongar aqui falando da ineficiência da vontade popular batendo de frente com o muro alto das grandes corporações, e seu domínio sobre os políticos das nações que têm interesse. Vou tentar ser objetivo.
Brasileiros e brasileiras, nós temos uma saída. Podemos promover uma revolução limpa, sem danos materiais e sem morte, através do VOTO.
Isso mesmo, do voto. Qual o maior interesse que qualquer político com a população? Sem dúvida, o voto. A mente do povo é bombardeada "com frases antigas com um entusiasmo novo, na certeza que desta vez vai ser diferente", com uma única intensão: o voto.
O voto é a única coisa que temos de valor para o político. Então, se o político não faz nada para melhorar a nossa vida, não nos dá nada do que precisamos, por que vamos dar a ele o nosso voto?
O caminho da revolução limpa, sem danos materiais e morte, é o voto que precisamos, urgentemente, parar de dar a essa canalha, até que a vontade e as necessidades do povo sejam respeitadas.
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Em tempo: parabéns ao Egito e à tecnologia, que une as pessoas, ideias e ideais.
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
IMPRENSA SEM CULHÃO
(foto: Tom Dib)
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mesmo que tenha sido por motivos políticos internos, chamou a atenção a ação dos torcedores do corinthians, invadindo CT e apedrejando o ônibus dos jogadores. Quanta disposição! Será que perderam um dia de trabalho pra isso?
O Marcão, goleiro do Palmeiras, após o jogo contra o corinthians, falou que gostaria de ver essa disposição usada contra políticos que desviam verbas públicas (e vamos emendar com os deputados e senadores que subiram os salários ao seu gosto). Certo. Todos gostaríamos e ele é um dos poucos do meio com culhão pra falar isso, e o motivo deste post é exatamente isso: O CULHÃO da imprensa.
A imprensa brasileira tem tido sua natural competência pra destacar por horas a atitude insanade uma ex-modelo bototizada. Horas de destaque à revolta popular no Egito (mas sem nunca vincular o exemplo deles à nossa alienação). Tanto tempo pra falar da Simone Richtofen (aja paciência!!). Porém, cadê o culhão pra atacar os problemas gravíssimos de infra estrutura que continuamos vivendo? O que há com a imprensa? Cansou de mostrar a podridão emergente do planalto central? Acha que não vale mais a pena, porque o povo continua achando que tá tudo certo e que compensa mais apedrejar ônibus de time que perde? Onde está a ação formativa decorrente da função informativa da imprensa? O aumento de salário de deputados e senadores mal coube em notas de rodapé da imprensa escrita, e rápidos comentários na falada. Mesmo quando a informação era dada com algum destaque, dava-se a impressão que o fato consumado do salário elevado era apenas mais um sapo a ser engolido pela população, e nada mais. Nada mais?
Historicamente, rios transbordam e morros deslizam. Caramba! Eu falei historicamente! Então não é novidade! E o que se faz pra evitar os danos? Na Austrália se faz e quase ninguém morre. Com dinheiro público, que aqui vai pra cueca. Aqui os políticos que deveriam ser responsáveis pela prevenção confirmam que os projetos nunca saíram do papel.
Estamos vivendo a era do congestionamento. O governo ganhou milhões com os impostos sobre a venda de carros. Veio a crise e o governo baixou o IPI. Fantástico! Todo mundo tem carro, mas não tem estrada, nem rua, nem viaduto, nem ponte, nem estacionamento. Daí veio o aumento do álcool. Um amigo meu me falou que o governo ganha pouco com os impostos sobre o álcool. Será possível que ninguém entende que é bem por isso que subiu? Assim os milhões de otários que entraram na onda do carro flex voltaram pra gasolina, por que é mais econômico para o bolso e, sobre a caríssima gasolina brasileira o governo ganha muito, muito! E NA IMPRENSA NINGUÉM FALA DISSO!!!! Como se fosse normal, coisas do capitalismo.
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mesmo que tenha sido por motivos políticos internos, chamou a atenção a ação dos torcedores do corinthians, invadindo CT e apedrejando o ônibus dos jogadores. Quanta disposição! Será que perderam um dia de trabalho pra isso?
O Marcão, goleiro do Palmeiras, após o jogo contra o corinthians, falou que gostaria de ver essa disposição usada contra políticos que desviam verbas públicas (e vamos emendar com os deputados e senadores que subiram os salários ao seu gosto). Certo. Todos gostaríamos e ele é um dos poucos do meio com culhão pra falar isso, e o motivo deste post é exatamente isso: O CULHÃO da imprensa.
A imprensa brasileira tem tido sua natural competência pra destacar por horas a atitude insanade uma ex-modelo bototizada. Horas de destaque à revolta popular no Egito (mas sem nunca vincular o exemplo deles à nossa alienação). Tanto tempo pra falar da Simone Richtofen (aja paciência!!). Porém, cadê o culhão pra atacar os problemas gravíssimos de infra estrutura que continuamos vivendo? O que há com a imprensa? Cansou de mostrar a podridão emergente do planalto central? Acha que não vale mais a pena, porque o povo continua achando que tá tudo certo e que compensa mais apedrejar ônibus de time que perde? Onde está a ação formativa decorrente da função informativa da imprensa? O aumento de salário de deputados e senadores mal coube em notas de rodapé da imprensa escrita, e rápidos comentários na falada. Mesmo quando a informação era dada com algum destaque, dava-se a impressão que o fato consumado do salário elevado era apenas mais um sapo a ser engolido pela população, e nada mais. Nada mais?
Historicamente, rios transbordam e morros deslizam. Caramba! Eu falei historicamente! Então não é novidade! E o que se faz pra evitar os danos? Na Austrália se faz e quase ninguém morre. Com dinheiro público, que aqui vai pra cueca. Aqui os políticos que deveriam ser responsáveis pela prevenção confirmam que os projetos nunca saíram do papel.
Estamos vivendo a era do congestionamento. O governo ganhou milhões com os impostos sobre a venda de carros. Veio a crise e o governo baixou o IPI. Fantástico! Todo mundo tem carro, mas não tem estrada, nem rua, nem viaduto, nem ponte, nem estacionamento. Daí veio o aumento do álcool. Um amigo meu me falou que o governo ganha pouco com os impostos sobre o álcool. Será possível que ninguém entende que é bem por isso que subiu? Assim os milhões de otários que entraram na onda do carro flex voltaram pra gasolina, por que é mais econômico para o bolso e, sobre a caríssima gasolina brasileira o governo ganha muito, muito! E NA IMPRENSA NINGUÉM FALA DISSO!!!! Como se fosse normal, coisas do capitalismo.
E nem me alongo entrando nos meandros do sistema de saúde, nem falo em educação e segurança.
Cadê o CULHÃO? Até a imprensa brasileira ficou alienada? Virou bigbrodista?
O problema toma proporções assustadoras quando pensamos na "solução de continuidade" do fato. Logo após uma eleição onde 30% do eleitorado não votou, essa negligência da imprensa é um atentado terrorista à formação política do povo brasileiro, produzindo cada vez mais alienados e banalizados. Ou melhor, deixando à rola esta formação, bem ao gosto de quem manda no topo da cadeia, e que sempre prefere os desmandos...
Que grande chance de fortalecimento da cidadania está se perdendo!
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Cadê o CULHÃO? Até a imprensa brasileira ficou alienada? Virou bigbrodista?
O problema toma proporções assustadoras quando pensamos na "solução de continuidade" do fato. Logo após uma eleição onde 30% do eleitorado não votou, essa negligência da imprensa é um atentado terrorista à formação política do povo brasileiro, produzindo cada vez mais alienados e banalizados. Ou melhor, deixando à rola esta formação, bem ao gosto de quem manda no topo da cadeia, e que sempre prefere os desmandos...
Que grande chance de fortalecimento da cidadania está se perdendo!
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
se bobear o ano acaba...
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já estamos no dia 20 de janeiro e minha última postagem foi antes do natal, 11 de dezembro, 40 dias... tudo bem que to afundado no final do romance, tentando terminar ele o mais rápido que a qualidade permite, mas tenho que postar alguma coisa pra que o sombra não se torne inválido... sem trocadilhos eleitorais.
o papo que mais rola na mídia é tragédia, como sempre. O Rio de Janeiro chora por perdas e danos. O ministro assume que o projeto preventivo nunca saiu do papel. Será que, se tudo funcionasse bem, a mídia mostria mais cultura?
2011 só é uma continuidade de 2010, é claro. Falando aqui de Santa Catarina, temos ainda mais certeza disso. O que está sendo feito pra evitar os cataclismas que tanto nos assolam por aqui? Que eu saiba, nada. Homens públicos vieram com suas bravatas eleitoreiras na época, mas, nas eleições, nem se tocou no assunto, obviamente. Estamos sujeitos a repetir dramas explosivos nas telinhas e primeiras páginas a qualquer momento, como foi na região serrana do Rio. Aumento salarial pra deputados e corjas da mesma laia saem com assustadora presteza. Milhões. Milhões. Milhões. Verbas para defesa civil, bombeiros, prefeituras... pare né, Mauro Camargo! Só mudamos o ano, ainda somos o Brasil herdado da falcatrua histórica. O que fazer então? Sentar e ficar olhando o tempo? Pra que lado o vento sopra?
Antes das eleições, no meu bairro, a Vila Real, em Balneário Camboriú, foi uma beleza de se ver. As ruas estavam com o asfalto igual farofa de cuca. Vieram lá e pavimentaram tudo rapidamente (depois do natural tempo de esquecimento pós eleição anterior e um pouco antes das novas eleições). Asfalto novo, pinturas, placas, faixas elevadas pra pedestres (bem pintadas e corretamente cosntruídas para cadeirantes). Realmente, uma beleza de se ver. Hoje, 20 de janeiro de 2011, tá tudo esburacado. A prefeitura cavocou tudo e está passando a nova rede de esgotos. Por onde passam, fica o asfalto remendado fazendo tumtum, tumtum, quando passamos de carro. Quanto desperdício! É evidente que os cavalos estão empurrando a carroça, mas, o que não se faz pelo voto?
Lula terminou o mandato com aprovação acima dos 80%. Andei fazendo umas pesquisas particulares de opinião e não chegou a 27%. Onde foi que pergutaram, e pra quem, nessas pesquisas?
Bem, juntando as três perguntas que terminei os páragrafos acima, podemos ter um panorama atualizado da situação brasileira. É só pensar.
pra começar o ano...
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sábado, 11 de dezembro de 2010
NATAL DE 2010
Algumas pessoas falam em acreditar em Jesus. Acho estranho. É como dizer: você acredita no José? No João? Na Lucia? É estranho pensar em acreditar em Deus ou em Jesus. Um é criador, outro criatura, ambos existem, claros e óbvios como o outro dia virá. Seus atributos, ou poderes que atribuímos a eles, podem variar de acordo com as nossas necessidades. Ações de cada um são realmente discutíveis mas, ambos, não se acredita ou deixa de acreditar e sim se entende. Também não se aceita. Aceitar é compatível com fé cega, não raciocinada.
Eu tinha 10 anos quando ele disse, com lágrimas nos olhos:
- Agora seremos só nos dois... só nos dois... você tem que me ajudar - depois se ajoelhou na minha frente e por muito tempo fiquei sentindo seu corpo chacoalhar com os soluços que ele tentava conter. Coloquei minha mão nos seus cabelos e fiz um carinho, depois respondi:
- Eu vou te ajudar... vou estar sempre com você.
Eu tinha 10 anos e meu pai 34. Nem tinha como saber que estava mentindo. Precisei, ou julguei precisar, viver minha vida quase o tempo todo longe dele.
Uma semana antes do Natal minha mãe perguntou o que eu queria ganhar. Fiz uma lista. Dinheiro não faltava. Embora eu não soubesse a diferença entre ter mais ou menos dinheiro. Vídeo game, mochilas, tênis, bicicleta nova, celular. Você é muito novo pra isso! Patinete a motor. Ei! Já tá abusando! Pedi muita coisa. No dia do natal ganhei tudo, na verdade, um pouco mais.
Todo ano ela gostava de acender uma vela coruscante no alto do pinheiro enfeitado. Daquelas que vai queimando e soltando faíscas coloridas. Apagava a luz e deixava que as faíscas iluminassem a sala de ilusão de alegria. Todo ano ela fazia isso e eu gostava daquela pequena explosão de cores, até mais do que os presentes. Presentes eu podia ganhar qualquer dia, natal ou não. Tinha sido assim nos outros anos. Havia uma curta oração decorada pra desencargo de consciência e depois eles davam os presentes. Durante o dia davam presentes também para os empregados do condomínio, para a faxineira. Davam presentes maravilhosos para amigos e parentes. Davam dinheiro para amigos que tinham atividades sociais em abrigos, asilos, hospitais. Dinheiro! Como fica fácil fazer caridade! Nunca vi as crianças que eram ajudadas, nem os velhinhos, nem os doentes. Nunca soube que a vida toma rumos inesperados. Nunca vi a tristeza, ou alegria, ou revolta, ou esperança dos seus olhos. Eu estava aprendendo a acreditar em Jesus, em Deus, assim como meus pais, mas sem entendê-los.
O jantar de natal foi regado a vinhos, risos e desperdícios. A vida era uma esteira colorida que rolava por paisagens límpidas e sem dor. Eles eram bons, deram o que sabiam dar.
- Agora seremos só nos dois... só nos dois...
O semáforo fechou. A manhã do dia de natal estava calma e crianças brincavam com seus novos presentes. A rua estava quase sem nenhum movimento. Os dois conversavam sobre a viagem de janeiro. Eu vi aquele menino passar pelo lado do carro e parar na janela dele. Não podia ter mais de 15 anos. O vidro estava aberto. Achei que era uma brincadeira. Que a arma era um presente de natal que o menino havia ganhado na noite anterior. A carteira... a carteira, porra! Meu pai arrancou. Ouvi o barulho e vi ele se encolher, depois olhou para trás. Eu também olhei. O menino já não estava mais lá. Ele gritou. Foi um susto. Depois ele gritou de novo quando olhou para minha mãe e correu para o hospital gritando o nome dela, mas o tiro havia entrado pelo pescoço. Foi instantâneo. Eu tinha 10 anos e não sabia o que era dor.
- Agora seremos só nos dois.
Muitos dias depois entrei no meu quarto e os presentes estavam todos lá. Acharam que eu tinha enlouquecido. Coitadinho... mas é criança ainda, vai superar! Joguei tudo pela janela.
Tive muito ódio daquele Deus, daquele Jesus que diziam ter renascido no dia que minha mãe morrera. Por quê? A dor inesperada, de surpresa, quebrando todas as barreiras de vidro onde haviam me trancado, demorou muito a ensinar. No começo, apenas gerou revolta. Era o que eles haviam aprendido também e pensavam que agiam certo. Tenho a impressão que meu pai nunca se recuperou de fato. Vendeu a casa, perdeu o emprego. Tentou outro, e outro. A riqueza se foi. A dor veio de repente e ficou por muito tempo. Por muito tempo. Por todo o tempo em que odiei Deus e Jesus. Perdurou quando tentei acreditar neles novamente. Dizia a mim mesmo que acreditava, mas a dor permanecia. Então tentei provar que era tudo besteira. Que eles eram o ópio necessário dos infelizes. A dor continuava.
- Só nos dois.
Ele tinha razão. Todas as pessoas que se beneficiaram do seu dinheiro solto, na verdade, nem sabiam quem ele era. Todos os amigos que agiam no mesmo módulo de segurança existencial que ele, fizeram de conta que tentaram ajudar, para ter respaldo em se afastar sem culpa. Em muita gente a caridade é uma vaidade. Muita gente ajuda em troca de reconhecimento, bajulação, respaldo para fugas, sem que a consciência ligue os alarmes. Que grande engano! Um dia sempre a consciência dispara os alarmes, um por um.
Terminei a faculdade e fiz todas as pós graduações possíveis. Ele esteve sempre junto. Eu não estive sempre junto com ele. Havia mentido. O ódio era um escudo para minhas vaidades. A dor era um cobertor macio onde eu escondia meu egoísmo. No fundo eu o achava um fracassado, porque todas as minhas perdas passaram por ele.
Um dia meu filho me pediu uma bicicleta e minha esposa correu para a internet fazer uma busca de melhores preços. Dinheiro não sobrava como antes. Então, de repente percebi. A compreensão caiu sobre mim como uma tempestade súbita. Ele tinha 10 anos. Faltava uma semana para o natal e ele, mesmo que não tivesse todo o dinheiro que eu aos 10 anos, vivia cercado por muros de vidro fino, assim como acontecera comigo.
Eu estava de férias aquela semana. Pegamos sua bicicleta velha e reformamos, juntos. Depois fizemos uma devassa no seu quarto e reunimos uma grande caixa de brinquedos e roupas, dele, minhas, da mãe. Chamei meu pai e fomos juntos levar a bicicleta reformada num abrigo, assim como as roupas usadas e boas dele. Eu havia entrado em contato e sabia dos horários de visitas. Meu filho ficou lá, um bom tempo brincando com outros meninos, enquanto eu, meu pai e minha esposa conversávamos com a diretora sobre uma maneira de ajudarmos mais corriqueiramente. Fizemos o mesmo no asilo e levamos alguns presentes para crianças internadas no hospital, depois brincamos com elas.
Aprender é o caminho. Todos os fatos da vida acontecem numa sucessão ideal para o nosso aprendizado. Basta olhar para dentro e veremos o espelho onde se refletem as nossas principais dificuldades do lado de fora. Basta olhar para fora e nas dificuldades repetidas vamos encontrar nossos principais medos e defeitos. Aprender é o caminho, crescer a conseqüência. Como não entender que Deus fez assim? Que força maravilhosa é essa chamada Deus, que ordenou tudo com tamanha perfeição. Causa e efeito, consciência, ação e reação, destino. Como não perceber que Jesus tentou nos ensinar isso? Acreditar, somente? Não, entender.
Na noite de natal ele ganhou a bicicleta que havia pedido. É difícil mesmo dizer não para um filho. Porém, o maior presente quem ganhou fui eu. Ele me abraçou demoradamente, depois abraçou a mãe e o avô. Foi a primeira vez que fez isso. Eu ganhava abraços e abraços dos meus pais, mas não lembro de ter dado um sem que me pedissem. Havíamos começado a quebrar as barreiras de vidro. A bicicleta não era mais importante que a nossa presença.
Meu pai diminui a luz e pediu para que fizéssemos uma oração. Fiquei envergonhado. Nem sabia mais o que era isso. O ódio havia passado e eu começava a entendê-los, mas ainda não pensava em me comunicar com eles. Não foi nem a dor, nem o que aconteceu no final da oração que completou o entendimento. Não. Aquilo foi só mais um presente, uma visita. A vela acendeu no alto da árvore e, com suas luzes coruscantes, encheu de risos e lágrimas nossa noite de natal. Acendeu sozinha. Meu pai cobriu o rosto com as mãos e chorou. Meu filho e minha esposa ficaram me olhando, tentando entender que truque eu havia feito. Eu poderia ter dito a eles que o truque foi de Deus, quando criou todas as condições necessárias dentro da vida para que entendêssemos a vida, e Ele. Que aquela era sua obra. Eu poderia ter dito que o truque foi de Jesus, nosso irmão mais velho e que há tanto tempo vem nos mostrando caminhos para entendermos o Pai. Mas não disse nada. Agora eu havia entendido que haveria tempo para ele aprender e crescer, sabendo que os presentes materiais são alegrias passageiras, mas um abraço tomado de amor é eterno. Sabendo que ele aprenderia que a dor nos visita quando resistimos em aprender, ou modificar o que ainda temos de errado. Sabendo que assim, ele realmente jamais estaria sozinho.
Meu pai me abraçou com o rosto molhado de lágrimas, e falou no meu ouvido:
Eu tinha 10 anos quando ele disse, com lágrimas nos olhos:
- Agora seremos só nos dois... só nos dois... você tem que me ajudar - depois se ajoelhou na minha frente e por muito tempo fiquei sentindo seu corpo chacoalhar com os soluços que ele tentava conter. Coloquei minha mão nos seus cabelos e fiz um carinho, depois respondi:
- Eu vou te ajudar... vou estar sempre com você.
Eu tinha 10 anos e meu pai 34. Nem tinha como saber que estava mentindo. Precisei, ou julguei precisar, viver minha vida quase o tempo todo longe dele.
Uma semana antes do Natal minha mãe perguntou o que eu queria ganhar. Fiz uma lista. Dinheiro não faltava. Embora eu não soubesse a diferença entre ter mais ou menos dinheiro. Vídeo game, mochilas, tênis, bicicleta nova, celular. Você é muito novo pra isso! Patinete a motor. Ei! Já tá abusando! Pedi muita coisa. No dia do natal ganhei tudo, na verdade, um pouco mais.
Todo ano ela gostava de acender uma vela coruscante no alto do pinheiro enfeitado. Daquelas que vai queimando e soltando faíscas coloridas. Apagava a luz e deixava que as faíscas iluminassem a sala de ilusão de alegria. Todo ano ela fazia isso e eu gostava daquela pequena explosão de cores, até mais do que os presentes. Presentes eu podia ganhar qualquer dia, natal ou não. Tinha sido assim nos outros anos. Havia uma curta oração decorada pra desencargo de consciência e depois eles davam os presentes. Durante o dia davam presentes também para os empregados do condomínio, para a faxineira. Davam presentes maravilhosos para amigos e parentes. Davam dinheiro para amigos que tinham atividades sociais em abrigos, asilos, hospitais. Dinheiro! Como fica fácil fazer caridade! Nunca vi as crianças que eram ajudadas, nem os velhinhos, nem os doentes. Nunca soube que a vida toma rumos inesperados. Nunca vi a tristeza, ou alegria, ou revolta, ou esperança dos seus olhos. Eu estava aprendendo a acreditar em Jesus, em Deus, assim como meus pais, mas sem entendê-los.
O jantar de natal foi regado a vinhos, risos e desperdícios. A vida era uma esteira colorida que rolava por paisagens límpidas e sem dor. Eles eram bons, deram o que sabiam dar.
- Agora seremos só nos dois... só nos dois...
O semáforo fechou. A manhã do dia de natal estava calma e crianças brincavam com seus novos presentes. A rua estava quase sem nenhum movimento. Os dois conversavam sobre a viagem de janeiro. Eu vi aquele menino passar pelo lado do carro e parar na janela dele. Não podia ter mais de 15 anos. O vidro estava aberto. Achei que era uma brincadeira. Que a arma era um presente de natal que o menino havia ganhado na noite anterior. A carteira... a carteira, porra! Meu pai arrancou. Ouvi o barulho e vi ele se encolher, depois olhou para trás. Eu também olhei. O menino já não estava mais lá. Ele gritou. Foi um susto. Depois ele gritou de novo quando olhou para minha mãe e correu para o hospital gritando o nome dela, mas o tiro havia entrado pelo pescoço. Foi instantâneo. Eu tinha 10 anos e não sabia o que era dor.
- Agora seremos só nos dois.
Muitos dias depois entrei no meu quarto e os presentes estavam todos lá. Acharam que eu tinha enlouquecido. Coitadinho... mas é criança ainda, vai superar! Joguei tudo pela janela.
Tive muito ódio daquele Deus, daquele Jesus que diziam ter renascido no dia que minha mãe morrera. Por quê? A dor inesperada, de surpresa, quebrando todas as barreiras de vidro onde haviam me trancado, demorou muito a ensinar. No começo, apenas gerou revolta. Era o que eles haviam aprendido também e pensavam que agiam certo. Tenho a impressão que meu pai nunca se recuperou de fato. Vendeu a casa, perdeu o emprego. Tentou outro, e outro. A riqueza se foi. A dor veio de repente e ficou por muito tempo. Por muito tempo. Por todo o tempo em que odiei Deus e Jesus. Perdurou quando tentei acreditar neles novamente. Dizia a mim mesmo que acreditava, mas a dor permanecia. Então tentei provar que era tudo besteira. Que eles eram o ópio necessário dos infelizes. A dor continuava.
- Só nos dois.
Ele tinha razão. Todas as pessoas que se beneficiaram do seu dinheiro solto, na verdade, nem sabiam quem ele era. Todos os amigos que agiam no mesmo módulo de segurança existencial que ele, fizeram de conta que tentaram ajudar, para ter respaldo em se afastar sem culpa. Em muita gente a caridade é uma vaidade. Muita gente ajuda em troca de reconhecimento, bajulação, respaldo para fugas, sem que a consciência ligue os alarmes. Que grande engano! Um dia sempre a consciência dispara os alarmes, um por um.
Terminei a faculdade e fiz todas as pós graduações possíveis. Ele esteve sempre junto. Eu não estive sempre junto com ele. Havia mentido. O ódio era um escudo para minhas vaidades. A dor era um cobertor macio onde eu escondia meu egoísmo. No fundo eu o achava um fracassado, porque todas as minhas perdas passaram por ele.
Um dia meu filho me pediu uma bicicleta e minha esposa correu para a internet fazer uma busca de melhores preços. Dinheiro não sobrava como antes. Então, de repente percebi. A compreensão caiu sobre mim como uma tempestade súbita. Ele tinha 10 anos. Faltava uma semana para o natal e ele, mesmo que não tivesse todo o dinheiro que eu aos 10 anos, vivia cercado por muros de vidro fino, assim como acontecera comigo.
Eu estava de férias aquela semana. Pegamos sua bicicleta velha e reformamos, juntos. Depois fizemos uma devassa no seu quarto e reunimos uma grande caixa de brinquedos e roupas, dele, minhas, da mãe. Chamei meu pai e fomos juntos levar a bicicleta reformada num abrigo, assim como as roupas usadas e boas dele. Eu havia entrado em contato e sabia dos horários de visitas. Meu filho ficou lá, um bom tempo brincando com outros meninos, enquanto eu, meu pai e minha esposa conversávamos com a diretora sobre uma maneira de ajudarmos mais corriqueiramente. Fizemos o mesmo no asilo e levamos alguns presentes para crianças internadas no hospital, depois brincamos com elas.
Aprender é o caminho. Todos os fatos da vida acontecem numa sucessão ideal para o nosso aprendizado. Basta olhar para dentro e veremos o espelho onde se refletem as nossas principais dificuldades do lado de fora. Basta olhar para fora e nas dificuldades repetidas vamos encontrar nossos principais medos e defeitos. Aprender é o caminho, crescer a conseqüência. Como não entender que Deus fez assim? Que força maravilhosa é essa chamada Deus, que ordenou tudo com tamanha perfeição. Causa e efeito, consciência, ação e reação, destino. Como não perceber que Jesus tentou nos ensinar isso? Acreditar, somente? Não, entender.
Na noite de natal ele ganhou a bicicleta que havia pedido. É difícil mesmo dizer não para um filho. Porém, o maior presente quem ganhou fui eu. Ele me abraçou demoradamente, depois abraçou a mãe e o avô. Foi a primeira vez que fez isso. Eu ganhava abraços e abraços dos meus pais, mas não lembro de ter dado um sem que me pedissem. Havíamos começado a quebrar as barreiras de vidro. A bicicleta não era mais importante que a nossa presença.
Meu pai diminui a luz e pediu para que fizéssemos uma oração. Fiquei envergonhado. Nem sabia mais o que era isso. O ódio havia passado e eu começava a entendê-los, mas ainda não pensava em me comunicar com eles. Não foi nem a dor, nem o que aconteceu no final da oração que completou o entendimento. Não. Aquilo foi só mais um presente, uma visita. A vela acendeu no alto da árvore e, com suas luzes coruscantes, encheu de risos e lágrimas nossa noite de natal. Acendeu sozinha. Meu pai cobriu o rosto com as mãos e chorou. Meu filho e minha esposa ficaram me olhando, tentando entender que truque eu havia feito. Eu poderia ter dito a eles que o truque foi de Deus, quando criou todas as condições necessárias dentro da vida para que entendêssemos a vida, e Ele. Que aquela era sua obra. Eu poderia ter dito que o truque foi de Jesus, nosso irmão mais velho e que há tanto tempo vem nos mostrando caminhos para entendermos o Pai. Mas não disse nada. Agora eu havia entendido que haveria tempo para ele aprender e crescer, sabendo que os presentes materiais são alegrias passageiras, mas um abraço tomado de amor é eterno. Sabendo que ele aprenderia que a dor nos visita quando resistimos em aprender, ou modificar o que ainda temos de errado. Sabendo que assim, ele realmente jamais estaria sozinho.
Meu pai me abraçou com o rosto molhado de lágrimas, e falou no meu ouvido:
- Não seremos mais só nos dois, meu filho, não seremos mais...
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
ASPARTAME
faz tempo que corre pela internet matérias escabrosas sobre muita coisa, uma delas, o aspartame, que está em nossa vida infinitamente mais do que imaginamos. De tanto ouvir falar mal, resolvi fazer-me de voluntário. Pode ser apenas coincidência, porém, embora eu esteja 100% sem aspartame há apenas 10 dias, estou me sentindo muito bem. E posso enumerar rápidas e importantes modificações:
1- diminuição da vontade de comer açucar;
2- diminuição das dores articulares (até uma dort no ombro está bem melhor);
3- o sono melhorou (quase não acordando durante a noite);
4- a sensação de cansaço está diminuindo a cada dia.
existem até outras mudanças, mas vou deixar passar mais um tempo pra constatar. O aspartame entra na vida da gente com aquela proposta de comer menos açúcar, depois até incorpora por comodidade. Aí se compra mais alimentos diets e lights, carregados de aspartame. É claro que seria melhor ainda conseguir ter mais alimentos orgânicos na dieta, mas, pra quem tem que se alimentar na rua quase todo dia, fica mais complicado, embora em casa eu esteja tentando deixar de lado conservantes e afins.
Passando mais um tempo vou postar mais algumas observações. Por enquanto espero comentários e experiências pessoais, além, é claro, fico curioso para saber o que diz o Dr. Romacof.
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