terça-feira, 20 de dezembro de 2011
CONTO DE NATAL - escrito para o natal de 2002.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
a paz anda muito cara... mas ainda existe.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
a janela e o tempo
Tenho aberto muitas janelas
Com o tempo
Tantas
Elas mudam, é claro
E o que vejo por elas muda, é claro
Tanto
e tanto
Não vejo mais meu pai me acenando
Quando vinha do trabalho
minha mãe podando as roseiras
Nem escuto a cantoria do homenzinho que limpava o jardim
Faz tempo
Tantas janelas
Não vejo a vizinha me procurando
Escondida atrás da cortinas
15 anos, 16...
Faz tempo
A memória fica
As imagens se apagam
Tantas e tantas
Mudaram, eu mudei
Onde foram as nuvens rápidas e o azul?
Onde foram meus filhos
Que brincavam no jardim?
Quem ainda baterá leve na veneziana
Na hora de sair?
Onde estão os pássaros pendurados nos fios
tantos fios e pipas
e hoje até escuto que logo não existirão mais
os fios (e as pipas)
As paisagens são outras todo dia
Já vi gramados e hortênsias
Já houve mar, prédios
e solidão
Tantas vezes
Mas sempre muda
Sempre eu mudo
Folhas que caem, outros poentes
Vontades que vão ficando, ou passam
O tempo passa
E quando penso em olhar ao contrário
Lá de fora para dentro
Vejo tanta coisa tão igual
Com maquiagens diferentes
Vejo principalmente
E às vezes tão somente
O grande problema humano tatuado em mim
Com cores fortes e recorrência:
A vontade
Tão grande vontade de ter
Bem maior que a possibilidade de ter
E sinto-me repentinamente vazio
Descubro que o baú da vida tem espaço demais sobrando
Porque sobrou vontade... muita vontade...
Corro pensar em ser
Mas antes fecho a janela
Deixo pra abrir outro dia
Pra pensar outro dia
Porque outro dia vem
O tempo passa
outras janelas
A vontade muda
E a maquiagem dela também...
terça-feira, 8 de novembro de 2011
caminho...
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Lula e o SUS
terça-feira, 1 de novembro de 2011
AOS MORTOS... e seu dia...
Um dia seremos lembrança
Tomara
E que sejam a maioria boas
E que quando acharem pequenas coisas que foram nossas
Ou ouvirem palavras que costumávamos dizer
Ou relerem alguma coisa que deixamos escrito
Que possamos resgatar um sorriso perdido no tempo
talvez refletido numa lágrima...
(... que seja de saudade!)
E que falem das coisas que fizemos
Verdadeiras ou nem tanto
Que inventem
Mas falem
Tomara
Que pior seria o esquecimento
Um dia seremos lembrança
De risos e despedidas
E que os amigos verdadeiros nos lembrem
E também os não tão verdadeiros assim
Quando o sol avermelhar as tardes
Ou o vento cantar nossa saudade pelas madrugadas
Por que um dia seremos lembrança
Todos nós
Todos nós
Um dia seremos apenas lembrança
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
PACTO
quem sabe façamos um pacto
com algum demônio amigo
de relegarmos enojados
qualquer eventual excesso de alegria
é preciso combinarmos juntos
nunca precisarmos nos ver todos os dias
nem telefonar pra se saber como está
amanhã como será
ou como foi hoje
que isso nos cause calafrios e suores...
necessitamos de um demônio imparcial
que fiscalize nossos passos
demasiadamente juntos...
que nos permita deixar os jardins intactos
e ao mar e à lua e à lágrima
só recorrermos conduzidos pelo acaso
um demônio nefasto e sério
que nos ensine fazer das madrugadas puladas
nosso roteiro
onde buscar a saciedade do peito
e que diga onde nos encontrarmos
se desastrosamente necessário
mas sem a insistência dos falsos motivos
às avessas
quase à revelia...
um demônio que conheça
todos nossos amigos
para infiltrá-los sempre antes
e logo depois de nós
para que os reencontros e despedidas
sejam descuidados e passivos
para que jamais nos esqueçamos
do depois e do antes...
assim haverá algum perigo
um perigo maior
de nos encontrarmos em nossa paixão desenfreada
e viveremos do temor deste perigo
do inusitado e divino em nós
e nunca do manso
e enfadonho direito de nos repetirmos...
.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
O que dá e o que não dá NOTÍCIA... você sabe?
. big brother nua na playboy
. namoro novo de global
. passeata contra a corrupção
. passeata pra encontrar Jesus
. jogo da seleção do Mano
. votação do ficha limpa
. 10 anos do 11 de setembro
. enchente em Santa Catarina
. votação pra aumentar salários dos deputados
. aumento do IPI pra proteger empresas estrangeiras
. traição de global
. agreção de jogador por torcida, ou vice-versa
. filha que mata os pais
. plano governamental para a educação
. vitória do Corinthias
. situação das estradas
. fraude nas aposentadorias do estado
. vitória do Flamengo
. briga em campo na decisão
. invasão de morro pela polícia
. situação da saúde pública
nossa! dá pra passar o dia escrevendo antíteses jornalísticas. O peso que a mídia dá a cada notícia é o tutor da cidadania brasileira. Que pena!!
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domingo, 9 de outubro de 2011
Meu País e Medianeras...
domingo, 2 de outubro de 2011
como o domingo estava um pouco chato...
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
o difícil ofício de ser brasileiro...
domingo, 18 de setembro de 2011
Para um grande espumante...
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
enchentes no sul... mas isso de novo!!!!
A defesa civil de Itajaí está de parabéns. A população foi avisada da gravidade da situação com antecedência suficiente para que se tomassem as providências possíveis. Tudo foi pra cima. É claro que em algumas áreas, nem se colocasse tudo no telhado resolveria, mas os prejuizos foram muito menores desta vez.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
FlipSnack... o que é a tecnologia!
terça-feira, 30 de agosto de 2011
a família Roriz... e os palhaços, ou, ladrão que julga ladrão...
Em sua defesa no plenário, Jaqueline não mencionou, nenhuma vez, o vídeo. Também não negou ter recebido o dinheiro. Ela apenas culpou a mídia, "que destrói a honra de qualquer um". Criticou ainda o procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, que na semana passada apresentou um parecer pela abertura de uma ação penal contra a deputada.
"Alguns paladinos da ética, alguns parlamentares e integrantes do Ministério Público, por interesses políticos, tentam influenciar os senhores. O procurador me denunciou sem nem ouvir o meu lado", afirmou ela.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
pais e filhos
É uma grande redundância dizer que educar filhos é uma tarefa dificílima. Diante das dificuldades naturais encontradas, pessoalmente cheguei à conclusão que minha consciência se refresca ao saber que dedico atenção constante a esta tarefa, mesmo quando aparentemente estou desligado. O “desligado” dos pais é uma vigia silenciosa; um faz-de-conta fora da brincadeira. No longo caminho educacional, cometemos uma série de erros e facilmente nos culpamos por eles. Nossa consciência facilmente registra nossos deslizes e mesmo as tentativas frustradas de tudo dar certo. E a frustração acontece mesmo, ninguém precisa ter medo de encarar isso, porque geralmente temos dificuldade de encarar que o filho é um ser humano “quase totalmente independente da nossa vontade”. Daí vem a culpa. É exatamente nesta culpa que foco esse texto, mais especificamente na situação de comentarmos, indicarmos, salientarmos, delicadamente ou não, possíveis erros, defeitos ou dificuldades de uma pessoa para seus pais.
Por melhor que seja nossa intenção, é necessário considerar que nosso comentário golpeará diretamente nesta consciência culpada. Exceto na situação de pais extremamente desatentos aos problemas e necessidades dos filhos, causaremos algum desconforto, e o nosso bem intencionado comentário não terá o efeito desejado, ou muito pelo contrário. No caso dos comentários não tão bem intencionados então... melhor nem comentar.
Erros, defeitos, problemas e dificuldades dos filhos, são fatores de desalinho emocional e consciencial para os pais. Feridas abertas, que o menor toque pode causar dor ou tristeza. É claro que não defendo o simplismo do “tapar o sol com a peneira”, tão comum aos pais relapsos. Tampouco concordo com pais que não têm olhos de ver. A única intenção deste texto (ou pretensão) é fazer um alerta. É uma cobrança comigo mesmo. É um pedido de delicadeza geral.
foto de http://gramorais.blogspot.com/
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
ajudar... ensine pelo exemplo.
Acho que lá pelos meus 14 anos eu estava saindo do supermercado com minha mãe, quando passou uma mulher, já idosa, carregando no ombro um pesado feixe de lenha, desses de sobra de serraria. Era um dia frio, até que estava bem agasalhada e não pedia nada, mas era fácil perceber que a vida não lhe era fácil. Passou ao nosso lado em silêncio e foi embora. Minha mãe pegou um nota (creio que seria algo como R$ 10,00, atualmente) e pediu para que eu fosse atrás e entregasse o dinheiro para a mulher. Ela já ia um pouco longe e eu, na minha timidez natural, não sabia como abordá-la, com medo de causar algum constrangimento. Não era nenhuma pedinte profissional, daquelas que já empedraram no rosto toda a culpa da sociedade por suas desventuras. Então, como fazer? A ideia surgiu faltando poucos passos para alcançá-la:
- Senhora... senhora... desculpe... a senhora deixou cair esse dinheiro ali atrás, quando passou pela gente...
Coloquei o dinheiro na mão dela e, antes que dissesse qualquer coisa, eu já estava longe. Nem sei qual foi sua reação. Na época vivíamos uma situação complicada financeiramente e precisávamos ser comedidos em tudo. Meus pais nunca foram de muita teoria educativa, ou sermões quanto à necessidade de ajudar o próximo, mas, no velho jargão que o ato vale mais que as palavras, passaram aos três filhos sólidos ensinamentos. Entre tantas outras coisas, é fácil buscar na memória a chegada em casas pobres com caixas de comida, sem alardes, sem fotógrafos. Felizmente esse padrão de comportamento passou aos filhos. Ajudar a quem precisa, na medida do possível (qual é essa medida?), é coisa natural. É claro que podemos excetuar aquelas ligações telefônicas dramáticas, de campanhas que não se sabe pra onde a ajuda realmente vai. Também podemos desconsiderar campanhas que visam apenas “lavar” dinheiro, ou usar a boa vontade popular para pagar as próprias contas.
O que eu creio ser mais interessante neste passar de padrão de comportamento adiante, é que ajudar as pessoas tem uma extensão muito significativa no comportamento social do indivíduo. A ideia de ajudar o próximo abranda o olhar da pessoa para as asperezas de outra pessoa. Nestes dias em que a superpopulação torna o convívio social cada vez mais áspero, no trânsito, nas filas, no trabalho, na escola, isso faz uma grande diferença. Quem tem o coração aberto para as dificuldades individuais e, principalmente, sabe respeitar as dificuldades individuais, é “macio” socialmente.
Então vai uma dica aos pais, principalmente aqueles que reclamam da dificuldade de convívio com os filhos: levem-nos ajudar alguém. Comprem alimentos (de preferência não perecíveis) e levem num asilo (ah! Podem levar fraldas geriátricas, sempre estão precisando). Perguntem lá o que sempre falta, para levarem na próxima visita. Sim, fazer isso apenas uma vez é quase sem valor. Vejam como funcionam os abrigos para crianças e como é possível ajudar. Hospitais, associações que cuidam de doenças específicas ou dificuldades especiais. O leque de possibilidades é grande.
O riso solto de uma criança, o olhar terno de um idoso, podem lixar muitas asperezas nossas. Se quiserem fazer uma ligação telefônica e doar 5, 10, 20... tantos reais quiserem, tudo bem, mas, convenhamos, isso é cômodo demais. Vão na fonte, e levem seus filhos.
Acreditem, custa pouco, e ganha-se muito. A sociedade, num todo, agradece.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
segunda-feira, 4 de julho de 2011
confirmação
Lançamento do romance O MAGNETO de Mauro Camargo
Dia 08 de julho, na Casa da Cultura Dide Brandão, Itajaí.
Rua Tubarão, 305. (entre o hotel Ibis e o supermerdado Xande).
Programação:
19:00 horas: Abertura e coquetel.
19:30 horas: Espetáculo LUISA, com Sandra Knoll (Grupo Experimentus)
21:00 horas: Espetáculo CONTOS NOTÍVAGOS, com Marcelo de Souza (Grupo Experimentus)
22:00 horas: Encerramento (a Casa da Cultura só funciona até as 22 horas)
Durante o evento haverá projeção multimídia a respeito do romance, bem como exposição de imagens do mesmo.
Realização
Prefeitura de Itajaí
Fundação Cultural
Casa da Cultura Dide Brandão
Apoio
SESC
UNIVALI
Conto com a participação de todos
.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
quinta-feira, 16 de junho de 2011
CUENTOS PEQUEÑOS... e os descaminhos da arte.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
lançamento oficial do romance O MAGNETO
sexta-feira, 27 de maio de 2011
em busca de um livro...
Estou à procura do livro VIDA E OBRA DE BEZERRA DE MENEZES. É fácil de encontrar na Estante Virtual, mas, como estava querendo ler neste final de semana, comecei a procurar aqui em Florianópolis. Para não ir de loja em loja (já que nos sebos daqui não tinha), liguei para uma das livrarias, das famosas, e rolou esse dialogo:
- Você pode ver se na loja tem o livro Vida e obra de Bezerra de Menezes?
- Como é mesmo o título?
- Vida e obra de Bezerra de Menezes...
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- O autor é Bezerra de Menezes?
(Raciocínio lógico: Vida e obra, de: Bezerra de Menezes... só que eu fiquei pensando no Bezerra de Menezes ter escrito um livro chamado Vida e Obra, somente. Vida e Obra, de quem? Fantástico!!!)
- Não, o autor é Sylvio Brito de Souza
- Ah...
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- É uma biografia?
(juro que tive vontade de dizer que era um livro sobre navegação, mas o atendente poderia confundir o Bezerra com o Amyr Klink e daí não teria mais volta)
- Sim... é uma biografia. A vida e a obra de Bezerra de Menezes... curioso, não é?
- O que é curioso?
- Ser uma biografia...
- O senhor acha?
- Um pouco...
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- Não temos na loja, senhor...
quarta-feira, 25 de maio de 2011
O magneto... um caso de amor, também com a homeopatia...
Trecho do livro:
(...)Mas Jolly estava me aguardando um pouco ansioso, com mais uma correspondência para entregar:
– Oh! Adrien... Que bom que voltou. Havia me esquecido de uma carta de Benoît. Há dias está comigo, mas, com tanta coisa para fazer, acabei esquecendo-me dela. Vá ao numero 1 da rua de Milan, por favor... Não é longe daqui...
Apanhei o envelope que Jolly me estendia e olhei o destinatário:
“Christian Friedrich Samuel Hahnemann”
– Hahnemann? O médico? Ele ainda vive? – perguntei a Jolly, espantado.
– Pois sim, vive e trabalha muito. Agora vá, não perca tempo. De preferência, entregue em mãos.
– Isso será um grande prazer.
Já era perto das seis horas quando cheguei ao numero 1 da rua de Milan e encontrei uma sala repleta de pessoas esperando para serem atendidas. Era uma casa grande e bonita, com um jardim bem cuidado e mobília rica, porém, os pacientes que esperavam eram, evidentemente, pobres. Como, no momento, não havia ninguém recebendo os pacientes que chegavam, sentei-me a uma cadeira num canto e fiquei esperando que alguém aparecesse. Esperava abordar o médico na hora que um paciente saísse da sala de atendimentos e isso aconteceu logo, porém, foi uma mulher que apareceu conduzindo um senhor bem vestido, de casaca nova e cartola, bem diferente dos pacientes que aguardavam. Quando ela se despediu, pude ouvir o nome: barão de Rotschild. O famoso banqueiro. Um contraste entre os pacientes que esperavam e o que acabara de sair.
Depois que o barão partiu, a mulher olhou para mim e falou:
– Você não estava aqui antes, não é?
Era uma mulher bonita e seus olhos pareciam faiscar. Não tinha mais que quarenta anos e vestia-se com elegância para ser apenas uma secretária.
– Vim trazer uma correspondência ao doutor.
– Vinda de quem?
– Benoît Jules Mure, do Brasil.
– Oh! Benoît! O doutor vai ficar feliz. E quem é você?
– Adrien de Rupetin, amigo de Benoît(...)
A Revolução Francesa marcou um período de esperanças libertárias único na humanidade. Depois de séculos atrelada ao poder religioso, a ciência estava livre. Cientistas e pensadores, sérios ou não, traziam inovações espetaculares para a sociedade, transformando conceitos de conforto doméstico, produção no trabalho, saúde e diversão. O pensamento social igualitário, mesmo que deturpado pelo poder no período pós-revolução, rompia definitivamente a barreira das castas humanas e, não fosse a força da indústria nascente, movida por um capitalismo selvagem desde o primórdio, poderia ter levado a civilização a um padrão de convivência equilibrado. Mesmo que isso não tenha acontecido, era irrefreável o impulso social e científico, literário e artístico, em todas as áreas da atividade humana. Charles Fourier, Saint-Simon, Volta, Faraday, Trevithick, Mesmer, Hahnemamm, Balzac, Victor Hugo, entre tantos, não permitiam retrocessos.
O livro O Magneto é uma viagem a este tempo. Personagens como Benoît Mure, Victor Hugo, Mesmer, Hahnemann, Lachatre, Kardec, participam de passagens fictícias, porém fiéis às suas memórias e engajadas com precisão dentro do contexto histórico, fruto de uma pesquisa séria e descompromissada.
No que diz respeito à homeopatia, esta precisão pode ser vista no texto acima extraído do livro, ou então neste outro, que vem na sequência do anterior:
(...)Quando fui recolhido à sala de consulta, quem me recebeu foi um senhor que não aparentava seus mais de oitenta anos, tamanha a energia que desprendia do seu olhar. Indicou-me uma confortável poltrona e sentou na sua, atrás de uma grande mesa de trabalho. Antes de falar comigo, acendeu seu cachimbo, depois perguntou:
– É mesmo amigo de Benoît?
– Sim.
– Tenho saudade dele... Nossas discussões afiavam meu pensamento. Na verdade, tenho inveja dele. Gostaria de ter idade para ir ao Brasil... Você vai?
– Creio que sim – respondi, sem convicção e mentido, por medo de que ele perdesse o pequeno interesse em mim.
– Crê? Ora, meu filho, não estou vendo segurança nisso! Mas não é de minha conta suas decisões. Vamos, me entregue essa correspondência.
Até havia me esquecido da carta. Ele a apanhou e leu-a com calma. Embora estivesse calor, vestia uma casaca grossa, o que achei natural para sua idade. Seus cabelos ralos e brancos eram um atestado para isso, embora a energia que emanava. Depois de ler por longo tempo, olhou-me e perguntou:
– Quando os colonos vão partir?
– Está marcado para o dia 30 deste mês, no Havre.
– Pouco tempo, pouco tempo... Benoît está curioso para saber da próxima edição do Organon. A sexta edição. Será a melhor de todas. Ele quer uma cópia. Sempre curioso o meu amigo. Mas ainda não posso mandar... tem muitos detalhes... dia 30, é pouco tempo...(...)
Ou então esta outra passagem:
(...)Namur preparara muitos vidros de homeopatia, para cada um, individualmente, e pediu-nos para tomar, preventivamente.
– A ideia é manter o corpo forte – dizia ele.
– Como sabe qual medicamento devemos tomar? – perguntei.
– Hahnemann nos brindou com a ideia do gênio epidêmico para combater epidemias. Muitos outros homeopatas já têm testado diversos medicamentos contra essa doença.
– Gênio epidêmico? O que é isso?
– Invenção de Hahnemann. É a identificação de um conjunto de sintomas apresentados por um grupo de doentes de uma referida doença. Com a análise destes sintomas, o homeopata consegue identificar o medicamento que mais se assemelha a essa manifestação da doença. Os resultados costumam ser surpreendentes. Tão surpreendentes que, dependendo da região, um medicamento pode agir melhor que outro. Porém, mesmo assim, a peste bubônica costuma ser um terror e espero que não tenhamos mais nenhum caso. Felizmente, eu tenho alguns destes medicamentos já analisados(...)
O romance ainda traz como personagem o médico Benoît Mure, que veio ao Brasil movido pelo sonho Fourierista de criar uma sociedade harmônica na região do Saí, então pertencente a São Francisco, província de Santa Catarina. Mesmo que não tenha alcançado seus objetivos neste projeto, Benoît Mure é reconhecido por ser o introdutor da homeopatia em nossa pátria, onde criou, em 1843, o Instituto Homeopático do Brasil.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
sobre o ALEXANDRE ROCHA
sexta-feira, 29 de abril de 2011
O MAGNETO À VENDA
Benoît Mure, Hahnemann e Fourier, espíritos que Kardec chamou de “precursores do espiritismo”, são os personagens desta obra, surpreendente pela precisão histórica, pela qualidade do texto e pela trama instigante que não nos permite largar o livro antes do final.
Nesta obra, você terá oportunidade de conhecer um dos mais insólitos empreendimentos, que uniu para a sua realização o Brasil e a França, envolvendo o socialismo, a homeopatia e o magnetismo animal, ciências precursoras do espiritismo.
(do site da editora)
sexta-feira, 8 de abril de 2011
O MAGNETO
http://www.editora3deoutubro.com.br/livraria/index.php?option=com_content&view=article&id=118:lancamento-deste-mes&catid=44:destaque
sábado, 19 de março de 2011
O TEMPO E O VENTO, O VOTO E O EGITO.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
IMPRENSA SEM CULHÃO
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mesmo que tenha sido por motivos políticos internos, chamou a atenção a ação dos torcedores do corinthians, invadindo CT e apedrejando o ônibus dos jogadores. Quanta disposição! Será que perderam um dia de trabalho pra isso?
O Marcão, goleiro do Palmeiras, após o jogo contra o corinthians, falou que gostaria de ver essa disposição usada contra políticos que desviam verbas públicas (e vamos emendar com os deputados e senadores que subiram os salários ao seu gosto). Certo. Todos gostaríamos e ele é um dos poucos do meio com culhão pra falar isso, e o motivo deste post é exatamente isso: O CULHÃO da imprensa.
A imprensa brasileira tem tido sua natural competência pra destacar por horas a atitude insanade uma ex-modelo bototizada. Horas de destaque à revolta popular no Egito (mas sem nunca vincular o exemplo deles à nossa alienação). Tanto tempo pra falar da Simone Richtofen (aja paciência!!). Porém, cadê o culhão pra atacar os problemas gravíssimos de infra estrutura que continuamos vivendo? O que há com a imprensa? Cansou de mostrar a podridão emergente do planalto central? Acha que não vale mais a pena, porque o povo continua achando que tá tudo certo e que compensa mais apedrejar ônibus de time que perde? Onde está a ação formativa decorrente da função informativa da imprensa? O aumento de salário de deputados e senadores mal coube em notas de rodapé da imprensa escrita, e rápidos comentários na falada. Mesmo quando a informação era dada com algum destaque, dava-se a impressão que o fato consumado do salário elevado era apenas mais um sapo a ser engolido pela população, e nada mais. Nada mais?
Historicamente, rios transbordam e morros deslizam. Caramba! Eu falei historicamente! Então não é novidade! E o que se faz pra evitar os danos? Na Austrália se faz e quase ninguém morre. Com dinheiro público, que aqui vai pra cueca. Aqui os políticos que deveriam ser responsáveis pela prevenção confirmam que os projetos nunca saíram do papel.
Estamos vivendo a era do congestionamento. O governo ganhou milhões com os impostos sobre a venda de carros. Veio a crise e o governo baixou o IPI. Fantástico! Todo mundo tem carro, mas não tem estrada, nem rua, nem viaduto, nem ponte, nem estacionamento. Daí veio o aumento do álcool. Um amigo meu me falou que o governo ganha pouco com os impostos sobre o álcool. Será possível que ninguém entende que é bem por isso que subiu? Assim os milhões de otários que entraram na onda do carro flex voltaram pra gasolina, por que é mais econômico para o bolso e, sobre a caríssima gasolina brasileira o governo ganha muito, muito! E NA IMPRENSA NINGUÉM FALA DISSO!!!! Como se fosse normal, coisas do capitalismo.
Cadê o CULHÃO? Até a imprensa brasileira ficou alienada? Virou bigbrodista?
O problema toma proporções assustadoras quando pensamos na "solução de continuidade" do fato. Logo após uma eleição onde 30% do eleitorado não votou, essa negligência da imprensa é um atentado terrorista à formação política do povo brasileiro, produzindo cada vez mais alienados e banalizados. Ou melhor, deixando à rola esta formação, bem ao gosto de quem manda no topo da cadeia, e que sempre prefere os desmandos...
Que grande chance de fortalecimento da cidadania está se perdendo!
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