A LUZ DO QUINTO ANDAR
A toalha branca e uma rosa vermelha solta na mesa, como se ali estivesse
meio ao acaso. O cd da Maria Rita, na música certa, apenas esperando um leve
toque no controle remoto. Um malbec devidamente uniformizado, com o guardanapo
branco, as taças, os pratos, os talheres...
Em ordem no balcão de granito o azeite, a tábua com alho picado e galhos
de coentro, o pote com o creme de leite e 200 gramas de salmão defumado,
cortado em pequenas tiras. As azeitonas e meia taça de vinho branco. O penne, o
saleiro, a pimenta do reino e, no fogão, a panela alta com água já aquecida.
Os últimos redemoinhos de fumaça do
incenso de sândalo ainda se perdiam na meia luz do apartamento e, do outro lado
da janela da cozinha, lá na outra rua, uma luz acende no 5.o andar. Fecho
mecanicamente a persiana, como se virasse uma página do passado. Rogério não
demora. 21:00 horas. Procuro o espelho do hall e não me surpreendo com quem
vejo: uma fugitiva, de um 5.o andar, de uma rua ao lado.
No dia exato, na hora exata dos meus
32 anos, quero estar com Rogério, nua em seus braços, aos espasmos, fazendo
aquele ar de incredulidade que ele tanto gosta quando gozamos juntos, e não vou
pensar na luz do 5.o andar, que poderá ainda estar acesa. Olho meus olhos bem
de perto, quase tocando a ponta do nariz no espelho e tento ver se há algum
disfarce na minha vontade. Impossível! Há muito deixei de acreditar nos meus
olhos! O telefone desarruma repentinamente o silêncio ordenado do apartamento.
Um pulo e um tremor correndo pelo corpo:
¾
Elis, vou atrasar um pouco...
Acho que não ouvi a explicação. Ele
ia atrasar, por que saber o motivo? Bastava saber que ele ia atrasar. Outro
incenso. Um pouco masculina minha maneira de esperar Rogério, como se a ordem
estivesse intencionalmente alterada. Mas ele adorava, era o primeiro que
adorava minha autonomia, minha independência, e jamais dissera: você parece o
homem do casal!
Conhecemos-nos
no trânsito, ou melhor, no estacionamento do shopping. A princípio pensei que
era gay, com aquela cara vermelha, pendurado numa chave de roda, tentando
soltar as porcas do pneu furado, suando como um peão de obra. Sorri da sua
falta de jeito e, como simpatizo com as “colegas,” resolvi dar uma força. Até
pensei em usar o simples artifício de ficar em pé na chave de roda, mas ele se
sentiria meio ridículo se eu conseguisse muito fácil, por isso, primeiro
perguntei se o carro tinha seguro, antes que ele tivesse um enfarto:
¾ Você não vai chamar o seguro apenas para um pneu furado?
Ele
achou aquilo ridículo, bem coisa de mulher, mas, aceitou. Quando o mecânico,
com um sorriso debochado no canto dos lábios, terminou o serviço e pediu para
ele assinar uma nota, fiquei surpresa com a pergunta dele, à queima roupa:
¾ Que horas eu te pego para o jantar?
No tempo que esperamos o mecânico eu
já havia colocado em dúvida minha opinião inicial e descoberto que ele era
arquiteto, que nunca se ligara muito em carros e que havia mudado para cidade
naquela semana. Resumindo: transamos loucamente naquela mesma noite. Tudo bem,
nenhuma novidade nisso, a não ser pelo fato de termos transado antes do jantar,
quando eu passei no apartamento dele para apanhá-lo, já que ele não era do tipo
que se importava em ir pegar a mulher. Quem mandou ele me esperar com aquela
camisa branca desabotoada e com o Fahreinheit invadindo todo o ar que eu
respirava? Na hora eu pensei que seria apenas mais uma boa transa, uma noite
especial para uma quarta-feira, mas, três meses se passaram e as noites
especiais têm se repetido nas quintas, sextas, segundas... Quanto tempo ele ia atrasar mesmo?
Acendi o cigarro e apaguei-o, de
imediato. Havia dito que ia parar e eu jamais fui de voltar atrás no que dizia.
Foi engraçado eu pensar isso, ao mesmo tempo que abria delicadamente a persiana
da cozinha e olhava novamente para a luz do 5.o andar, como um reflexo
condicionado da paixão. Eu nunca voltava atrás?
Estava apagada e, sempre que estava apagada, alguma coisa se apagava aqui
dentro também. Era como se o passado pudesse ser desconectado num simples
interruptor. Fechei a persiana, comi uma azeitona, bebi um gole do vinho
branco, como se o passado, a azeitona e o vinho, tivessem a mesma importância
naquela noite, especial. Outro susto, o telefone toca novamente e eu penso em não
atender. Sabe lá se não é um paciente em crise existencial, um parente querendo
dar os parabéns, ou... é, ou...
¾
Só mais um pouco querida, encontrei o ...
Eu não quero explicações. Nunca liguei por ter que esperar alguém, pelo
contrário, as esperas são momentos raros que posso abrir um livro. Livros,
cheios de vidas, que clamam angustiadas para que tenhamos algum tempo em
lê-las, em devassá-las. Abro meu Quintana e leio: sempre que chove, tudo faz
tanto tempo... Ainda não havia percebido que algumas gotas de chuva
lacrimavam na janela. Por instantes julguei o Quintana um grande sacana, pela
precisão aritmética medida no seu devaneio. Virei a página e pareceu que, de
repente, um abismo tragou-me assustadoramente. Faltou-me a luz, o ar, a
sanidade. Foi o bilhete achado, ou minha reação tão feminina diante do bilhete,
dobrado em dois, com uma pétala de rosa dentro?
(você tem o beijo mais macio que conheço... tuas mãos tocam meu corpo como se eu fosse
uma pétala...)
Aquilo que descia pelo meu rosto não podia ser uma lágrima. Não podia
estar “fazendo tanto tempo” em meu rosto. Quintana que me perdoasse! Sim,
chorei, com o livro apertado ao peito e um pedaço do passado amarrotado dentro
dele, como se eu pudesse sufocá-lo, apenas. Por que? Por que tinha que ser daquele
jeito? Por que tinha que ser tão complicado? Era muita coisa pra enfrentar e
ter que revelar meus medos, minhas inseguranças. Por que Rogério não chega
logo?
Não, agora ele não pode chegar! Esperar um homem especial como o
Rogério com a maquiagem borrada não era possível. Lavei o rosto com água fria,
suspirei fundo e, pronto, hora de recomeçar! Troquei de roupa, aquela estava
irremediavelmente contaminada de passado. Troquei tudo. Tirei a calça e
procurei uma saia. Tirei a calcinha preta fio dental e coloquei a branca
transparente. Tirei o sutiã e fiquei sem, sabia que ele adorava o leve balançar
dos meus seios, perdidos dentro de uma roupa folgada, e que ficava procurando
ângulos onde pudesse espiá-los, descaradamente. Um pouco mais de Tressor, um
pouco mais de batom, uma blusa solta. Ainda era fácil vestir aquele corpo em
perfeito estado. 1.70 m, 55 kg, cabelos negros caindo pelos ombros, levemente
cacheados e contendo no seu interior um par de olhos verdes, perfeitamente
mentirosos. A pele já um pouco bronzeada para esperar o verão, mais do que à
altura para aquele belo exemplar de macho que estava para chegar.
Na primeira vez, quando fui dar o beijo no rosto dele, logo na porta do
apartamento, não resisti e aconteceu um dos melhores beijos que me lembro.
Nossos corpos colaram imediatamente e tenho a certeza que nós dois pensamos, ao
mesmo tempo, o quanto eles se adaptavam com perfeição. Parecia que nenhum
espaço havia sobrado. Parecia que não houve surpresa. Ele respirou com a boca
aberta atrás da minha orelha, como se já soubesse, há anos, que eu adorava
isso, e seu hálito quente me incendiou instantaneamente. Puxou-me para dentro e
bateu a porta com o pé, me abraçando pelas costas e beijando minha nuca.
Loucura. Suas mãos eram adestradas por um impulso hábil e senti, com
facilidade, que nele havia algo além da simples masculinidade. Vi pilhas de
caixas de papelão. Vi sacolas, livros amontoados, em flashs, quadros por
pendurar, vi um sofá branco, todo branco, todo lindo, nosso destino, nosso
porto seguro para nos abrigar do temporal que provocávamos.
Quase duas horas depois comemos uma deliciosa meca grelhada, com
camarões e saladas. Acho que podíamos ter comido no Mc Donald’s, tanto fazia.
Tudo em mim já estava saciado. Tudo? Doce ilusão que o tesão injeta na jugular
da vontade. Naquela mesma noite fiquei um longo tempo olhando a luz acesa do
5.o andar. A impossibilidade, a irracionalidade, o carimbo da censura, o
estopim curto que podia explodir minhas pontes, meus viadutos. O atalho. Eu não
seria a outra!
Quantas noites só fui dormir depois
que a luz apagava? Como se, desta forma, mantivesse ainda vivo algum tipo de
cotidiano, que, na verdade, nunca tivemos: já escovou os dentes? Pegou água?
Você costuma ter sede durante a noite... posso apagar a luz? Ainda vai ler?
Ah! O medo! Tão desalmado meliante,
vigarista de primeira linha, de coração frio. Acho que por isso o medo causa
tremores. Quantas desculpas achamos na vida por causa do medo? Como pode ser mais
poderoso do que aqueles olhos marotos abrindo a porta para mim, com as luzes
todas apagadas e sumindo logo em seguida na escuridão, depois de fechar a porta
nas minhas costas, para que eu os encontrasse pelo perfume da pele? Como o medo
pode ludibriar a impressão daquele toque nos meus pontos mais corretos? Aquela
língua macia e sem pressa, fazendo e desfazendo caminhos em meu corpo? Como
pode o medo enganar que não precisamos nada disso? Que não precisamos daqueles
suores, daqueles líquidos escorridos nas nossas palmas? Se Rogério chegasse
agora eu o devoraria como na primeira noite, antes do jantar, antes que eu
enlouqueça. Quanto tempo ele ainda demora? Quem mesmo ele havia encontrado?
Será o Ronaldo que eu ainda não conheço e que estava para chegar? Este Ronaldo que ele fala de um jeito que eu
resolvi chamá-los de RoRo, e ele apenas riu. Não, ele não se atreveria a trazer
este Ronaldo aqui, logo hoje, no meu aniversário. Se ele fizer isso eu como os
dois!
A campainha! Olho-me uma vez mais no
espelho, segura que serei estilhaçada imediatamente. Um pouco mais de Tressor,
para garantir. Nem me atenho ao olho mágico. Abro a porta. Outro abismo. Não
pode ser:
¾ Você!
¾ É seu aniversário, eu lembro... Você está linda...
A porta do elevador se fecha no
corredor e eu escuto, pela porta que dá para escadas a voz grave de Rogério.
Logo agora! O elevador está descendo para apanhá-lo. Quatro andares. Uma
daquelas eternidades que se espremem nos minutos estava acontecendo e eu não
sabia se ouvia o silêncio, ou se o silêncio era apenas uma alucinação. Parecia
que seus lábios se mexiam, mas eu não sabia que palavras saíam por ali. Mas
eles se mexiam e se aproximavam, cada vez mais. Meu espírito corria, já ia
léguas distante, mas meu corpo petrificara, deliciosamente, e esperava atônito
aqueles lábios, que mexiam, e me enchiam com um beijo, um sugar de energia, uma
implosão.
A
voz do Rogério aumentou de volume pelas escadas. O elevador já devia ter chego,
mas eu ainda ouvia sua voz lá embaixo, agora mais alta, como se discutisse com
alguém, porém eu não distinguia palavra alguma. Somente sentia, se é que sentia
realmente, aquelas mãos mornas levantando minha blusa nas costas e deslizando
em minha pele. Que mulher era eu que me arrojava assim, sem pudor algum? O
telefone, outro susto. Empurro aquele corpo. Afasto suas mãos com dificuldade e
tento não olhar seus olhos. Eu sabia que não podia olhar seus olhos, para o meu
bem.
¾ Elis, eu estou aqui embaixo... mas... estou resolvendo um
problema...
Suba logo
ou vá embora logo! O que eu queria? Não sabia, nem sei o que disse.
¾ Você está esperando alguém?
¾ Não era você, com certeza.
¾ Mas eu não vou embora. Vou ficar.
¾ Como assim? Você tem que ir embora, ele acabou de me ligar
dizendo que logo vai subir.
¾ Eu não vou embora. Chega, estamos perdendo tempo... do que
você tem medo?
¾ Você não entende? Além do mais, já disse que não serei tua
amante, não serei a outra...
¾ Eu não estou mais com a Juli... terminamos...
Eu
precisava fugir, enquanto era tempo. Não houve tempo. Eu sempre soube que minha
fuga era um simples atestado de incompetência na arte da resistência. Jamais
conseguiria resistir aos seus olhos, seu jeito de chegar, de encaixar, sua
maneira de me segurar, com firme delicadeza. Facilmente suas mãos acharam o
zíper atrás da saia, que escorregou pelas minhas pernas, junto com o que
restava em mim de racionalidade. Sua coxa entrou entre as minhas e seus lábios
sorriram quando percebeu o calor que me abrasava. Eu estava lânguida, uma caça
abatida, mas era preciso resistir, Rogério devia estar subindo. Libertei-me uma
vez mais e corri para a porta, meio sem saber se fugia ou a trancava. Não podia
fugir só de blusa e calcinha.Tranquei-a.
Encostei a testa na porta e
respirei, precisava ao menos de um minuto, mas novamente não tive tempo algum.
Seus braços outra vez me envolveram e logo acharam a liberdade dos meus seios.
Com extremo requinte de covardia, seu hálito quente alojou-se atrás da minha
orelha. Os joelhos dobraram, levemente, mas fui amparada por aquelas mãos que
já desciam pela minha virilha e descobriam a umidade do meu desespero. Socorro!
Mas somente minha alma gritava. Virou-me de frente e falou:
¾
Eu não vou mais embora.
A campainha. O silêncio banhando
aquele riso ousado, malvado. Como qualquer mulherzinha, caí em desespero. Eu
nunca era de esconder nada, mas não podia ser apanhada assim, em tão profundo
desalinho íntimo. Empurrei segura aquele corpo para longe do meu e o levei para
o escritório. Não precisei falar nada, meus olhos já diziam:
¾
Não saia daí...
Vesti a saia.Mais um toque da
campainha, o terceiro. Olhei-me no espelho do hall e confesso que não vi nada.
¾ Você demorou...
¾ Precisamos conversar.
¾ É... acho que precisamos...
¾ Quero te apresentar uma pessoa... Ronaldo...
Rogério não havia entrado e eu não
me dei conta que não tinha pedido para ele entrar. Quando ele falou Ronaldo,
este apareceu na minha frente. Parecia ter a mesma idade de Rogério, a mesma
altura, mas, enquanto Rogério era do tipo mais intelectual, Ronaldo era estilo
praia: tez bronzeada, barba por fazer, camisa aberta, malhado. Um belo
exemplar!
Era meu aniversário. Eu havia
nascido as 23:45h. Faltava pouco para eu fazer 32 anos e no exato momento eu
queria estar entregue a ele, ou ao menos queria, até há poucos minutos atrás.
Por que ele trouxe Ronaldo? Será que estava pensando numa safadeza a três? Já
havíamos comentado sobre isso, mas sempre em tom de brincadeira. Não, ele não
se atreveria.
Ronaldo entrou demonstrando admiração pela mesa bem posta. Havia um
evidente constrangimento no ar, e o 5.o andar do outro lado da janela estava
aceso bem no meu escritório. Ficamos os três nos olhando, no meio da sala.
¾ Você disse que precisávamos conversar ¾ falei, tentando parecer normal.
¾ Eu e Ronaldo precisamos conversar com você. Eu não quero
que você me entenda mal... na verdade,
nem sei bem por onde começar...
Enquanto
Rogério gaguejava, Ronaldo, que demonstrava alguma impaciência, virou-se para
ele e, sem nada hesitar, segurou seu rosto e o beijou, na boca. Um beijo
rápido. Sem soltar o rosto de Rogério, olhou para mim e sorriu, depois o beijou
novamente, um longo beijo diante da minha tentativa de parecer estupefata. A
princípio Rogério quis resistir, mas só a princípio. Eu fiquei onde estava, no
espaço, no tempo. Tudo ao mesmo tempo, tudo na mesma noite. Não sabia se ria,
chorava, ou me unia.
¾ Sempre ouvi falar que um
ato vale mais que mil palavras ¾ por fim Ronaldo falou, ainda abraçado com Rogério.
Depois completou: ¾
Ainda precisamos explicar mais alguma coisa?
¾ Não. Já basta! ¾
falei olhando para baixo, fazendo de conta que não sabia o motivo real de não
querer encará-los, mas sabendo. Nisso Rogério veio em minha direção e tentou me
abraçar. Eu não poderia, não pelo que acabara de ver, mas não poderia deixar
outro corpo tocar o meu naquele momento e poluir a deliciosa impressão que
ainda ardia nele. Não, afastei-me.
¾ ... me perdoa, eu sei que é seu aniversário... eu mudei
pra cá por causa disso... estava fugindo...
¾ Eu entendo... como eu entendo de fugir! Não tem nada
demais, mas... por favor, vão embora... preciso ficar... sozinha.
Ainda nos olhamos na porta. As
palavras mudas que nossos olhares trocavam diziam que havia sido bom, não
precisavam expressar-se em sons. Deixamos o silêncio marcar nossa despedida.
Encostei a porta devagar. Finalmente conseguia um tempo, breve que fosse.
Parecia que o apartamento em meia luz estava em silêncio agora, mas não, eu
sabia que não. Era quase ensurdecedor.
Tirei meus sapatos e pisei macio pelo tapete. Tinha a impressão que podia
gritar e ninguém me ouviria, que minha voz não conseguiria sair de mim. Mais um
passo. Havia terminado com Juli. Bastava? Era o suficiente para eu passar por
cima de tudo? O passado, o presente, o futuro? Toquei levemente o botão do
controle remoto: Um belo dia resolvi mudar e fazer
tudo o que eu queria fazer...
Lentamente girei o saca-rolha.
Minhas pernas ainda tremiam e podia sentir o incêndio que ainda tomava conta do
meu sexo. O vinho deslizou graciosamente pelas taças, um bailarino risonho. Era
preciso decidir o que eu já sabia estar decidido, senão, por que encheria as
duas taças?
Coloquei a mão sobre a maçaneta.
Segurei um pouco a respiração, com o pulmão cheio de ar. Soltei lentamente. Do
outro lado o 5.o andar com sua luz acesa, agora somente para mim. Eu havia
falado que não seria a outra. Não podia negar mais, Juli havia ido embora. Por
que não? Por que tanto medo?
Abri e encontrei um sorriso, o mais
lindo sorriso que eu conhecia. Sabia que o incêndio ia continuar, sabe lá por
quanto tempo, sabe lá o que sobraria de mim depois. Estava decidido e já fazia
tempo, só eu que me enganava que não. Que tudo se danasse!
¾ Ele já foi?
¾ Já...
¾ Posso sair?
¾ Sim... Regina, pode sair.
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