terça-feira, 14 de setembro de 2010
O PARIS NO PALCO
me mandaram lá de São João da Boa Vista o cartaz de divulgação da peça adaptada do Paris, setembro de 1793. A imagem de fundo é da Catedral de Saint-Sulpice, cenário impotante no enredo do livro, e aquele raio de sol atravessando a janela é real (a foto eu bati).
como escrevi abaixo sobre a necessidade e importância de sonhar, essa postagem agora é uma prova que os sonhos se realizam.
O Paris tá rodando. Parabéns ao grupo Nova Geração, pelo trabalho que estão fazendo.
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UTOPIA
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quarta-feira, 1 de setembro de 2010
CORONELISMO DEMOCRÁTICO
Em hipótese alguma estou tentando profanar a imagem do Lula como governante, longe disso. Tampouco acusar seu governo de qualquer falha pelo fato dele ter ficado pouco nos bancos escolares. Creio mesmo que esse perfil mostra a grandeza do brasileiro. Ainda abusando daquele velho mantra do “não desiste nunca”, vamos ver que o Lula nunca desistiu. Mas o que está acontecendo hoje como fator preponderante para a manutenção do poder é um coronelismo mais democrático, baseado na identificação (e alimentado pelo bolsa família, é claro). A massa popular brasileira se identifica com o corintiano Lula, que fala atrapalhado, comete erros de concordância e solta algumas besteiras. Ele é dos nossos! E carrega uma votação espantosa com isso. Essa igualdade, essa identificação, sepultou com facilidade e velocidade uma avalanche de tropeços e escândalos. Alguns podem até dizer que isso se deve aos números positivos da economia da era Lula. Nada disso. O voto é pouco influenciado por números e estatísticas, infelizmente. Ao menos por números do governo, porque os números das pesquisas eleitorais ainda continuam influenciando bem mais do que deveria.
Quem manteve o povo sem educação está pagando o preço de ver esse povo identificado com um governante carismático (alguém ousa dizer que ele não é?) e que também não teve acesso à educação. Que faz parte do seu meio cultural. Antes que os petistas com cacoetes xiitas venham jogar pedras intelectuais, quero lembrar que estou falando em massa popular votante. Leiam bem, quantidade de votos. Entendido?
A discussão num nível mais elevado antes de uma votação só vai acontecer quando tivermos acesso fácil à educação de qualidade. Educação de qualidade vai levar a melhoria da cidadania (leia-se aplicação dos impostos em saúde, transporte, segurança... escola) e, obviamente, uma outra identificação cultural, sem coronelismo democrático, ou coronelismo puro das antigas mesmo. Sem ver o povo votando como se fosse um big brother, ou esperando o resultado da eleição como quem espera os números da mega sena.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
E JESUS? PRA QUE TIME TORCE?
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Depois da Ponte Preta ganhar seu jogo por 2 x 0, um jogador foi entrevistado (coisa sempre perigosa), e rolou uma pérola. Quando o repórter elegiou o desempenho do atleta (de Cristo), ele respondeu:
- Graças ao Senhor Jesus que tem nos iluminado e nos dado a alegria das vitórias...
Ele devia ter completado:
- ... e dado a tristeza das derrotas para os irmãos do outro time.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
kIKITOS
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O filme O ÚLTIMO ROMANCE DE BALZAC, que comentei abaixo, levou 2 kikitos:
- prêmio especial o juri;
- melhor direção de arte.
é pena que vai ser difícil ver no circuíto, ou mesmo impossível. Pra quem gosta de afiar o intelecto, é uma ótima pedida.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
notícia urgente
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Urgente e importante. Informação imprescindível, divulgada na página incial da Editora Lachatre. Convido os visitantes a acessarem a página:
http://www.lachatre.com.br/
antes que modifiquem a página e não possam mais ler.
obrigado
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Lachatre no cinema e no palco.
domingo, 25 de julho de 2010
A vida passa
O som do tempo é um dedilhar de cordas de violão
Numa manhã distante
Uma canção que não ouvimos
Mas sentimos
Um verso que não falamos
Nem calamos
A vida passa
E parece que envelhecemos
Tentando descobrir o som do tempo
Uma lembrança de chuva no telhado
O riso de alguém que já foi
O sol colorindo as gotas de orvalho
Como se as lembranças fossem alertas
Sirenes disparadas
Para nos avisar
Que o tempo passa
A vida passa
E apenas envelhecemos
quarta-feira, 7 de julho de 2010
despertar
a brisa mansa da manhã acariciou meu rosto
nascia o sol atrás da montanha delicada do teu seio
e teus cabelos
como uma relva debruçada pelo vento
se espalhavam no meu peito
e deixavam no ar de orvalho
o cheiro manso do teu desejo
quis parar o tempo
para eternizar a luz
e queimava em mim o tempo de tristeza
passado longe do teu beijo
mas a manhã veio, finalmente
dobrar o orgulho da noite
e nela encerrar nosso sonho eterno de alegria
teu corpo nu movimentou-se leve e a brisa parou
e permitiu, gentilmente
além das minhas mãos
toquei-o no ar com carícias delicadas
rocei teu lábio no meu
e me vi perdido no deserto da paixão
encontrando alguma umidade
na areia fina e seca da saudade
ah! não te acordei
ressuscitei-a do passado
e te levasse caminhar longe dos meus passos
sempre incertos
todas as madrugadas orvalhadas te ressuscitariam
em meu peito
nos sonhos das manhãs inacabadas
quarta-feira, 23 de junho de 2010
A BUROCRACIA DAS COMPETÊNCIAS - a carne podre do BIG
Agradecemos a sua participação neste processo que visa a melhoria dos serviços públicos da saúde e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer outros esclarecimentos, através da linha gratuita 0800 482 800, em dias úteis, das 07:00 às 19:00 horas.
Atenciosamente,
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE/SC
Coordenador do Serviço de Ouvidoria
sábado, 29 de maio de 2010
Espiritismo, e loucos de hospício
Algumas pessoas podem pensar que a doutrina espírita é baseada na mediunidade, na crença na reencarnação e na vida após a morte. Esses assuntos fazem parte da doutrina, sem nenhuma dúvida, e desempenham um papel importante no cabedal de conhecimentos necessários para entender a vida através do seu ponto de vista. Porém, a importância maior sempre será oferecer instrumentos ao ser humano para conquistar melhorias éticas e morais na sociedade em que se insere.
Os céticos costumam achar absurdo acreditar em espíritos, ou teorias que não podem ser provadas na prática, através dos instrumentos da ciência acadêmica. Os céticos não acreditam em Deus, normalmente, e, se fosse pelos obstáculos que colocaram até hoje no desenvolvimento humano, talvez ainda estivéssemos curando doenças com sangrias, afinal, as sanguessugas podiam ser vistas com nossos próprios olhos. (sei que é um exagero, mas a linha de pensamento é coerente).
Não tenho a intenção de levantar bandeiras proselitistas, muito pelo contrário, sou totalmente favorável ao pensamento de Paulo de Tarso: tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Por isso, essa postagem não tem interesse de abrir uma nova linha de discussão com os céticos, ou contrários a esse pensamento, como aconteceu na postagem e comentários do blog pensar não dói (linkado ao lado). No entanto, de alguma maneira me senti na obrigação de revelar aqui minhas “crenças”. Falo crença, na falta de uma palavra melhor, assim como não há instrumentos melhores, ou eficientes, segundo os céticos, para provar alguns fenômenos psíquicos, ou paranormais. O instrumento que temos são as pessoas. São as pessoas sérias, que trabalham sem interesse maior que não o próprio desenvolvimento como ser humano, e daqueles a quem possam influenciar. Pessoas que não vão se interessar em ganhar um milhão de dólares pra provar que mediunidade é fato, por que já aprenderam que a moeda humana não é um bom indexador evolutivo. Pessoas que não fazem sensacionalismo, nem transformam o espiritismo em meio de vida, nem se aproveitam das pessoas sugestionáveis. Que trabalham quase no anonimato pelo bem. Pessoas que têm algo mais a fazer do que se preocuparem em provar alguma coisa para os que têm a tendência a enxergarem apenas o que lhes convém. Ou de provar fenômenos para os que se colocam acima. Acima do quê? Acima, basta.
É claro que sempre vai existir os que fazem tudo ao contrário e, desta forma, fornecem lenha aos eternos inquisidores em seus pedestais de sabedoria. Faz parte da evolução coletiva. É bom deixar bem claro que não devemos apoiar nossas convicções apenas no que presenciamos ou ouvimos, bem como é preciso saber o que se lê. Há uma imensa literatura séria e de qualidade, e muitos bons exemplos de trabalho no campo espírita, desde que essa doutrina foi organizada, tanto aqui, como fora, embora, às vezes, usando outros rótulos, e talvez até outros métodos. Mas também há muita gente se aproveitando para ganhar dinheiro com isso, infelizmente. Com certeza, esses não são espíritas, ou são espíritas superficiais.
Eu trabalho com mediunidade. Trabalho com um grupo mediúnico há 23 anos, que se reúne toda semana e não é aberto ao público, embora não seja fechado a novos participantes. Não vem ao caso citar as quase inumeráveis provas da reencarnação, mediunidade, e, óbvio, vida após a morte física, que tive neste tempo. Tampouco listar a quantidade de pessoas que foram ajudadas através do trabalho anímico/mediúnico que desempenhamos, sendo que, na imensa maioria dos casos, sem saberem que estavam sendo ajudadas (para que não venham dizer que o efeito foi movido pela sugestão do pensamento). Os participantes do nosso grupo não são loucos, nem são aproveitadores da fé alheia. Somos poucos em atividade sempre, porque nossa estrutura não comporta uma quantidade maior de pessoas, mas, nesse tempo, muitas pessoas passaram pelo grupo. Pessoas normais, de todos os graus de instrução e situação social. Humanos em evolução, aprendendo a transformar suas vidas para melhor, através, principalmente, do conhecimento de si mesmos que a doutrina espírita propicia.
Quando assisti, recentemente, o filme do Chico Xavier, fiquei bastante emocionado, não por rever os fatos marcantes da sua vida, mas por ver vir a público, com bastante seriedade, o que fazemos no anonimato por todos esses anos, guardadas as devidas proporções evolutivas.
Eu tenho 4 romances publicados (ao lado). Um policial, um infanto juvenil e dois embasados diretamente no conhecimento espírita. O último deles, Paris, setembro de 1793, foi publicado pela Editora Lachâtre, uma editora bastante respeitada no meio espírita, que conta com autores como Hermínio Miranda, Luciano dos Anjos, Lígia Barbiere Amaral, Paulo Henrique de Figueiredo, entre tantos (e são muitos), autores sérios, e normais. A Editora Lachâtre tem uma característica interessante, a de ser contestadora no próprio meio espírita, principalmente diante dessa corrente literária exploradora e monetarista que assomou o público nos últimos anos, com tanta auto ajuda camuflada de obra mediúnica, ou mesmo espírita, mas que só visa interesses financeiros. Se alguém tiver interesse em constatar isso, basta acessar: http://www.lachatre.com.br/editora.php.
Atualmente estou escrevendo mais um, com enfoque em determinados aspectos do século XIX, como as profundas transformações sociais, principalmente originadas dos movimentos socialistas, assim como os efeitos de novas ciências médicas que começaram a ser aplicadas na época, como o Mesmerismo e a Homeopatia, tão ricamente atacadas pelos céticos de todos os tempos.
Quando penso muito nos céticos da ciência e da relação de soberba que alguns têm diante do espiritismo, não consigo deixar de lembrar de uma piada antiga, sobre a conversa de dois loucos num hospício:
- Cara, descobri quem eu sou...
- E quem você é?
- Sou Jesus Cristo!!
- O quê? É louco mesmo... de onde tirou essa idéia. Quem foi que falou isso?
- Foi Deus...
- O quê? EU não falei nada disso....
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Benoît Mure e os tropeços da pesquisa
O caráter jovial com que Fourier realizou algumas de suas críticas fez dele um dos grandes satíricos de todos os tempos. Propôs a criação de unidades de produção e consumo - as falanges ou falanstérios - baseadas em uma forma de cooperativismo integral e auto-suficiente, assim como na livre perseguição do que chamava paixões individuais e seu desenvolvimento, o que constituiria um estado que chamava harmonia.
(wikipedia, mantive os sublinhados)
Veio para o Brasil com a intenção de criar um falanstério e o criou. O falanstério do Saí, em Santa Catarina, próximo a São Francisco do Sul. Por vários motivos não deu certo. Depois de fracassada a tentativa, Benoît voltou para o Rio de Janeiro e fundou o Instituto Homeopático do Brasil, já que era discípulo direto de Hahnemann.
Outra curiosidade na pesquisa: para dar um tiro em 1840 passei alguns dias pesquisando. Até aquela época as armas de fogo eram carregadas pelo cano, mas, neste período apareceram as armas com retrocarga (alimentadas pela culatra), e logo surgiu a espoleta de percussão. Num perído de aproximadamente 30 anos, muitos séculos foram engolidos.
Então é por isso que tenho postado menos. E se alguém tiver algum material sobre essa época, de qualquer natureza e que ache interessante, fico grato por me mandar.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
................a chuva e a eleição....................
quinta-feira, 29 de abril de 2010
......e se fosse com os seus filhos?..................
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quinta-feira, 8 de abril de 2010
dá medo
segunda-feira, 29 de março de 2010
janelas de silêncio
o amor tem janelas de silêncio
que se abrem para o nada
e abri-las
é ficar calado
é olhar para o que não existe
é saber que o vazio consumiu a vontade
de alguma coisa
que não vai mais acontecer
o amor tem janelas de silêncio
que se abrem para o nada
e eu vou me debruçar no peitoral
e ficar quieto
olhando para o abismo
domingo, 21 de março de 2010
a mesma tecla
Tá, tudo bem, vou falar de novo sobre isso. É que já to imaginando a campanha eleitoral chegando e a enxurrada de promessas desvinculadas de projetos realmente sérios ou, no mínimo, aplicáveis, sobre o assunto.
Se fizermos uma estatística vocacional, qual a porcentagem de crianças, ou adolescentes, que indicariam o desejo: quero ser professor?
A vocação, à medida que se afunila o tempo de uma decisão real quanto à profissão, cada vez mais se aproxima de áreas com melhores retornos econômicos. Que retorno econômico pode-se esperar como professor?
Teríamos uma listagem grande de "desmotivos" para mostrar, mas podemos escolher dois que estão nos extremos da cadeia.
1- quanto ganha um professor do ensino básico?
2- quanto ganha um professor com doutorado?
Opa! Aí podem me dizer que o doutor tem um bom salário. Primeiro digo que não, considerando-se o longo e penoso caminho para chegar ao título o salário não é alto, mesmo se for concursado de uma escola federal, onde, na maioria das vezes, terá que sofrer com uma estrutura precária. Segundo que o próprio título vira uma armadilha, que o coloca constantemente em risco de perder o emprego e ser substituído por um professor com menos titulação e salário menor, se estiver numa escola particular, que poderia lhe proporcionar uma estrutura de trabalho mais digna.
Em relação aos salários dos professores do ensino básico, nem é preciso gastar a retórica.
É claro que a solução do imenso problema não é apenas aumentar o salário dos professores, assim como melhorar a escolaridade não é apenas construir mais salas de aula. Por sinal, construir mais salas de aula, dentro do sistema que estamos mergulhados, é apenas uma demagogia, uma ração barata para engordar o gado eleitoral.
Melhorar a escolaridade significa um projeto sério a longo prazo, que envolve construir escolas com estrutura e aumentar o salário dos professores, permitindo (ou exigindo) que tenham uma formação cada vez mais aprimorada, entre tantas outras coisas.
Esses seriam os elementos fundamentais. Qual candidato apresentará projetos sérios nesse sentido? Qual candidato enfrentará o risco de qualificar o voto do cidadão brasileiro no futuro, colocando-o num patamar compatível com a nova posição do Brasil no cenário econômico mundial?
to pagando (com a minha paciência de ouvir) pra ver.
segunda-feira, 8 de março de 2010
sempre
Contam verdades que eu calo
E é engraçado perceber
Que alguns dos nossos retratos nos mostram
Lugares que parecemos não conhecer
Mas mesmo que lembrar
Ainda venha a ser um conjugar descompassado
Não é preciso remexer em gavetas
Atrás de cartas de amor
Pra saber que o amor existiu
Amor pra sempre
Não tem por onde esquecer
E quando esse sempre me levar
Eu e minhas verdades grisalhas
Vou acenar bem distante
Sem saber se você me vê
E acho que não estarei levando mais nada
Além da lembrança
Que uma saudade de mim
Mora sempre em você
Ou talvez ainda leve
Que todas as poesias que fiz
Foram sempre pra você
terça-feira, 2 de março de 2010
SHOW DA GIANA CERVI
quem é daqui da região de Itajaí e arredores e gosta de música já a conhece. Quem não conhece guarde bem esse nome: Giana Cervi. Para nós, Gi. Acabei de voltar do show de gravação do seu DVD (e CD), cantando com convidados e, além desses, com ninguém menos que Leila Pinheiro, que, por reconhecer esse talento está dando apoio e abrindo portas...
o show foi maravilhoso, todos mandaram muito bem, e ver a Gi cantanto com essa diva na canção brasileira foi de arrancar lágrimas.
Da minha parte só posso agradecer a Gi por esse presente que está nos dando, trazendo ao público seu talendo, sua voz, sau arte. Arte, da qual andamos tão carentes.
Repito, guardem esse nome. E quem não conhece e quiser conferir, tem um clip dela no you tube:
http://www.youtube.com/watch?v=cilA-nXufsI
curtam, enquanto o dvd e o cd estão no forno.
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segunda-feira, 1 de março de 2010
ESCRITORES DESCONHECIDOS
convido os visitantes a lerem no blog do escritor Hélio Jorge Cordeiro,
http://cubacheiro.blogspot.com/
a postagem sobre escritores desconhecidos(Laura Bacellar), bem como a postagem subsequente sobre o PNLL (Neida Rocha) e, além disso, divulgarem a idéia.
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domingo, 28 de fevereiro de 2010
Político... o grande câncer social
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vejam a manchete na página inicial do Gazeta do Povo on line de hoje, domingo, 28/02:
Mensalões do PT, PSDB e DEM devem enfraquecer debate
Partidos vão evitar discussões sobre corrupção. Faltando oito meses para as eleições, partidos governistas e oposição dão sinais que vão manter a ética bem distante dos principais temas de campanha...
eu fiquei pensando no que vai rolar. O que nenhum político fez, ou não pretende fazer no futuro, para poder acusar seu oponente?
se ele acusar de corromper; se ele acusar de superfaturar; se ele acusar de procrastinar; se ele acusar de nepotismo; se ele acusar, simplesmente.
se ao menos esse fosse um caminho para o político não ficar acusando concorrentes e sim mostrar projetos, propor idéias. Mas não, o caminho vai ser o da proteção dos conluios e buscar, nos desvãos da ignorância popular, a repetição de fórmulas mágicas, que vão resolver todos os problemas brasileiros.
então vamos lá, com muito chá de boldo, pra mais um ano de eleições, enquanto não se descobre um remédio realmente eficiente para este grande câncer nacional.
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Lápide
que molha os pés descalços da saudade
saudade de lua inchada de amar
também molha teu sonho
de me navegar...
mas constroem um prédio na frente do mar
pela fresta que me era permito sonhar
e amontoam ferro e concreto
no túmulo da ilusão dos fins de tarde
gigante lápide de tantos andares
fincado na beira do amar
bem aqui perto
entre eu e o mar...
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Cadê os programas de música?
A ditadura no Brasil forjou, dolorosamente, uma geração que ouvia qualidade musical num volume infinitamente maior do que o presente, cheio de mornas liberdades democráticas. É claro que viva a liberdade democrática, mesmo que se vá ficando “atoladinha” com ela e cada um vivendo só no seu quadrado. Música de mau gosto havia também naquela época, mas era quase trucidada por uma tsunami de grandes cantores e compositores, festivais e programas de música variados, ocupando grandes espaços na mídia. Hoje é exatamente o inverso e a cultura em geral segue o mesmo caminho ladeira abaixo.
Sim, mas antes da ditadura também se produzia qualidade musical. Não tenho competência histórica para relacionar motivos, mas é bom pensar que na época da boa boemia o crime era de navalha e andava-se pelas madrugadas acompanhado de violão, risos e poemas, sem se olhar muito para os lados.
O advento da liberdade democrática nos deixou mornos. A falta cruel de investimento em educação dos governos que se sucedem, levou a tv, sedenta por vender vender vender, a criar fazendas e big brothers, ratinhos e outros roedores que vão destruindo rapidamente a inegável capacidade artística do brasileiro. Por que, sem dúvida, tem muito brasileiro bom compondo boa música, boa arte (felizmente conheço vários na minha região e imagino o que não tem pelo Brasil todo), mas, mostrar pra quem? Vender pra quem? O que vende é a mediocridade.
Uma época até andou rolando um ou outro reality show musical, que se pagava uma boa grana ao vencedor, ou direitos a produção de cds e contato com a mídia. Roberta Sá vem desse balaio tão pouco usado pra carregar cultura da telinha para as pessoas. Hoje vemos quase que tão somente apenas a cultura da mediocridade e nem preciso repetir o nome de determinados programas. Um milhão e meio pra quem for mais medíocre. Pode? Caramba, por que não fazem prêmios assim para cientistas que desenvolvam projetos para melhorar qualidade de vida? Imaginem um reality científico. Imaginem um reality cultural.
***
Em tempo: Aproveitando o andamento do enredo acima, o que vi no carnaval desse ano, embora tenha tido pouquíssima paciência para ver, foi um retrato dessa tendência de mesmice cultural decadente. Sempre fui ligado nos sambas de enredo, mas faz um tempão que não se ouve um que fique na memória. Com pouquíssimas excessões, são quase todos iguais, sem encantamento. Não quero advogar aquelas idéias que no meu tempo era melhor. Acho mesmo que tudo tem que ter seu andamento contemporâneo, mas, um bum bum paticumbum procurundum pra quem lembra dessa, cheia de encanto (lembrando que a melodia seguia a qualidade da letra):
Sonhar não custa nada
Estrela de luz
Amor, sonhe com os anjos (não se paga)
Delírio sensual
Eu vejo a lua no céu
Composição: Paulinho Mocidade, Dico da Viola e Moleque Silveira
sábado, 6 de fevereiro de 2010
A mão de quatro dedos e os Illuminatis
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
O HACKER E O HAITI
"diante dos 375 milhões que o lula mandou ao Haiti, seria melhor você mudar a motivação do seu engodo para: vamos recuperar o dinheiro mandado pelo Lula ao Haiti"
Ninguém tenha dúvidas quanto a minha humanidade. Mesmo tendo vivienciado as catástrofes climáticas de 2008 aqui de Santa Catarina e visto o consultório de Itajaí com 1 metro de água, não consigo, nem de perto, imaginar o drama de um terremoto (e espero que nunca consiga). É claro que precisamos ser solidários, mas, se realmente foi mandado R$ 375.000.000,00 pelo governo brasileiro (G1, globo.com, 21/10/2010), já ajudamos monetariamente. Afinal, de onde vem o dinheiro do governo brasileiro? Dos impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos, impostos... que pagamos todos os dias. Então eu já ajudei. O povo brasileiro já ajudou.
E acho justo ajudar dessa forma. Mas acharia justíssimo se o governo fizesse uma destinação específica sobre determinados impostos para estes fins. E que soubéssemos quais são, para que quando eu colocasse uma colher de feijão no meu prato, pensasse que um pouco do que paguei por ele estivesse ajudando alguém a também ter um pouco de feijão no prato. De maneira clara.
Assim como seria interessante saber qual imposto específico está me dando estradas bem conservadas para viajar; boas escolas para nossos filhos estudarem; bons hospitais... bem, se for por esse rumo fico a noite toda escrevendo.
O Haiti precisa de ajuda. Nós também. Mas precisa mesmo de ajuda consistente e futurista. Depois de passado o caos, de matada a fome com ajudas internacionais, deixar esse povo viver, ajudando-o através de aberturas comerciais e culturais. Não seria melhor que mandar tropas do exército?
Estou tocado pelo povo Haitiano, ainda mais lendo a crônica da Urda, logo abaixo. Mas também estou tocado pelos paulistanos ilhados pela chuva num dos maiores amontoados urbanos do mundo. Pelos blumenauenses que ainda moram em abrigos subumanos. Por todos os brasileiros que estão também sofrendo com as intempéries deste caótico clima, que muitos cientistas estão tentando me convencer que não tem nada a ver com o que fazemos com ele.
Estou tocado pela imensa ajuda que damos a todos estes desabrigados, cada dia, a cada colher de feijão.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
O REI E O MENINO HAITI
(e para meu pai, Roland Klueger, que faria 88 anos hoje.)
Era uma vez um rei e um menino. Fico pensando se há alguma palavra que signifique, ao mesmo tempo, exaustão, terror, desespero e desesperança, tudo isto somado e elevado a décima potência, mas não encontro tal palavra. Só que era bem assim que estava o menino: tinha dois anos, encolhia-se de olhos catatônicos no vazio de uma calçada logo depois do terremoto do Haiti, e apareceu na televisão. Eram tantos em desespero em torno dele, eram tantos... Eram tantos os mortos em torno dele, eram tantos... Quem conseguiria prestar atenção em mais aquele menino dentro de tanta desgraça, a não ser aquele olho malicioso de uma televisão, que pegou o menino e o jogou no meu colo, sem que eu soubesse o que fazer com ele?
Era uma vez um rei e um menino. O rei era pura saúde, garbo e fidalguia: vestido com trajes tribais, tinha no rosto e no corpo os mesmo desenhos em branco, preto e vermelho que também estavam no escudo de couro que segurava na mão esquerda, pois na direita segurava a lança segura e certeira que o tornara rei tamanha a sua perícia ao caçar o leão. Ele era grande e espadaúdo, mas maior ainda era a sua fama, pois não só ao leão enfrentava: quando seu povo tinha fome, ele afrontava até os grandes elefantes, e todos viviam felizes no seu reino, bem alimentados e saudáveis, e o rei era feliz também.
Certo do poder da sua felicidade e da sua lança, o rei nunca entendeu como lhe caíra em cima aquela rede que o despojara do seu escudo, da sua lança, da sua força e da sua liberdade como tantos outros da sua terra, teve que se curvar à chibata do traficante, aceitar a gargantilha e as algemas de ferro, resistir à longa caminhada da coleante corrente feita de gente e de ferros, viver a aviltância do navio negreiro.
A saúde antiga deu-lhe forças para chegar vivo àquela terra de degredo, de escravidão, e cruéis homens brancos de outra fala, à força de chicote, subjugaram-no e ele teve que se curvar, sem lança, sem pintura, sem escudo, e cultivar a cana que produzia o açúcar, o rum e a riqueza daqueles usurpadores da sua liberdade. Nunca mais ele foi feliz; nunca mais soube do seu povo e seu povo nunca mais soube dele, e só o que havia de belo era o mar daquela terra, todo verde, azul e transparente. Houve, também, uma mulher que reconheceu nele a fidalguia conspurcada, e antes de morrer prematuramente, o rei teve um filho, negro e lindo como ele, e que na verdade era um príncipe mas foi um príncipe que nunca teve uma lança e que não conheceu os desenhos e as cores tribais ao invés de leões, só houve para ele o látego do algoz.
Outros príncipes foram gerados na descendência do rei, naquela terra que parecia incrustada num mar de turmalinas, e todos tiveram a vida miserável de escravo, enquanto seus senhores tinham as vidas nababescas dos poderosos.
Um dia, já não dava mais de suportar. Eles eram mais de 500.000 negros, e os senhores eram 32.000, certos que a força do látego manteria aquela situação indefinidamente. E junto com os demais escravos os descendentes do rei lutaram e lutaram e venceram desde 1791 a 1803 nesse último ano venceram até o exército que Napoleão Bonaparte mandara da França. E conquistaram a liberdade!
O Haiti foi o primeiro país da América dita Latina a ser livre, a fazer a independência, isto lá em 1804, antes de todos os demais. É de se imaginar o frio que correu na espinha de tantos outros colonizadores brancos: uma república, e de negros? E se a coisa pega? Olha que escravo está tudo cheio por esta América de meu Deus! Que se faz, ai ai ai?
De modo geral, o que se podia fazer eram independências rápidas, feitas por brancos (e elas aconteceram uma depois da outra) e muita matança de negros, para evitar que a coisa trágica se repetisse e sujasse o bom nome da dita civilização européia! Sei bem como foi tal matança no Brasil: foi na guerra do Paraguai, foi na revolução Farroupilha... não estou inteirada de como foi nos outros países, mas que a matança foi grande, lá isso foi. E a civilização branca quase pode respirar, aliviada só que havia aquele pequeno país, aquele maldito pequeno país lá incrustado naquele mar de ametista, o tal do Haiti, que era um país de negros e nunca que a tal civilização branca poderia deixar aquilo lá florescer de verdade era afronta demasiada.
E nos dois últimos séculos o Haiti sofreu tudo o que é possível sofrer-se para que sua crista se quebrasse: invasões, ditaduras, golpes de Estado, o bedelho dos brancos sempre indo lá e tentando botar tudo a perder, mas a valentia daquele povo parecia indomável, e o Haiti, mesmo não conseguindo florescer como deveria, era exportador de café, de arroz, era o maior produtor de açúcar do mundo, era um país que tinha seus filhos bem alimentados a arroz, a banana, os porcos abundavam e produziam pratos deliciosos, acompanhados de banana frita, iguaria tão caribenha...
Foi agora, agorinha, no tempo da violência do neoliberalismo, o que nos leva a 1980, que o complô dos brancos resolveu que já não dava mais, que era muito absurdo em plena América ver um país de negros sobrevivendo e sobrevivendo impunemente... Então foi programada a tomada definitiva do Haiti. Foi daquelas coisas mais malévolas que as mentes doentias podem programar visando lucro: aos poucos, introduziram-se as pragas necessárias na ilha incrustada num mar de safira, e morreram todos os porcos, e depois todo o arroz, e depois toda a banana, e depois veio a praga do café.. . Aqueles negros corajosos não sobreviveriam, ah! La isso não poderia acontecer! Viveriam apenas para voltar à condição de escravos, e igualzinho como os europeus, em 1885, no Tratado de Berlim, dividiram o mapa da África à régua, causando as milhares de desgraças que estão acontecendo até hoje, os brancos do neoliberalismo pegaram o território do Haiti e o dividiram em 18 futuras zonas francas onde não haveria lei, onde o Capital imperaria, e onde, as pessoas tão famintas que estavam assando biscoitos de argila para poderem ter algo no estômago trabalhariam, de novo, em regime de escravidão. Pode parecer que tal coisa é distante de nós, mas não é. O próprio vice-presidente do Brasil, José Alencar, é alguém tão interessado no assunto que até mandou seu filho para lá para cuidar dos seus futuros interesses imperialistas. E o execrável outro dia ainda saiu do hospital, depois de mais algumas cirurgias, sorrindo para as câmaras das televisões e declarando que poderia perder tudo na vida, menos a honra. Que honra pode ter um homem assim?
(Não consigo me furtar de contar de que forma a nefanda honra do vice-presidente atingiu diretamente minha família, recentemente. Numa só tarde, uma das empresas dele, aqui na minha cidade de Blumenau/SC/Brasil, a Coteminas, demitiu 600 empregados, assim sem mais nem menos. Três primos meus, lutadores pais de famílias, perderam o emprego sem entenderem muito bem por quê o porquê é fácil: nas novas fábricas que o honrado vice-presidente anda montando lá nas zonas francas do Haiti, os novos empregados trabalharão pela décima parte do salário que os meus primos ganhavam e o salário dos meus primos já não era grande coisa.)
Bem, então tínhamos um Haiti em petição de miséria, e daí veio o terremoto. Que poderia ter acontecido de melhor para o Capitalismo e o Imperialismo dos EUA? Até o palácio presidencial do governo títere ruiu daqui para a frente é apenas tomar posse já não há barreiras. Ao invés de ajuda humanitária (que eles não deram nem aos flagelados do furacão Katrina, em seu próprio território) os Estados Unidos estão, descaradamente, diante de todo o mundo, fazendo a ocupação militar do Haiti com o seu exército, e tudo parece bonitinho, com a Hilary indo lá para ver como é que estão ajudando... ajudando uma ova! Alguém já viu os Estados Unidos ajudar alguém de verdade?
Não deixo de louvar as tantas e tantas equipes de tantos e tantos países que lá estão, realmente levando ajuda humanitária para aquele povo quase que nas vascas da agonia mas a semvergonhice do Capital está lá, também, sorrindo de felicidade com sua cara de caveira.
E então o olho de uma televisão espia lá aquele menino de dois anos arrasado pela exaustão, pelo terror e pelo desespero, encolhido num vazio de uma calçada, e o joga brutalmente no meu colo e quando tento acalmá-lo acolhendo-o junto do meu coração, ele me conta do rei, seu antepassado aquele menino moído pelo Capital e pelo terremoto é nada mais nada menos que um príncipe, e seu antepassado que foi rei e livre caçava leões e elefantes e alimentava um povo o menino sabia, a família sempre contara adiante o seu segredo.
Céus, céus, o que fizeram com as gentes livres da África, que quiseram apenas continuar vivendo com dignidade naquela ilha de onde já não podiam sair? Quem vai cuidar daquele menino antes que ele retorne à condição de escravo de onde seus antepassados tanto tentaram sair?
Eu choro, Haiti, choro por ti, e por teu menino, e por aquele rei. Não sei fazer outra coisa além de chorar.
Blumenau, 17 de janeiro de 2010.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
ANARQUISMO - A Ilusão do Sufrágio Universal
Quem duvida disso não conhece a Natureza Humana”