terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CONTO DE NATAL - escrito para o natal de 2002.




   Foi uma grande surpresa quando eu soube, lembro ainda como se fosse hoje. Eu estava sentado no lado da escada do museu quando ouvi a conversa. Seu Nestor contava pra Dona Lucia que já tinha pedido várias vezes para trocar aquela fechadura e ninguém dava conta, era só enfiar qualquer chave nela que abria. O mais importante é que eu tinha uma qualquer chave.
   Eu conhecia cada detalhe daquele museu. Com as mãos para trás, como exigia seu Nestor, quase todo dia eu passeava lá por dentro. Não tinha nada de muito valor, como ele dizia, o valor era histórico, mas eu me deslumbrava com o grande relógio de pêndulo, a máquina de escrever do primeiro delegado da cidade, a vitrola, com aquele grande ouvido saindo dela e, principalmente, o imenso piano de cauda, com esculturas de anjos entalhadas na sua madeira É claro que eu tinha uma qualquer chave!
   Minha casa, se aquilo podia ser chamado de casa, ficava bem longe do centro da cidade e, mesmo sendo verão, as madrugadas andavam frias. Além do mais, o espaço era pouco para dividir entre sete pessoas, isso quando meu pai não passava da conta no boteco e botava todo mundo pra correr.                      
      Seu Nestor ia embora perto das sete da noite, só que, nesse horário, ainda tinha muita gente ali pela frente. Estávamos perto do Natal, por isso o comércio estava ficando aberto até mais tarde. Perto da meia noite eu colocava minha qualquer chave na fechadura e... não deu outra, só que o rangido daquela porta de manhã, quando seu Nestor abria o museu, era um sussurro comparado ao grito desesperado que ela fez ouvir em toda a rua solitária. Com certeza, no outro dia, eu reclamaria do descaso, afinal, o que custa para prefeitura um pouquinho de graxa. Por sorte o barulho não chamou a atenção de ninguém, entrei como um raio cortando a noite e fechei a porta atrás de mim. Assim descobri que, se abrisse e fechasse ela rápido, quase não fazia barulho. 
    Ninguém havia me falado como era escuro aquele museu de noite. Eu não conseguia enxergar absolutamente nada. Nem sei quanto tempo tive que ficar ali, fazendo de conta que estava esperando para me acostumar com a escuridão, mas, na verdade, morrendo de medo de dar um passo lá dentro.
   Sabia que a menos de três metros de mim havia outra porta. Enchi o peito, prendi a respiração e fui. Outro rangido, parecendo um gato miando pra lua. Era tarde para recuar, eu achava. Lá, no final do grande salão, no canto direito, atrás do antigo púlpito da Igreja Matriz, estava meu novo leito: o grande piano de cauda, coberto por um grande pano branco, meu lençol, travesseiro e cobertor.
    Dobrei-o em três, deitando sobre duas partes e usando a terceira pra me cobrir. Uma cama de príncipe. Ainda fiz mais uma dobra e tive um travesseiro, um pouco baixo, mas, um travesseiro, pra quem nunca tinha tido um, estava ótimo.
     A noite estava especialmente silenciosa e eu já havia me acostumado com a escuridão, podendo divisar quase todas as peças do salão principal do museu e o grande cortinado de seda que havia sido da casa do fundador da cidade. Durante o dia, era muito bonito de ver o tecido lustroso, com babados e franjas espalhadas em inúmeros panos, mas, no meio daquela escuridão, aquele cortinado parecia outra coisa. Virei de costas pra ele e foi pior, era como se aquelas cortinas fossem voar e me atacar por traição. Voltei-me novamente e, depois de quase meia hora sem conseguir tirar os olhos daquela cortina de seda, resolvi enfrentar o fantasma. Fui até ela e a toquei, com uma valentia que nem eu imaginava que tinha. Abracei-me a ela, até que ficássemos amigos.
      Voltei ao meu leito Divino e, de longe, acenei para ela. Por que fiz isso!?
É claro que não acreditei no que eu havia acabado de ver: ela acenou-me também. Impossível, seu Nestor deveria ter deixado aberto a janela e o vento... que vento? Não tinha vento nenhum na rua. Por mais que eu tentasse me mexer e terminar meu ato de deitar, interrompido no meio, não conseguia. O pano maior da cortina havia me acenado e não havia nenhum vento.
      Quando meu braço esquerdo começava a doer por estar sustentando, sozinho, todo peso do corpo, outra surpresa: do meio do cortinado ele apareceu, com um impecável terno branco e chapéu de filme de malandro antigo. Olhou-me e sorriu, creio que o sorriso mais amigo que um moleque de rua já tenha recebido, depois, veio em minha direção. 
      O braço esquerdo não suportou mais, nem eu, ambos caímos, desacordados. Graças a Deus!
                ***
    Voltei a mim num salto, quando soaram as primeiras notas da música: gingo bel... gingo bel... e, estarrecido, vi que era ele quem tocava o piano, ainda sorrindo para mim e parecendo estar viajando na música que tocava.
      Mesmo com aquele sorriso eu queria correr, fugir dali aos gritos desesperados, alardear a cidade toda, bater na porta do seu Nestor, avisar o prefeito, a guarda urbana, seu Manequinha padeiro, o padre... mas, não conseguia. Minha voz não saía, minhas pernas pareciam de pedras, o máximo que, creio, consegui fazer, foi emitir um grunhido, como um cachorro rosnando dormindo. Ele deve ter me ouvido e acho que foi pior, parou de tocar e parou de sorrir, olhando-me, pela primeira vez, seriamente. Tirou o chapéu e colocou-o sobre o piano, depois me perguntou, com a maior naturalidade:
    —  Eu o assustei?
     Ah! Seu eu conseguisse emitir algum som naquela hora! Daria a ele a resposta merecida! Como eu me mantinha calado, com os olhos quase saindo da cara e de boca aberta, acho que ele entendeu minha resposta muda. Colocou o chapéu, novamente, e falou;
    —  Vou tocar outra música, para acalmá-lo.
    “Noite feliz... noite feliz... ó Senhor, Deus de amor, o menino nasceu em Belém...
    Agora ele tocava e cantava, olhando-me de maneira tão delicada que, aos poucos, meus músculos foram se soltando.
    — Que... que... quem...  é... vo... você? — consegui gaguejar, quando ele terminou de tocar e ficou me olhando, como se esperasse que eu aplaudisse. Ele brincou um pouco, fazendo sons bonitos no teclado, depois parou e respondeu:
    — Eu sou o dono deste piano...ou fui...
    — Dono! Como assim? Seu Nestor me falou que esse piano foi doado ao museu e que tem mais de 150 anos.   
    — Nossa! Já faz tanto tempo assim? Como o tempo passa rápido!
    — O que você quer dizer com isso?
    Ele tirou novamente o chapéu e o colocou no mesmo lugar sobre o piano, depois suspirou fundo, com o olhar perdido, como se estivesse longe no tempo,  então respondeu:
    — Papai mandou este piano vir da Itália, de presente de Natal para mim. Eu o esperava todos os dias na beira do cais. Toda a embarcação que aparecia no horizonte, meu coração disparava. Na cidade só havia o velho cravo da Madre Maria, com quem eu tinha tido aulas. Ainda lembro, com tristeza, o dia que o Navio Imperial entrou pela barra do rio, bem na véspera de Natal. Eu sabia que ele estava lá dentro. Lamento até hoje minha ansiedade...
    — Mas, o que aconteceu?
    —  Quando os carregadores tiravam a grande caixa pela ponte de desembarque, um deles escorregou e a caixa veio abaixo, escorregando pelas tábuas húmidas, da garoa que caía. Eu tinha 14 anos e imaginei que poderia segurá-la sozinho. Que besteira! Com a batida eu voei longe e fui cair dentro do rio, com a maré vazante. Tenho certeza que me procuraram muito, mas...
    —  Então...
    Ele olhou-me e, mesmo estando apavorado, não pude deixar de ficar com pena. Meu Deus! Eu, com pena de um fantasma!
   — Quando eu me recuperei, fiquei sabendo que meu pai, como era de se esperar, tinha ficado quase louco com minha morte, não deixou nem que abrissem a caixa e doou-o à Igreja matriz. Madre Maria não conseguia mais tocar e não havia na cidade, naquela época, quem o soubesse. Por muito tempo este piano não foi tocado. Como eu tenho me comportado bem, na época de Natal, me permitem vir aqui e tocá-lo...
    Ele parou de falar, colocou o chapéu e tocou outra música que eu não conhecia, mas, que era maravilhosa. Um fantasma morto há 150 anos tocava piano para mim, no meio da noite, dentro de um museu, e eu tinha perdido totalmente o medo.
    — É uma Sonata de Bach, uma das minhas preferidas. Se me permite, vou continuar tocando, tenho que ensaiar para a apresentação de amanhã...
    —  Que apresentação?
    —  Amanhã é véspera de Natal. Eu me apresento aqui, para um grande número de convidados.
    —  Aqui?
    —  Sim, por que a surpresa?
    —  Quer dizer que amanhã isso aqui vai tá cheio de fantasmas?
    —  Se você prefere chamar a gente assim... vai ter bastante gente importante aqui amanhã, e você já está convidado.
    —  Mesmo? Eu posso vir?
    —  O convite está feito, agora, chega de conversa que eu tenho que ensaiar...
    Ele tocou muito, músicas lindas, entre elas, algumas musiquinhas de Natal que eu conhecia. Dormi embalado num som que só podia vir do céu.
                                                                    ***  
     O ruído da porta de frente me fez pular, num único salto, de cima do piano e esticar, como um raio, o grande pano branco sobre ele. Agora não adiantava tentar sair, Seu Nestor já vinha pelo salão principal, observando se estava tudo bem. Fui para trás do púlpito, para que ele não me visse e, quando ele virou-se, me viu, de mãos para trás, olhando o grande piano de cauda, com seus anjos entalhados:
    —  Você já está por aqui, moleque? Nem vi você entrando.
    —  Acordei cedo hoje...
    —  E já tomou seu café da manhã?
    —  Eh... claro!
    Ele sorriu e tirou do bolso uma moeda de um real, colocou sobre o piano e continuou olhando as outras peças do museu. Seu Nestor era uma pessoa boa, muitas vezes me pagava uma média com pão e manteiga. Como eu estava por ali, logo cedo, imaginou que era isso que eu queria. Dei sorte, escapei de ser pego e ainda ganhei meu café da manhã.
Antes de sair, ainda olhei para o piano e para o grande cortinado de onde meu amigo fantasma tinha saído. Acabei não perguntando o nome dele, mas, que diferença isso fazia? 
    Sentei na escada do museu e fiquei olhando para moeda de um real, alguma coisa estava me entristecendo. Era véspera de Natal e a cidade já estava fervilhando. Era um dia ótimo para ganhar uns trocados: muitos carros para cuidar, carrinhos de supermercado para empurrar e muitos outros bicos. Natal passado deu pra fazer 50 reais na véspera. Pena que meu pai descobriu e boa parte disso virou cachaça.
    Eu nunca era de ficar me lamentando daquela vida que levava. Tinha treze anos e vontade de estudar, mas, se estudasse, quem levava um pouco de grana pra minha mãe, que era gente boa e gostava muito de mim?
Nas redondezas, os comerciantes e fregueses me conheciam, muitos me ajudavam com roupas e comida. O seu Lau me deixava dormir no sofá do fundo da garagem dele, desde que eu ficasse de olho na casa, mas, as molas já estavam furando o tecido e os gatos da dona Neusa passavam o dia nele, o que não deixava um cheirinho muito agradável. Mesmo assim, dava pra ir levando, ainda mais agora que eu tinha um amigo fantasma. Será? Será que não foi apenas um sonho? Claro que sim, só podia ser um sonho, eu estava assustado com o local, dormi e transformei meu medo em sonho. O dia, os carros, as calçadas e pessoas, agora me davam a certeza da realidade. Como eu pude acreditar ser verdade? Se fosse algum fantasma tocando piano, como é que outras pessoas não iam ouvir e achar estranho?
    O cheirinho de café da padaria da esquina veio me buscar e pedir a minha moeda de um real, o valor exato da média com pão e manteiga (ao menos era o que me cobravam). Não sei se foi o sonho ou a tristeza que me invadia, que me fez atravessar a rua distraído, só me dei conta do que fazia quando ouvi o grito do pneu e vi o capô do carro vermelho muito próximo de mim. Felizmente o motorista foi de uma perícia incrível, só deu tempo de eu me encolher e ele conseguiu desviar, mesmo assim me bateu de leve e caí. O carro parou em seguida, mas eu levantei rápido e corri dali, não estava afim de ouvir sermão, principalmente porque o culpado era eu, por andar distraído.
     Quando cheguei na padaria descobri que tinha perdido a moeda de um real. Que pena! No entanto, talvez pelo susto, a fome havia passado. A única coisa que eu sentia ainda era aquela tristeza. Eu nunca fui triste, mas, hoje, parecia que todas as poucas lembranças da vida estavam me incomodando.
    Deu vontade de ir ver dona Lola, minha mãe. Mesmo sendo véspera de Natal e sabendo que era dia de ganhar uma grana, não dava vontade de trabalhar. Fui pra casa e foi ainda pior. Por lá estava uma tristeza só, como todo ano nesta época, minha mãe era uma choradeira. Voltei pra rua e passei o dia vagando, sem rumo, até anoitecer. A cidade estava uma mistura de alegria e frustração que só quem é da rua consegue perceber: alegria de quem tinha uma grana para presentes e festas; frustração pra quem, mais uma vez, não tinha ganhado o suficiente.
    Apesar da minha idade, tinha alguns pensamentos sobre o Natal. Sempre achei estranho as pessoas darem tanto valor ao que se pode comprar e, também, nunca concordei que o “dar e receber” do Natal fosse tão material. Eu via as pessoas entrando nas igrejas para encontrar Deus, chegando com seus carrões brilhantes e roupas impecáveis. Será que iam mostrar isso pra Deus? Sempre me perguntei por que as pessoas, no Natal, não saem pra rua e abraçam as outras? Por que não fazem uma grande festa em praça pública, pra todos participarem. Cada um daria um pouco do que tem e todos ficariam alegres. Tenho certeza de que, se tivesse pra todos, não haveria confusão.
    Tudo bem que o sorriso de um filho com o presente novo deve ser uma grande alegria para os pais, mas... bem, e quantos filhos que não sorriem? E quantos pais que se entristecem por não poderem presentear? Daí reclamam da violência. O mais simples de se fazer contra a violência, quase ninguém faz: ser amigo, dar um abraço, compartilhar um pouco o pouco, ou o muito, ou, ao menos, o que sobra, mas, parece mais fácil reclamar da polícia e dos políticos, do que estender a mão e sorrir, ao contrário de se fechar em suas casas de altos muros, com alarmes e vigias espalhados. Às vezes me pergunto: quem está se protegendo, eles de nós, ou nós deles?
    Além do mais, o sorriso do filho não seria ainda mais bonito se fosse junto com uma criança pobre, que quase nunca ganha um presente novo? Por que os pais não ensinam isso aos filhos: partilhar? Alguém perde alguns minutos, olhando o brilho triste que se acende nos olhos de quem não pode comprar, na frente das vitrines encantadas, espalhadas pelas ruas? Lágrimas sem nome, esquecidas de quem ri. Se eu fosse Presidente, mandava construir escolas onde se ensinasse a compartilhar, tenho certeza que iria sobrar mais espaço nas cadeias.
    A mola do sofá do seu Lau estava incomodando mais que nos outros dias, e o cheiro de gato estava insuportável. Fui até a escada do museu e olhei a hora na torre da matriz: quase meia noite. Meu amigo fantasma logo deveria se apresentar. Ri do meu pensamento e descobri que estava morrendo de medo de entrar, mas, não tinha outro local pra dormir e os risos e cantigas de Natal, que se ouvia na cidade, me incomodavam, como nunca.
                                                                 ***
    Quando cheguei perto da porta, ela abriu-se, desta vez, sem fazer barulho e meu amigo fantasma abriu seu delicado sorriso. O coração, mais uma vez, deu um salto: então não era sonho!
    —  Estávamos esperando.
    —  A mim?
    —  Sim, hoje você é o meu convidado especial.
    Por momentos tive dúvidas se aquilo estava acontecendo de verdade ou se era mais um sonho. Quem sabe eu estivesse dormindo lá no sofá do seu Lau? Mesmo assim, sendo ou não um sonho, por que não entrar?
    O salão principal do museu estava diferente, ainda eu podia ver as peças antigas que me encantavam, mas ele estava maior, e muitas pessoas estavam espalhadas nele. Todos me olhavam e sorriam, comemoravam a noite de Natal, com lindas roupas brancas. Seria aquilo uma reunião de anjos?
    —  Anjos, propriamente, não – falou meu amigo fantasma, como se estivesse lendo meus pensamentos. – Hoje podemos ser chamados de Espíritos do Natal. Durante o ano trabalhamos para o bem, ajudamos as pessoas que ainda lutam aqui na Terra. Todos aqui têm um elemento em comum: morremos cedo, ainda na juventude.  Viemos para a Terra por um curto período, para que registrássemos na memória as lutas e dificuldades do ser humano, para que, agora, no outro lado da vida, puséssemos ajudar com mais eficiência. Na época do Natal temos um trabalho especial. Você já ouviu falar no Espírito Natalino?
    —  Já, mas só de ouvir falar mesmo, na prática a coisa tá feia.
    —  Pois é. Nesta época, a maioria das pessoas se predispõem a atitudes mais nobres, de perdão, paciência, caridade...
    —  Ah é! Tem certeza?
    — Tenho sim. Sei que tem sido difícil pra você, mas, nesta época, aproveitamos para ajudar as pessoas a darem grandes passos evolutivos. Situações que se arrastam por longo tempo, muitas vezes, são resolvidas pela ajuda do Espírito Natalino. O perdão é o vento que move a nave do destino, enquanto que a mágoa é a âncora que a prende...
    —  Então vocês são Espíritos Natalinos. Pensei que isso fosse invenção... e o que eu faço aqui entre vocês?
    —  Você é meu convidado, já disse. Na verdade, eu sou o mais velho do grupo...
    —  Então você é o chefe aqui...
    — É, pode-se pensar assim. Através dos tempos, a morte sempre foi o grande drama humano, no entanto, todas a vezes que passamos por ela, descobrimos que morrer é apenas renascer. A vida continua em sua plenitude, enquanto as pessoas a desconhecem, por isso, ajudamos a conhecê-la. 
    —  O que você quer dizer com isso?
    — Hoje você pensou muito nas dificuldades do ser humano, foram grandes pensamentos...
    —  É, o Natal sempre me deixa assim...
    —  Veja, é meia noite, hora de comemorarmos a vida...
    Meu amigo foi para o piano. Tocou músicas lindas e cantamos com ele por muito tempo. O dia quase amanhecia quando todos começaram a sair. Foi uma noite linda, o melhor Natal que eu já passei, junto com meus amigos fantasmas.
Meu amigo chegou perto de mim e abraçou-me, com carinho. Pensei que ele estava se despedindo, por isso fiquei ainda mais surpreso quando ele me falou:
    —  Quer trabalhar comigo, no meu grupo?
    —  Como assim? Minha vida é uma dureza, mas, eu tenho minha alegrias...
    —  E quem disse que você não vai continuar vivendo? A morte é apenas da matéria.
    —  Mas eu não posso me matar...
    —  Não precisa...
    —  ???
    —  Querido amigo, já está feito...
    —  Feito o quê? O que você quer dizer com isso?
    —  Você ainda não sabe?
    Por instantes tive a impressão que meu peito ia estourar. Não sei dizer, ao certo, o que senti. Alegria e tristeza se misturavam com velocidade. Sorri, com o rosto cheio de lágrimas e abracei de novo meu amigo fantasma. Fantasma! Não podia mais chamá-lo assim.
    —  Então o acidente foi mais grave do que pensei?
    —  É...
    —  Mas, eu nem percebi.
  — A maioria nem percebe quando acontece. Você é um dos nossos, veio para experimentar, na pele, as carências humanas. Agora é hora de voltar e trabalhar, se quiser, pode ser no meu grupo.
    —  É claro que quero!
    — É Natal e nós, os Espíritos Natalinos destes dias, temos muito o que fazer... como você sabe: as crianças na frente das vitrines, os pais que não puderam comprar os presentes, os irmãos que não se conversam, os casais que não se perdoaram, as pessoas com seus carrões brilhantes e roupas impecáveis, os que não conseguem se doar... é, temos muito o que fazer. Este ano você é meu assistente.
    —  E minha mãe?
    Ele me olhou como se eu tivesse falado besteira, depois, somente apontou o dedo pra cima, sem fazer comentários, como se me cobrasse por não crer em Deus, mesmo com tudo o que estava acontecendo comigo. Meu amigo abraçou-me e fomos para fora do museu. Passei o dia de Natal próximo do coração humano, vasculhando, lá dentro, até encontrar Deus. Muitas pessoas mais endurecidas não conseguiam coloca-lo pra fora, outros sorriam, outros choravam, alguns abraçavam um desafeto, outros pensavam em seus erros e se predispunham a mudar, alguns já tinham escondido tanto Deus que nem nos ouviam. Tantos pensavam melhor na vida e imaginavam ser possível torná-la melhor.
     Era Natal, e eu estava aprendendo o que isso realmente significava: a Natalidade eterna da vida, o renascer incessante, nos levando muito além da morte, muito além de todos os Natais.
 .
foto de: denataljamoseh.blogspot.com

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

a paz anda muito cara... mas ainda existe.




Calma! Ainda há lugar para ela, mesmo com o ambiente físico e psicológico das pessoas conturbado como anda. A população aumenta e o espaço diminui, então nos esbarramos mais, tem mais velhinhos andando lentos na calçada quando estamos com pressa; tem mais pessoas querendo chegar antes de você na fila, qualquer fila. Tem mais pessoas dividindo a fatia de remuneração que lhe cabe por seu trabalho. O mercado globalizado e capitalista é competitivo por natureza, precisa ser assim para existir e estamos inexoravelmente atrelados a ele, ao menos enquanto precisamos comprar, pagar, vender. As pessoas andam mais irritadas. Parece que qualquer motivo pequeno é o suficiente para que o dia estrague e, se estragarem o meu dia, eu estrago o dia dos outros, é justo. Calma! Ainda há lugar para paz. Mesmo com o governo instituído não nos devolvendo quase nenhuma cidadania pelo que pagamos (e como pagamos!) de impostos. Mesmo com tudo custando tão caro, quase sempre. O silêncio anda caro. Locais bonitos foram comprados por quem tem mais dinheiro, para alguns poucos usarem, ou, se permitem a nós usarmos, temos que pagar, e caro, obviamente. Quase tudo hoje em dia tem seu preço em moeda. O silêncio e o por do sol no mar está custando quase uma fortuna, daí a pessoa trabalha e trabalha e compete e corre e cansa e descobre que não pode pagar pelo silêncio e pelo por do sol bonito, ou aquele lugar que era de graça agora tem uma cerca de arame farpado no caminho. A pessoa se irrita, e tem que pagar o colégio, o plano de saúde, a vigilância privada, a seguridade privada e trocar o amortecedor que quebrou naquele maldito buraco na estrada... Calma! Calma porque as pessoas partem. É tão natural as pessoas partirem como pagarmos as contas. Ficamos tristes, mas é da vida, todos partiremos, mas na hora certa, não antecipe sua partida por bobagens. Ainda vão furar muito a fila na sua frente. Ainda vão lhe fechar no trânsito ou mesmo baterem na traseira do seu carro. Quem sabe não será você que vai bater na traseira de alguém? Ainda vão roubar alguma coisa valiosa de você, hoje em dia quase ninguém mais escapa disso (eu que o diga!). Você poderá ser vítima de crimes virtuais. Seu filho ou filha vai tirar notas baixas. Os problemas continuam e o valor que damos a eles tem uma tendência a aumentar, porque o círculo vicioso do mercado competitivo, da sociedade competitiva, nos leva a isso. Então, calma! Tudo se resolve. Se não resolver, o tempo atenua. Nesta época de Natal há uma energia ainda mais desarmônica circulando: a da ansiedade pelo fim de ano, pelo comprar presentes, pelo fazer a festa... mas o dinheiro anda curto... as pessoas se irritam e olham atravessado se você bobear, por nada, e podem xingar sem razão. Não responda. Não deixe seu ambiente psicológico poluído de irritação, porque sua mente vai responder no mesmo sentido e, de repente, você estará xingando alguém por bobagem, tratando mal quem partilha a vida com você, por bobagem. Calma! Muita calma, mesmo com o dinheiro faltando; mesmo com o chefe arrogante ou com o colega puxa-saco; mesmo com o filho desobediente ou a conta do banco negativa (opa! Nisso não tanta calma assim... resolve logo que na outra ponta um monstro pode lhe devorar rapidamente). Mesmo com a doença e com os remédios caros; se não há saída, confie na vida, é espantoso a capacidade dela de encontrar novos cominhos para nós. Sorria mais. Diga bom-dia! Não custa. Prepare seu ambiente para um natal mais calmo, sem tanta necessidade de ostentação material. Crie ao seu redor um ambiente psicofísico equilibrado, e o mundo, e as pessoas, tenderão a responder a você da mesma maneira. Não se irrite tanto, diminua a voltagem, o coração agradece... a mente, o corpo todo. Porque o ritmo desenfreado da vida ainda vai aumentar e ficará cada vez mais difícil acharmos um barranco de rio sem uma cerca; uma praia pouco movimentada onde se possa deixar o carro e encontrá-lo inteiro quando voltar; um restaurante bom, barato, silencioso e com pouca gente; pessoas educadas e éticas. E se o problema de hoje é insolucionável, insolucionado está. Lembre dos problemas insolucionáveis de alguns anos atrás e como eles estão agora. Terá surpresas. Calma! Olhe para o seu cantinho e veja que pode melhorar nele sem gastar muito. Desfrute do prazer de fazer coisas simples. Abrace a família, os amigos, faça com que todos sintam seu coração pulsando por eles. Isso vale muito mais que presentes caros. Cultive a paz interiormente, porque, do lado de fora, ela está cada vez mais cara e difícil de encontrar, mas dentro de nós não há porque instalarmos cercas. O preço dela somos nós que estipulamos. De preferência, que seja de graça. O mundo em que vive será melhor.





terça-feira, 15 de novembro de 2011

a janela e o tempo


Tenho aberto muitas janelas

Com o tempo

Tantas

Elas mudam, é claro

E o que vejo por elas muda, é claro

Tanto

e tanto

Não vejo mais meu pai me acenando

Quando vinha do trabalho

minha mãe podando as roseiras

Nem escuto a cantoria do homenzinho que limpava o jardim

Faz tempo

Tantas janelas

Não vejo a vizinha me procurando

Escondida atrás da cortinas

15 anos, 16...

Faz tempo

A memória fica

As imagens se apagam

Tantas e tantas

Mudaram, eu mudei

Onde foram as nuvens rápidas e o azul?

Onde foram meus filhos

Que brincavam no jardim?

Quem ainda baterá leve na veneziana

Na hora de sair?

Onde estão os pássaros pendurados nos fios

tantos fios e pipas

e hoje até escuto que logo não existirão mais

os fios (e as pipas)

As paisagens são outras todo dia

Já vi gramados e hortênsias

Já houve mar, prédios

e solidão

Tantas vezes

Mas sempre muda

Sempre eu mudo

Folhas que caem, outros poentes

Vontades que vão ficando, ou passam

O tempo passa

E quando penso em olhar ao contrário

Lá de fora para dentro

Vejo tanta coisa tão igual

Com maquiagens diferentes

Vejo principalmente

E às vezes tão somente

O grande problema humano tatuado em mim

Com cores fortes e recorrência:

A vontade

Tão grande vontade de ter

Bem maior que a possibilidade de ter

E sinto-me repentinamente vazio

Descubro que o baú da vida tem espaço demais sobrando

Porque sobrou vontade... muita vontade...

Corro pensar em ser

Mas antes fecho a janela

Deixo pra abrir outro dia

Pra pensar outro dia

Porque outro dia vem

O tempo passa

outras janelas

A vontade muda

E a maquiagem dela também...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

caminho...


Quando estamos perdidos, nem sempre queremos que alguém nos mostre o caminho, mas, se possível, que faça parte dele, nem que seja só um pouquinho...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lula e o SUS



.
me digam, por favor me respondam:


a campanha para dizer que é preconceito contra o Lula querer que ele faça o tratamento pelo SUS (por ele ter vindo de classe mais baixa) , vai conseguir encobrir a situação da saúde pública no Brasil?



é claro que ele tem direito a um bom tratamento, como qualquer ser humano... mas é isso mesmo:

COMO QUALQUER SER HUMANO!!!!



alguém tem realmente coragem de dizer que o que é aplicado na saúde no Brasil é suficiente? Alguém tem coragem de dizer que se a alcatéia política realmente trabalhasse e não nos roubasse tão descaradamente, sobraria mais dinheiro para aplicar na saúde?



Sim, eu queria que o Lula pudesse se tratar pelo SUS. Eu queria que Eu pudesse me tratar pelo SUS. Eu queria que VOCÊ pudesse se tratar pelo SUS, se não de tudo, pois estamos longe disso, mas ao menos do básico. Eu queria que QUALQUER BRASILEIRO não precisasse esperar meses por uma consulta; que os médicos, e todos os profissionais da saúde vinculados ao SUS, pudessem receber dignamente pelo trabalho... ah! Tanta coisa eu queria!



PRECONCEITO CONTRA O LULA???



VALHA-ME DEUS, QUE FALTA DE RESPEITO!! Não com o Lula, mas comigo, com você, com QUALQUER BRASILEIRO.

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terça-feira, 1 de novembro de 2011

AOS MORTOS... e seu dia...



Todos caminhamos para a despedida
Um dia seremos lembrança
Tomara
E que sejam a maioria boas
E que quando acharem pequenas coisas que foram nossas
Ou ouvirem palavras que costumávamos dizer
Ou relerem alguma coisa que deixamos escrito
Que possamos resgatar um sorriso perdido no tempo
talvez refletido numa lágrima...
(... que seja de saudade!)
E que falem das coisas que fizemos
Verdadeiras ou nem tanto
Que inventem
Mas falem
Tomara
Que pior seria o esquecimento
Um dia seremos lembrança
De risos e despedidas
E que os amigos verdadeiros nos lembrem
E também os não tão verdadeiros assim
Quando o sol avermelhar as tardes
Ou o vento cantar nossa saudade pelas madrugadas
Por que um dia seremos lembrança
Todos nós
Todos nós
Um dia seremos apenas lembrança

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PACTO




quem sabe façamos um pacto
com algum demônio amigo
de relegarmos enojados
qualquer eventual excesso de alegria

é preciso combinarmos juntos
nunca precisarmos nos ver todos os dias
nem telefonar pra se saber como está
amanhã como será
ou como foi hoje
que isso nos cause calafrios e suores...

necessitamos de um demônio imparcial
que fiscalize nossos passos
demasiadamente juntos...
que nos permita deixar os jardins intactos
e ao mar e à lua e à lágrima
só recorrermos conduzidos pelo acaso

um demônio nefasto e sério
que nos ensine fazer das madrugadas puladas
nosso roteiro
onde buscar a saciedade do peito
e que diga onde nos encontrarmos
se desastrosamente necessário
mas sem a insistência dos falsos motivos
às avessas
quase à revelia...

um demônio que conheça
todos nossos amigos
para infiltrá-los sempre antes
e logo depois de nós
para que os reencontros e despedidas
sejam descuidados e passivos
para que jamais nos esqueçamos
do depois e do antes...

assim haverá algum perigo
um perigo maior
de nos encontrarmos em nossa paixão desenfreada
e viveremos do temor deste perigo
do inusitado e divino em nós
e nunca do manso
e enfadonho direito de nos repetirmos...

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imagem capturada do google fotos... e lá dizia que era do http://poesiapopularbrasileira.blogspot.com/


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terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que dá e o que não dá NOTÍCIA... você sabe?

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. big brother nua na playboy
. namoro novo de global
. passeata contra a corrupção
. passeata pra encontrar Jesus
. jogo da seleção do Mano
. votação do ficha limpa
. 10 anos do 11 de setembro
. enchente em Santa Catarina
. votação pra aumentar salários dos deputados
. aumento do IPI pra proteger empresas estrangeiras
. traição de global
. agreção de jogador por torcida, ou vice-versa
. filha que mata os pais
. plano governamental para a educação
. vitória do Corinthias
. situação das estradas
. fraude nas aposentadorias do estado
. vitória do Flamengo
. briga em campo na decisão
. invasão de morro pela polícia
. situação da saúde pública

nossa! dá pra passar o dia escrevendo antíteses jornalísticas. O peso que a mídia dá a cada notícia é o tutor da cidadania brasileira. Que pena!!
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domingo, 9 de outubro de 2011

Meu País e Medianeras...
























essa postagem não tem nenhuma intenção de fazer uma crítica aos filmes MEU PAÍS, brasileiro, e MEDIANERAS, argentino. É só pra convidar os eventuais visitantes a assistí-los.
Assisti recentemente a estréia de Medianeras (Buenos Aires na era do amor digital... subtítulo totalmente dispensável) em Porto Alegre (o filme ganhou kikito em Gramado) e fiquei deslumbrado.



Essa semana assisti Meu País, excelente.



Ambos os filmes tratam da solidão, com abordagens totalmente diferentes, porém, com incrível delicadeza. Não vou comentar, apenas pedir: assistam, são realmente imperdíveis e o que é realmente bom deve ser compartilhado. Depois a gente fala...
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domingo, 2 de outubro de 2011

como o domingo estava um pouco chato...

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A gente tava aqui sem nada programado para o domingo, então... Mas antes de explicar, vai aqui o pedido pra Mônica. Não sabemos que nome dar a esse prato e como o lance dela é idioma, ela está convidada a batizar (no idioma que quiser)...

Mas por que não pode ser em bom brasilês?

Então vamos ao contexto. Ficamos de fazer um jantar de comemoração da conclusão do Mestrado do Dani. Estou ainda escolhendo o cardápio e, nestas elucubrações, pensei em criar ao menos um prato diferente(que vai ser o primeiro prato). Então surgiu a ideia desta trouxa de camarão com molho de queijo. Pô, mas o Dani vai querer algo chique, de cozinha internacional... por isso, Mônica, vai lá, estamos esperando o batismo.

A receita...

estamos ainda desenvolvendo, logo posto a definitiva.

Una 4 camarões pelo meio (usamos os camarões que tínhamos em casa, não muito grandes). Use uma cebolinha verde pra isso, mas antes aqueça-a numa frigideira para que não fique quebradiça. Depois de unidos, derrame um pouco de clara de ovo batida com trigo, para garantir que se mantenham unidos. Sal, somente sal polvilhado neste momento e não muito (o molho de queijo já é salgado). Frite em óleo bem quente, numa quantidade que cubra bem os camarões, até dourar. O molho de queijo é simples: queijo gorgonzola, parmesão e mussarela esfarelados, nós moscada e leite para dar ponto; é só cozinhar até ficar cremoso.

(ainda não vi esta receita por aí, mas como na cozinha quase nada se cria, me perdoem se estou plagiando...)







Ah! Esta última foto não tem nada a ver... é só prato principal do domingo: Olhete assado e batatas douradas. Básico...
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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

o difícil ofício de ser brasileiro...


ontem, 29/09, saí de Balneário Camboriú as 16 horas para atender um paciente em Florianópolis as 18 horas. Tempo mais do que suficiente (em torno de 50 min de viagem) e ainda calculado para evitar o natural engarrafamento da entrada da capital. Não andei 5 km e o trânsito parou. Reforma na 101 (que não pára nunca, diga-se de passagem). Não dava pra ter ideia de onde era a interrupção, muito menos quanto tempo ia demorar a passar. Pagamos pedágio a uma empresa (autopista litoral sul) e o direito que temos é pagar o pedágio, pouca coisa mais. Por que não podem ser informados os horários de interrupção para reforma? O site da concessionária informa parcamente e sempre o que já aconteceu. Que valia tem o que já aconteceu? Resumindo: duas horas para passar o trecho e paciente remarcado. Quanta gente perdendo tempo e dinheiro, poluindo o ar e aumentando o nível de estresse. Nem vou comentar sobre a multidão de babacas que se julgam espertos, que cortam por aqui, por ali, pelo acostamento... esses são os principais responsáveis pela nossa falta de cidadania, pois são pessoas de igual índole que estão no comando geral. O mínimo que se pede é informação, ou atualizada e precisa no site da autopista, ou uma rádio cidadão (o que seria o mais justo). Por que não podemos planejar os nossos horários de deslocamento, assim como eles planejam os horários de interromper a rodovia? Se eles vão continuar fazendo reformas nos horários mais movimentados da estrada (que é o que sempre fazem), por que não podemos ser devidamente informados. Custa ter um pouquinho de respeito com o cidadão que paga uma das cargas tributárias mais altas do mundo?
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domingo, 18 de setembro de 2011

Para um grande espumante...



o normal é pensarmos numa bebida para acompanhar um prato... mas existem algumas bebidas que devem ser sorvidas com algum quê de veneração, e a situação naturalmente se inverte. Tínhamos em casa a última garrafa do espumante Dom Cândido brut 2008, de produção limitada (2000 caixas). O breve envelhecimento de 3 anos conferiu ainda mais personalidade a este 100% chardonnay, premiado como melhor espumante nacional da categoria pela revista playboy. Estávamos já com alguma pena por ser a última, por isso pensei em pratos que pudessem se equiparar. A imaginação viajou para o inusitado. É claro que se não houvesse harmonização com a delicadeza e estrutura do ótimo Dom Cândido, beberíamos sem acompanhamento. Mas quero dizer que ficou excelente.

Primeiro Prato:

Salmão com crosta de gergelim negro e salada de tomate picado com alecrim italiano.



bem, este primeiro prato não era tão ousado quanto ao prato principal:

Filé de tainha ao curry, com linguine ao molho de salsa tartufata.

Sabores singulares, mas que casaram perfeitamente com a singularidade do vinho espumante.



Tudo bem, ficou faltando a sobremesa, porém, o homenageado era o espumante, e só tínhamos uma garrafa... é claro que não chegaria à sobremesa.

Agora, até conseguirmos comprar outra caixa, vou pensando em outras combinações arriscadas.

Ah! O tomate picado foi sobra mesmo do primeiro prato, mas valeu para dar colorido. Se alguém quiser detalhes das receitas, é só pedir.
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

enchentes no sul... mas isso de novo!!!!

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A defesa civil de Itajaí está de parabéns. A população foi avisada da gravidade da situação com antecedência suficiente para que se tomassem as providências possíveis. Tudo foi pra cima. É claro que em algumas áreas, nem se colocasse tudo no telhado resolveria, mas os prejuizos foram muito menores desta vez.


Também está de parabéns a prefeitura. As obras no subterrâneo da cidade, que tanto incomodaram e ainda incomodam a população pela lentidão, surtiram efeito, assim como a dragagem do rio Itajaí açu. O volume de água que veio do interior este ano foi bem superior ao que veio em 2008, mas a área inundada foi menor, ou a altura dá água foi menor (já que é tudo muito plano).


Rio do Sul, Blumenau e Brusque sofreram mais, assim como muitas outras cidades do vale. Uma amiga me falou hoje, por mail, que em Rio do Sul muita gente não acreditou que viria tanta água e tiveram perdas enormes. Disse ela que a defesa civil alertou, mas não acreditaram.


Tem muita gente desabrigada e convém quem pode se preocupar com donativos, mesmo com tanta notícia do desvio destes. Infelizmente temos que pensar que ao menos uma parte chegará em quem precisa... e como precisam!!


A vida já vai continuando e logo tudo segue... e logo chega mais uma eleição. Aqueles engravatados que só viram pela televisão mais uma tragédia de grandes proporções, virão pedir seu voto. Nenhum deles virá com uma proposta real e cabível para mitigar os problemas das enchentes. Nenhum, podem apostar. O que vocês vão fazer com seus votos, não sei... com o meu, eu sei.


Nota ainda mais triste no meio da tragédia. A mídia se preocupou bem mais com os eventos do onze de setembro do que com as tragédias brazucas do sul do país... afinal, enchente já é coisa de todo ano... não dá mais audiência. Pô, o que esses catarinas querem com enchente logo no dia 11/09???


Os políticos agradecem a baixa exposição do que eles não fizeram.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

FlipSnack... o que é a tecnologia!

fico aqui imaginando o meu tempo de adolescência, quando entrava na biblioteca pública de Ponta Grossa, uma antiquíssima casa tombada pelo patrimônio histórico da cidade, daquelas com chão de largas tábuas da madeira que rangiam muito quando a gente pisava. Lá eu encontrei Edgar Rice Burroughs, Dumas, José Lins do Rego, José de Alencar, Conan Doyle, Hemingway... paixões imediatas. Se me falassem sobre isso, naquela época, lá por 1977... 78... o que eu diria?


ah! claro que vai aí um bom marketing pessoal...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

a família Roriz... e os palhaços, ou, ladrão que julga ladrão...

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Por 166 votos favoráveis a cassação, 265 contra e 20 abstenções, a deputada Jaqueline Roriz foi absolvida, na noite desta terça-feira, 30/08, pela Câmara dos Deputados.
Ela foi filmada recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM do Distrito Federal. Na época, a deputada admitiu que o dinheiro seria para caixa dois de campanha.


A gravação, no entanto, é de 2006, antes de ela ser eleita deputada distrital. Sua defesa alegou que ela não poderia ser cassada por um fato cometido antes de seu mandato.

Em sua defesa no plenário, Jaqueline não mencionou, nenhuma vez, o vídeo. Também não negou ter recebido o dinheiro. Ela apenas culpou a mídia, "que destrói a honra de qualquer um". Criticou ainda o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, que na semana passada apresentou um parecer pela abertura de uma ação penal contra a deputada.

"Alguns paladinos da ética, alguns parlamentares e integrantes do Ministério Público, por interesses políticos, tentam influenciar os senhores. O procurador me denunciou sem nem ouvir o meu lado", afirmou ela.

A votação foi secreta, o que, avaliam deputados, contribuiu para a absolvição de Jaqueline.

O texto acima foi control c control v da folha online. Eu pensava até em não fazer comentários, tamanha a redundância e obviedade dos mesmos, mas é irresistível.

Recebeu dinheiro para caixa dois de campanha... ah! mas ainda não era deputada. Além do mais, a mídia acaba com a honra de qualquer um. Imagina que só porque ela aparece recebendo dinheiro ilícito, não pode exercer o cargo de deputado! Só isso? E por acaso deputado precisa ter alguma ética para exercer o cargo????????????????????? E por acaso a grande maioria dos deputados não faz a mesma coisa, só tem a sorte da mídia (que acaba com qualquer um) não flagrar???????????? E por acaso roubar, desviar verba, aumentar salário pra lá da estratosfera, bulinar na nossa honra, fé, cidadania, acabar com nossa esperança, elevar juros, elevar juros, elevar juros (sim, eles nada fazem contra o Executivo), fazer conchavos corporativos, superfaturar, nepotizar, mutretar... não é por acaso coisa comum pra deputado???????????? Além do mais, o pai da nobre colega se afastou do cargo de governador para não perder os direitos políticos...pode existir melhor exemplo de ética?

Ora meus amigos, vamos ponderar com o máximo de racionalidade e sem paixões políticas piegas: DESTA VEZ ELES FORAM ÉTICOS... LADRÃO TEM QUE ABSOLVER LADRÃO MESMO!!!!!!!!!!!!
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

pais e filhos





Esta vem na sequência da postagem anterior...


É uma grande redundância dizer que educar filhos é uma tarefa dificílima. Diante das dificuldades naturais encontradas, pessoalmente cheguei à conclusão que minha consciência se refresca ao saber que dedico atenção constante a esta tarefa, mesmo quando aparentemente estou desligado. O “desligado” dos pais é uma vigia silenciosa; um faz-de-conta fora da brincadeira. No longo caminho educacional, cometemos uma série de erros e facilmente nos culpamos por eles. Nossa consciência facilmente registra nossos deslizes e mesmo as tentativas frustradas de tudo dar certo. E a frustração acontece mesmo, ninguém precisa ter medo de encarar isso, porque geralmente temos dificuldade de encarar que o filho é um ser humano “quase totalmente independente da nossa vontade”. Daí vem a culpa. É exatamente nesta culpa que foco esse texto, mais especificamente na situação de comentarmos, indicarmos, salientarmos, delicadamente ou não, possíveis erros, defeitos ou dificuldades de uma pessoa para seus pais.


Por melhor que seja nossa intenção, é necessário considerar que nosso comentário golpeará diretamente nesta consciência culpada. Exceto na situação de pais extremamente desatentos aos problemas e necessidades dos filhos, causaremos algum desconforto, e o nosso bem intencionado comentário não terá o efeito desejado, ou muito pelo contrário. No caso dos comentários não tão bem intencionados então... melhor nem comentar.


Erros, defeitos, problemas e dificuldades dos filhos, são fatores de desalinho emocional e consciencial para os pais. Feridas abertas, que o menor toque pode causar dor ou tristeza. É claro que não defendo o simplismo do “tapar o sol com a peneira”, tão comum aos pais relapsos. Tampouco concordo com pais que não têm olhos de ver. A única intenção deste texto (ou pretensão) é fazer um alerta. É uma cobrança comigo mesmo. É um pedido de delicadeza geral.

A mudança dos padrões familiares da nossa época fez com que nossa interação social fosse mais abrangente. Os problemas familiares estão mais evidentes e abertos, e nossa participação neles deve seguir o mesmo caminho.

foto de http://gramorais.blogspot.com/

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ajudar... ensine pelo exemplo.



Acho que lá pelos meus 14 anos eu estava saindo do supermercado com minha mãe, quando passou uma mulher, já idosa, carregando no ombro um pesado feixe de lenha, desses de sobra de serraria. Era um dia frio, até que estava bem agasalhada e não pedia nada, mas era fácil perceber que a vida não lhe era fácil. Passou ao nosso lado em silêncio e foi embora. Minha mãe pegou um nota (creio que seria algo como R$ 10,00, atualmente) e pediu para que eu fosse atrás e entregasse o dinheiro para a mulher. Ela já ia um pouco longe e eu, na minha timidez natural, não sabia como abordá-la, com medo de causar algum constrangimento. Não era nenhuma pedinte profissional, daquelas que já empedraram no rosto toda a culpa da sociedade por suas desventuras. Então, como fazer? A ideia surgiu faltando poucos passos para alcançá-la:



- Senhora... senhora... desculpe... a senhora deixou cair esse dinheiro ali atrás, quando passou pela gente...



Coloquei o dinheiro na mão dela e, antes que dissesse qualquer coisa, eu já estava longe. Nem sei qual foi sua reação. Na época vivíamos uma situação complicada financeiramente e precisávamos ser comedidos em tudo. Meus pais nunca foram de muita teoria educativa, ou sermões quanto à necessidade de ajudar o próximo, mas, no velho jargão que o ato vale mais que as palavras, passaram aos três filhos sólidos ensinamentos. Entre tantas outras coisas, é fácil buscar na memória a chegada em casas pobres com caixas de comida, sem alardes, sem fotógrafos. Felizmente esse padrão de comportamento passou aos filhos. Ajudar a quem precisa, na medida do possível (qual é essa medida?), é coisa natural. É claro que podemos excetuar aquelas ligações telefônicas dramáticas, de campanhas que não se sabe pra onde a ajuda realmente vai. Também podemos desconsiderar campanhas que visam apenas “lavar” dinheiro, ou usar a boa vontade popular para pagar as próprias contas.



O que eu creio ser mais interessante neste passar de padrão de comportamento adiante, é que ajudar as pessoas tem uma extensão muito significativa no comportamento social do indivíduo. A ideia de ajudar o próximo abranda o olhar da pessoa para as asperezas de outra pessoa. Nestes dias em que a superpopulação torna o convívio social cada vez mais áspero, no trânsito, nas filas, no trabalho, na escola, isso faz uma grande diferença. Quem tem o coração aberto para as dificuldades individuais e, principalmente, sabe respeitar as dificuldades individuais, é “macio” socialmente.



Então vai uma dica aos pais, principalmente aqueles que reclamam da dificuldade de convívio com os filhos: levem-nos ajudar alguém. Comprem alimentos (de preferência não perecíveis) e levem num asilo (ah! Podem levar fraldas geriátricas, sempre estão precisando). Perguntem lá o que sempre falta, para levarem na próxima visita. Sim, fazer isso apenas uma vez é quase sem valor. Vejam como funcionam os abrigos para crianças e como é possível ajudar. Hospitais, associações que cuidam de doenças específicas ou dificuldades especiais. O leque de possibilidades é grande.



O riso solto de uma criança, o olhar terno de um idoso, podem lixar muitas asperezas nossas. Se quiserem fazer uma ligação telefônica e doar 5, 10, 20... tantos reais quiserem, tudo bem, mas, convenhamos, isso é cômodo demais. Vão na fonte, e levem seus filhos.



Acreditem, custa pouco, e ganha-se muito. A sociedade, num todo, agradece.


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segunda-feira, 4 de julho de 2011

confirmação

aos visitantes que porventura esperam publicações de outro gênero aqui no sombra, espero que me desculpem. Há um tempo havia decidido que não faria mais eventos para lançamentos de livros, devido a tantos contratempos nos lançamentos anteriores, além de algumas catástrofes (no último Itajaí ficou quase toda submersa, dias antes do evento). Mas O Magneto fluiu com tanta facilidade em todos os sentidos que acabou virando festa. Depois do lançamento, volto a escrever idéias e outros derivados, além de voltar a acompanhar meus queridos blogs preferidos...

Lançamento do romance O MAGNETO de Mauro Camargo

Dia 08 de julho, na Casa da Cultura Dide Brandão, Itajaí.
Rua Tubarão, 305. (entre o hotel Ibis e o supermerdado Xande).

Programação:
19:00 horas: Abertura e coquetel.
19:30 horas: Espetáculo LUISA, com Sandra Knoll (Grupo Experimentus)
21:00 horas: Espetáculo CONTOS NOTÍVAGOS, com Marcelo de Souza (Grupo Experimentus)
22:00 horas: Encerramento (a Casa da Cultura só funciona até as 22 horas)
Durante o evento haverá projeção multimídia a respeito do romance, bem como exposição de imagens do mesmo.

Realização
Prefeitura de Itajaí
Fundação Cultural
Casa da Cultura Dide Brandão

Apoio
SESC
UNIVALI

Conto com a participação de todos

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quinta-feira, 16 de junho de 2011

CUENTOS PEQUEÑOS... e os descaminhos da arte.

Ontem, quarta feira, 15 de junho, fui assistir a peça Cuentos Pequeños, de Hugo e Ines, um grupo peruano que está com esse trabalho há 20 anos encantando o público. Fui porque uma amiga atriz me avisou. Fantástico! Daqueles espetáculos que não tem nem como explicar, tamanha magia. A peça está participando do FITA, de Florianópolis (Festival Internacional de Teatro de Animação) e veio a Itajaí porque na programação há uma itinerância de trabalhos.

Cuentos Pequeños acontece no corpo dos artistas. Mãos, pés, boca,joelhos, testa, barriga... qualquer parte do corpo nos conta histórias alegres, delicadas, tomadas de extremos de criatividade, que faz com que, rapidamente, decolemos do chão comum do cotidiano para voos altos da alegria. Realmente, saímos do teatro alegres. Alegres pelo que vimos. Alegres por sabermos que ainda há tanta coisa boa pra ver no mundo artístico.

A nota triste, o que já é recorrente, foi a pequena presença de público. E a crítica, o que já é recorrente, é a falta de interesse da imprensa em noticiar o que eleva o ser humano. Tive a curiosidade de ver as manchetes dos jornais do dia e até me arrependi de pensar em mostrá-las aqui. Todos podem imaginar, é fácil. O pior é pensar que se fosse uma peça cata-níquel com qualquer global deslumbrada(o) e de carinha bonita (ou nem tanto), a imprensa daria foco e ocuparia grandes espaços da mídia. É claro que o público em geral carece de formação, mas isso não justifica a carência de informação.

O espetáculo CUENTOS PEQUEÑOS continua na sua itinerância por algumas cidades e Florianópolis. O FITA continua até sábado em Florianópolis, porém, veremos pouco sobre isso na mídia. Lamentavelmente.

o leitor interessado pode conferir a programação no site oficial do festival:



sexta-feira, 10 de junho de 2011

lançamento oficial do romance O MAGNETO

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o lançamento é oficial, mas a convite ainda é provisório


dia 08 de julho

na Casa de Cultura Dide Brandão, Rua Tubarão, 305, Itajai/SC

as 19:00 horas

com a apresentação das peças

LUISA

e

CONTOS NOTÍVAGOS

do grupo Experimentus Teatrais

apoio

Casa da Cultura Dide Brandão e SESC
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sexta-feira, 27 de maio de 2011

em busca de um livro...

Essa postagem caberia melhor no blog da Mônica (http://cronicasurbanas.wordpress.com)...
Estou à procura do livro VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES. É fácil de encontrar na Estante Virtual, mas, como estava querendo ler neste final de semana, comecei a procurar aqui em Florianópolis. Para não ir de loja em loja (já que nos sebos daqui não tinha), liguei para uma das livrarias, das famosas, e rolou esse dialogo:
- Você pode ver se na loja tem o livro Vida e obra de Bezerra de Menezes?
- Como é mesmo o título?
- Vida e obra de Bezerra de Menezes...
tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec
- O autor é Bezerra de Menezes?
(Raciocínio lógico: Vida e obra, de: Bezerra de Menezes... só que eu fiquei pensando no Bezerra de Menezes ter escrito um livro chamado Vida e Obra, somente. Vida e Obra, de quem? Fantástico!!!)
- Não, o autor é Sylvio Brito de Souza
- Ah...
tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec tec tlec telectec tetlec tec...
- É uma biografia?
(juro que tive vontade de dizer que era um livro sobre navegação, mas o atendente poderia confundir o Bezerra com o Amyr Klink e daí não teria mais volta)
- Sim... é uma biografia. A vida e a obra de Bezerra de Menezes... curioso, não é?
- O que é curioso?
- Ser uma biografia...
- O senhor acha?
- Um pouco...
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- Não temos na loja, senhor...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O magneto... um caso de amor, também com a homeopatia...



Trecho do livro:

(...)Mas Jolly estava me aguardando um pouco ansioso, com mais uma correspondência para entregar:
– Oh! Adrien... Que bom que voltou. Havia me esquecido de uma carta de Benoît. Há dias está comigo, mas, com tanta coisa para fazer, acabei esquecendo-me dela. Vá ao numero 1 da rua de Milan, por favor... Não é longe daqui...
Apanhei o envelope que Jolly me estendia e olhei o destinatário:
“Christian Friedrich Samuel Hahnemann”
– Hahnemann? O médico? Ele ainda vive? – perguntei a Jolly, espantado.
– Pois sim, vive e trabalha muito. Agora vá, não perca tempo. De preferência, entregue em mãos.
– Isso será um grande prazer.
Já era perto das seis horas quando cheguei ao numero 1 da rua de Milan e encontrei uma sala repleta de pessoas esperando para serem atendidas. Era uma casa grande e bonita, com um jardim bem cuidado e mobília rica, porém, os pacientes que esperavam eram, evidentemente, pobres. Como, no momento, não havia ninguém recebendo os pacientes que chegavam, sentei-me a uma cadeira num canto e fiquei esperando que alguém aparecesse. Esperava abordar o médico na hora que um paciente saísse da sala de atendimentos e isso aconteceu logo, porém, foi uma mulher que apareceu conduzindo um senhor bem vestido, de casaca nova e cartola, bem diferente dos pacientes que aguardavam. Quando ela se despediu, pude ouvir o nome: barão de Rotschild. O famoso banqueiro. Um contraste entre os pacientes que esperavam e o que acabara de sair.
Depois que o barão partiu, a mulher olhou para mim e falou:
– Você não estava aqui antes, não é?
Era uma mulher bonita e seus olhos pareciam faiscar. Não tinha mais que quarenta anos e vestia-se com elegância para ser apenas uma secretária.
– Vim trazer uma correspondência ao doutor.
– Vinda de quem?
– Benoît Jules Mure, do Brasil.
– Oh! Benoît! O doutor vai ficar feliz. E quem é você?
– Adrien de Rupetin, amigo de Benoît(...)

A Revolução Francesa marcou um período de esperanças libertárias único na humanidade. Depois de séculos atrelada ao poder religioso, a ciência estava livre. Cientistas e pensadores, sérios ou não, traziam inovações espetaculares para a sociedade, transformando conceitos de conforto doméstico, produção no trabalho, saúde e diversão. O pensamento social igualitário, mesmo que deturpado pelo poder no período pós-revolução, rompia definitivamente a barreira das castas humanas e, não fosse a força da indústria nascente, movida por um capitalismo selvagem desde o primórdio, poderia ter levado a civilização a um padrão de convivência equilibrado. Mesmo que isso não tenha acontecido, era irrefreável o impulso social e científico, literário e artístico, em todas as áreas da atividade humana. Charles Fourier, Saint-Simon, Volta, Faraday, Trevithick, Mesmer, Hahnemamm, Balzac, Victor Hugo, entre tantos, não permitiam retrocessos.
O livro O Magneto é uma viagem a este tempo. Personagens como Benoît Mure, Victor Hugo, Mesmer, Hahnemann, Lachatre, Kardec, participam de passagens fictícias, porém fiéis às suas memórias e engajadas com precisão dentro do contexto histórico, fruto de uma pesquisa séria e descompromissada.
No que diz respeito à homeopatia, esta precisão pode ser vista no texto acima extraído do livro, ou então neste outro, que vem na sequência do anterior:




(...)Quando fui recolhido à sala de consulta, quem me recebeu foi um senhor que não aparentava seus mais de oitenta anos, tamanha a energia que desprendia do seu olhar. Indicou-me uma confortável poltrona e sentou na sua, atrás de uma grande mesa de trabalho. Antes de falar comigo, acendeu seu cachimbo, depois perguntou:
– É mesmo amigo de Benoît?
– Sim.
– Tenho saudade dele... Nossas discussões afiavam meu pensamento. Na verdade, tenho inveja dele. Gostaria de ter idade para ir ao Brasil... Você vai?
– Creio que sim – respondi, sem convicção e mentido, por medo de que ele perdesse o pequeno interesse em mim.
– Crê? Ora, meu filho, não estou vendo segurança nisso! Mas não é de minha conta suas decisões. Vamos, me entregue essa correspondência.
Até havia me esquecido da carta. Ele a apanhou e leu-a com calma. Embora estivesse calor, vestia uma casaca grossa, o que achei natural para sua idade. Seus cabelos ralos e brancos eram um atestado para isso, embora a energia que emanava. Depois de ler por longo tempo, olhou-me e perguntou:
– Quando os colonos vão partir?
­– Está marcado para o dia 30 deste mês, no Havre.
– Pouco tempo, pouco tempo... Benoît está curioso para saber da próxima edição do Organon. A sexta edição. Será a melhor de todas. Ele quer uma cópia. Sempre curioso o meu amigo. Mas ainda não posso mandar... tem muitos detalhes... dia 30, é pouco tempo...(...)

Ou então esta outra passagem:




(...)Namur preparara muitos vidros de homeopatia, para cada um, individualmente, e pediu-nos para tomar, preventivamente.
– A ideia é manter o corpo forte – dizia ele.
– Como sabe qual medicamento devemos tomar? – perguntei.
– Hahnemann nos brindou com a ideia do gênio epidêmico para combater epidemias. Muitos outros homeopatas já têm testado diversos medicamentos contra essa doença.
– Gênio epidêmico? O que é isso?
– Invenção de Hahnemann. É a identificação de um conjunto de sintomas apresentados por um grupo de doentes de uma referida doença. Com a análise destes sintomas, o homeopata consegue identificar o medicamento que mais se assemelha a essa manifestação da doença. Os resultados costumam ser surpreendentes. Tão surpreendentes que, dependendo da região, um medicamento pode agir melhor que outro. Porém, mesmo assim, a peste bubônica costuma ser um terror e espero que não tenhamos mais nenhum caso. Felizmente, eu tenho alguns destes medicamentos já analisados(...)

O romance ainda traz como personagem o médico Benoît Mure, que veio ao Brasil movido pelo sonho Fourierista de criar uma sociedade harmônica na região do Saí, então pertencente a São Francisco, província de Santa Catarina. Mesmo que não tenha alcançado seus objetivos neste projeto, Benoît Mure é reconhecido por ser o introdutor da homeopatia em nossa pátria, onde criou, em 1843, o Instituto Homeopático do Brasil.






1.a edição, 2011, 432 páginas, Editora 3 de outubro.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

sobre o ALEXANDRE ROCHA


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eu quis fazer um agradecimento no livro para o Alexandre, meu editor e ele encontrou uma maneira de fugir disso, alegando que todo o trabalho que estava tendo era apenas sua obrigação, e que, por norma da editora, isso não poderia acontecer. Bem, como eu poderia contestar? Porém, aqui no blog...

o agradecimento que levo a público não se refere apenas ao excelente trabalho que ele fez com O Magneto, ou com o Paris, setembro de 1793. Vai além disso. Mesmo que eu tenha tido um relacionamento muito honesto com as editoras Hemisfério Sul e Momento Atual, dos meus outros livros, a bagagem que trago da vida literária é composta muito mais de frustrações que alegrias. Não estou me referindo às reações dos leitores dos meus livros, que sempre me estimularam muito. Este fato, por sinal, fazia aumentar o abismo da insatisfação, porque não havia como não me perguntar: se tanta gente gosta dos livros, porque tanta dificuldade?

Os muito bons escritores que andam por aí, lutando para serem bem publicados, sabem do que estou falando. Sabem o que é entrar numa livraria e ver pilhas e pilhas de Segredos e autoajudas, livros de celebridades midiáticas ou apenas apelativos, e o seu bom trabalho sem espaço. Sabem o que é a velha e estigmatizada resposta copiada e colada das editoras: embora a qualidade do seu texto, estamos com a linha editorial esgotada para os próximos 200 anos...

O agradecimento que levo a público é pelo fato de o Alexandre ter me publicado bem. Sabemos, nós escritores, o quanto isso é difícil. Desde o nosso primeiro contato, fui tratado com um respeito pouco comum e tenho certeza que não é pelo fato de termos nos tornado amigos, que ele fez o que fez pelo magneto. Ele fez este trabalho porque trata seus escritores com respeito. Não nos deixa sem respostas. Não faz concorrência intelectual. Faz críticas construtivas e não tem pudores em elogiar, nem bajula para conquistar vantagens.

Devido a tudo isso, acho até melhor não agradecer, tenho certeza que ele não precisa disso. Melhor é só afirmar que é um grande prazer, uma imensa alegria, ser escritor da editora dele.
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sexta-feira, 29 de abril de 2011

O MAGNETO À VENDA



Uma descoberta inesperada no porão de uma residência rural do interior da França é o ponto de partida para um romance eletrizante.
Benoît Mure, Hahnemann e Fourier, espíritos que Kardec chamou de “precursores do espiritismo”, são os personagens desta obra, surpreendente pela precisão histórica, pela qualidade do texto e pela trama instigante que não nos permite largar o livro antes do final.
Nesta obra, você terá oportunidade de conhecer um dos mais insólitos empreendimentos, que uniu para a sua realização o Brasil e a França, envolvendo o socialismo, a homeopatia e o magnetismo animal, ciências precursoras do espiritismo.
(do site da editora)

O livro foi entregue pela gráfica hoje (sexta-feira, 29/04). A editora está começando a mandar para as livrarias. Para comprar, por enquanto, só no site da editora:





e eu ainda não vi como ficou...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O MAGNETO


não posso dizer que estava ansioso pela espera... nem posso dizer que teve espera. A editora fez um trabalho fantástico desde que mandeio texto pra lá, no dia 26 de fevereiro (acho que foi isso), pra já estar com ele no forno. O que posso dizer, com toda certeza, é que estou profundamente emocionado.


aos amigos blogueiros que perceberam minha ausência nos últimos meses (e a muitos pacientes também), agora posso dar provas do motivo.


mais informações em

http://www.editora3deoutubro.com.br/livraria/index.php?option=com_content&view=article&id=118:lancamento-deste-mes&catid=44:destaque

sábado, 19 de março de 2011

O TEMPO E O VENTO, O VOTO E O EGITO.

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(...)Maria Valéria estava na cozinha a fazer um tacho de doce de coco. Da água-furtada vinham os acordes abafados da Heróica. De vez em quando Flora abria os olhos e via pela janela um pedaço do céu esbraseado do anoitecer. Sentia uma tristeza resignada e lânguida. Não. Aquela revolução não lhe dava medo... Sabia que Rodrigo estaria seguro dentro do trem do Presidente. A tristeza lhe vinha da compreensão a que chegara, da inutilidade de todos os gestos, da monotonia com que os fatos se repetiam. Os homens insistiam nos mesmos erros. Pronunciavam frases antigas com um entusiamo novo. Encontravam justificativas para matar e morrer, e estavam sempre dispostos a acreditar que "desta vez a coisa vai ser diferente" (...)
(...)São quase sete e meia da noite, as luzes da cidade já estão acesas, mas vêem-se ainda no firmamento vestígios do lento e rico crepúsculo que os dois amigos apreciaram através das janelas do Recreio Florentino, e que levou Tio Bicho a observar: "É uma sorte o pôr do sol não depender do governo e de nenhuma autarquia, porque, se dependesse, o trabalho cairia nas garras de funcionários incompetentes e desonestos, haveria negociata na compra do material, acabariam usando tintas ordinárias... e nós não teríamos espetáculos como este."
Bravo Veríssimo! O pai. Trechos tirados de "O tempo e o vento, O arquípélago". O primeiro, quando acontece a revolução de 1930 e Getúlio assume o poder. O segundo em 1945, no fim do Estado Novo. Alguém tem dúvida da modernidade do assunto?
(...)— No Brasil há uma quantidade impressionante de crianças abandonadas. Os projetos do governo são tacanhos e a cidadania por lá ainda engatinha. Educação e saúde são argumentos de campanhas antes de qualquer eleição, mas, raramente saem do papel. É um país em crescimento, onde o povo ainda está habituado com uma forma meio medieval de governo, onde os grandes cobram e a população apenas paga, sem entender que poderiam, e deveriam, exigir retorno(...)
Trecho do meu próximo livro, que não deve demorar a sair. Ei! Parem! Não há nenhuma pretensão de me comparar ao mestre. Longe disso. Estou colocando os textos para embasar uma pergunta: Alguém tem alguma idéia do que se pode fazer para mudarmos a situação?
Quem (que trabalha a sério) não está cansado de pagar pagar pagar pagar pagar impostos? Impostos diretos, indiretos, embutidos, justos, imorais, indecentes, sacanas, abusados, abusivos... impostos com todos os adjetivos imagináveis, e finalidades inimagináveis. Não estamos na idade média, pagando pela suntuosidade da corte?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de pagar impostos justos?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter o retorno pelos impostos que paga?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver os senadores e deputados recebendo um ordenado que merecem?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ver policiais, trabalhadores da saúde e professores recebendo salários adequados à importância que têm?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria que tivéssemos bem menos (muito menos) vereadores, deputados e senadores?
Quem (que trabalha a sério) não gostaria de ter estradas melhores, transporte coletivo eficiente, escolas públicas de boa qualidade, saúde... deu!!!!
Tem muito mais coisa que todos gostariam (mesmo quem não trabalha a sério). Mas, o que fazer para termos tudo isso, já que ninguém tem dúvida que merecemos? Uma revolução popular? Enfrentar o exército (ao menos eles teriam o que fazer)? Pintar a cara e sair às ruas? Mas, se formos para a rua, quem paga as nossas contas? Quem trabalha, e tem que trabalhar muito para dar conta de pagar os impostos e tudo que não recebemos pelos impostos pagos, não tem tempo para isso. Então vamos continuar trabalhando, mas paramos de pagar impostos. Não pagamos mais nada até tudo mudar. Ah! Não pagar impostos no Brasil é virar "ladrão de galinha" rapidamente. Ou paga, ou se dá muito mal. Mas não os grandes, obviamente, estes nunca viram "ladrão de galinha".
Então? Ah! Já sei... Alguém vai me dizer que precisamos votar bem. Escolher melhor o candidato. Exercer o nosso "direito" democrático e votar em quem pode nos representar.
Tá bem. Então me digam, vocês eleitores que votaram: Em quem vocês votaram mesmo? O que os candidatos que receberam seu voto estão fazendo para mudar o quadro acima citado? Vocês viram mais alguma vez os seus candidatos depois da eleição? Se você quiser falar com o seu candidato para reclamar da situação, é possível?
Nem vou me alongar aqui falando da ineficiência da vontade popular batendo de frente com o muro alto das grandes corporações, e seu domínio sobre os políticos das nações que têm interesse. Vou tentar ser objetivo.
Brasileiros e brasileiras, nós temos uma saída. Podemos promover uma revolução limpa, sem danos materiais e sem morte, através do VOTO.
Isso mesmo, do voto. Qual o maior interesse que qualquer político com a população? Sem dúvida, o voto. A mente do povo é bombardeada "com frases antigas com um entusiasmo novo, na certeza que desta vez vai ser diferente", com uma única intensão: o voto.
O voto é a única coisa que temos de valor para o político. Então, se o político não faz nada para melhorar a nossa vida, não nos dá nada do que precisamos, por que vamos dar a ele o nosso voto?
O caminho da revolução limpa, sem danos materiais e morte, é o voto que precisamos, urgentemente, parar de dar a essa canalha, até que a vontade e as necessidades do povo sejam respeitadas.
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Em tempo: parabéns ao Egito e à tecnologia, que une as pessoas, ideias e ideais.
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

IMPRENSA SEM CULHÃO

(foto: Tom Dib)

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mesmo que tenha sido por motivos políticos internos, chamou a atenção a ação dos torcedores do corinthians, invadindo CT e apedrejando o ônibus dos jogadores. Quanta disposição! Será que perderam um dia de trabalho pra isso?
O Marcão, goleiro do Palmeiras, após o jogo contra o corinthians, falou que gostaria de ver essa disposição usada contra políticos que desviam verbas públicas (e vamos emendar com os deputados e senadores que subiram os salários ao seu gosto). Certo. Todos gostaríamos e ele é um dos poucos do meio com culhão pra falar isso, e o motivo deste post é exatamente isso: O CULHÃO da imprensa.
A imprensa brasileira tem tido sua natural competência pra destacar por horas a atitude insanade uma ex-modelo bototizada. Horas de destaque à revolta popular no Egito (mas sem nunca vincular o exemplo deles à nossa alienação). Tanto tempo pra falar da Simone Richtofen (aja paciência!!). Porém, cadê o culhão pra atacar os problemas gravíssimos de infra estrutura que continuamos vivendo? O que há com a imprensa? Cansou de mostrar a podridão emergente do planalto central? Acha que não vale mais a pena, porque o povo continua achando que tá tudo certo e que compensa mais apedrejar ônibus de time que perde? Onde está a ação formativa decorrente da função informativa da imprensa? O aumento de salário de deputados e senadores mal coube em notas de rodapé da imprensa escrita, e rápidos comentários na falada. Mesmo quando a informação era dada com algum destaque, dava-se a impressão que o fato consumado do salário elevado era apenas mais um sapo a ser engolido pela população, e nada mais. Nada mais?
Historicamente, rios transbordam e morros deslizam. Caramba! Eu falei historicamente! Então não é novidade! E o que se faz pra evitar os danos? Na Austrália se faz e quase ninguém morre. Com dinheiro público, que aqui vai pra cueca. Aqui os políticos que deveriam ser responsáveis pela prevenção confirmam que os projetos nunca saíram do papel.
Estamos vivendo a era do congestionamento. O governo ganhou milhões com os impostos sobre a venda de carros. Veio a crise e o governo baixou o IPI. Fantástico! Todo mundo tem carro, mas não tem estrada, nem rua, nem viaduto, nem ponte, nem estacionamento. Daí veio o aumento do álcool. Um amigo meu me falou que o governo ganha pouco com os impostos sobre o álcool. Será possível que ninguém entende que é bem por isso que subiu? Assim os milhões de otários que entraram na onda do carro flex voltaram pra gasolina, por que é mais econômico para o bolso e, sobre a caríssima gasolina brasileira o governo ganha muito, muito! E NA IMPRENSA NINGUÉM FALA DISSO!!!! Como se fosse normal, coisas do capitalismo.
E nem me alongo entrando nos meandros do sistema de saúde, nem falo em educação e segurança.
Cadê o CULHÃO? Até a imprensa brasileira ficou alienada? Virou bigbrodista?
O problema toma proporções assustadoras quando pensamos na "solução de continuidade" do fato. Logo após uma eleição onde 30% do eleitorado não votou, essa negligência da imprensa é um atentado terrorista à formação política do povo brasileiro, produzindo cada vez mais alienados e banalizados. Ou melhor, deixando à rola esta formação, bem ao gosto de quem manda no topo da cadeia, e que sempre prefere os desmandos...
Que grande chance de fortalecimento da cidadania está se perdendo!
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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

se bobear o ano acaba...

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já estamos no dia 20 de janeiro e minha última postagem foi antes do natal, 11 de dezembro, 40 dias... tudo bem que to afundado no final do romance, tentando terminar ele o mais rápido que a qualidade permite, mas tenho que postar alguma coisa pra que o sombra não se torne inválido... sem trocadilhos eleitorais.
o papo que mais rola na mídia é tragédia, como sempre. O Rio de Janeiro chora por perdas e danos. O ministro assume que o projeto preventivo nunca saiu do papel. Será que, se tudo funcionasse bem, a mídia mostria mais cultura?
2011 só é uma continuidade de 2010, é claro. Falando aqui de Santa Catarina, temos ainda mais certeza disso. O que está sendo feito pra evitar os cataclismas que tanto nos assolam por aqui? Que eu saiba, nada. Homens públicos vieram com suas bravatas eleitoreiras na época, mas, nas eleições, nem se tocou no assunto, obviamente. Estamos sujeitos a repetir dramas explosivos nas telinhas e primeiras páginas a qualquer momento, como foi na região serrana do Rio. Aumento salarial pra deputados e corjas da mesma laia saem com assustadora presteza. Milhões. Milhões. Milhões. Verbas para defesa civil, bombeiros, prefeituras... pare né, Mauro Camargo! Só mudamos o ano, ainda somos o Brasil herdado da falcatrua histórica. O que fazer então? Sentar e ficar olhando o tempo? Pra que lado o vento sopra?
Antes das eleições, no meu bairro, a Vila Real, em Balneário Camboriú, foi uma beleza de se ver. As ruas estavam com o asfalto igual farofa de cuca. Vieram lá e pavimentaram tudo rapidamente (depois do natural tempo de esquecimento pós eleição anterior e um pouco antes das novas eleições). Asfalto novo, pinturas, placas, faixas elevadas pra pedestres (bem pintadas e corretamente cosntruídas para cadeirantes). Realmente, uma beleza de se ver. Hoje, 20 de janeiro de 2011, tá tudo esburacado. A prefeitura cavocou tudo e está passando a nova rede de esgotos. Por onde passam, fica o asfalto remendado fazendo tumtum, tumtum, quando passamos de carro. Quanto desperdício! É evidente que os cavalos estão empurrando a carroça, mas, o que não se faz pelo voto?
Lula terminou o mandato com aprovação acima dos 80%. Andei fazendo umas pesquisas particulares de opinião e não chegou a 27%. Onde foi que pergutaram, e pra quem, nessas pesquisas?
Bem, juntando as três perguntas que terminei os páragrafos acima, podemos ter um panorama atualizado da situação brasileira. É só pensar.
pra começar o ano...
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